SCARCELA JORGE |
COMENTÁRIO
Scarcela JorgeDISSIMULADO CHOQUE ENTRE OS PODERES.
Nobres:
No ‘nosso’ Brasil, onde o domínio das forças políticas
umbilicalmente ligadas as ações corruptas sob o comando do Presidente do Senado
Renan Calheiros (nossa!) foi por este
produzido a “crise entre os poderes” . Partimos aos fatos: ao começar com a
prisão de quatro policiais legislativos do Senado por agentes federais, a
pedido de um juiz de primeira instância, por suspeita de sabotagem contra a
Operação Lava Jato. Ao longo desta semana, com a reação furiosa do senador
Renan Calheiros, presidente do Congresso, que atacou ao mesmo tempo membros do
Judiciário e do Executivo, alastrou-se o inédito conflito entre os três poderes
da República. Era só o que faltava na crise brasileira. Renan qualificou o juiz
federal Vallisney Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, de "juizeco
de primeira instância" e chamou o ministro da Justiça, Alexandre de
Moraes, de "chefete de polícia". Foi o que bastou para provocar uma
irada resposta da ministra Carmen Lúcia, que assumiu recentemente a presidência
do Supremo Tribunal Federal, ao sair em defesa da magistratura e afirmar que a
ofensa a qualquer juiz atingia também a ela. Alexandre de Moraes logo deu
entrevista à imprensa para respaldar a ação dos agentes da Polícia Federal. O
presidente Michel Temer, por sua vez, procurou se mantiver neutro em meio ao
tiroteio, fazendo o papel de bombeiro. Conversou várias vezes com o presidente
do Senado na tentativa de acalmar Renan e marcou uma reunião dos chefes dos
três poderes, mas Carmen Lúcia recusou o convite. No centro de tudo, mais uma
vez, está a Operação Lava Jato, prestes a fechar a temida delação premiada da
Odebrecht, que cada vez mais ameaça levar Renan Calheiros e dezenas de
parlamentares e políticos de todas as latitudes para fazer companhia a Eduardo
Cunha, o ex-presidente da Câmara, em Curitiba. Renan sabe que é a bola da vez.
Na mesma quarta-feira em que ele anunciou uma série de medidas judiciais para
anular a Operação Métis, questionando no STF a ação da PF, que acusou de usar
"métodos fascistas", e no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a
decisão do juiz Vallisney Oliveira, que autorizou as investigações na polícia
do Senado, a ministra Carmen Lucia marcou para o próximo dia 3 de novembro o
julgamento de uma ação que impede réus no Supremo de ocupar cargos na linha
sucessória da Presidência. Um desses processos Renan é alvo de 12 inquéritos no
STF _ em que é acusado de receber dinheiro de empreiteira para pagar
despesas da ex-amante com quem teve uma filha, foi finalmente liberado este mês
para julgamento pelo ministro Edson Fachin, depois de esperar por nove anos nas
gavetas do tribunal. Carmen Lúcia, Renan Calheiros e Alexandre de Moraes
estarão frente a frente numa reunião para discutir o Plano de Segurança.
Recomenda-se mesmo segurança reforçada na conflagrada Praça dos Três Poderes,
símbolo de uma Brasília em transe neste começo quente de primavera. É realmente
que o país não leva a sério em vez de punir corruptos seletivos colocando-os na
prisão como acontece de forma não isonômica a outros.
Antônio
Scarcela Jorge.
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