sexta-feira, 11 de novembro de 2016

CORRUPÇÃO GOVERNO E EMPREITEIRAS









MPF DIZ QUE ALVO DA 36ª FASE ATUOU EM SETOR DE PROPINA DA ODEBRECHT.

Nova fase da Operação Lava Jato foi deflagrada nesta quinta-feira (10).

Justiça decretou prisão de Rodrigo Duran, mas ele está no exterior.

Dois alvos da 36ª fase da Lava Jato, deflagrada na manhã desta quinta-feira (10), lavaram mais de R$ 50 milhões para diversas empreiteiras investigadas na operação, de acordo com o Ministério Público Federal (MPF). Entre elas, a Mendes Junior, a UTC e a Odebrecht.

Um dos investigados nesta fase é o advogado Rodrigo Tacla Duran. Segundo o MPF, ele é suspeito de ter trabalhado por anos no setor de propinas da Odebrecht e de ter operado pelo menos 12 contas no exterior. O outro alvo é o empresário e lobista Adir Assad.

A Justiça determinou a prisão preventiva (quando não há prazo para sair) dos dois. Duran ainda não foi preso porque está no exterior desde abril.

Ele tem cidadania espanhola e seu nome foi incluído em setembro na lista da Interpol, a polícia internacional.

Assad já estava preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba.

As informações sobre as investigações foram divulgadas em coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (10), na Superintendência Regional da Polícia Federal no Paraná, em Curitiba.

'Confraria criminosa'

Para os investigadores, depois de informações colhidas com delatores e com a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Duran e Assad, ficou claro que eles participaram, ativa e continuamente, do esquema criminoso envolvendo a Petrobras.

Ainda conforme investigações, os operadores usaram contas bancárias no exterior, empresas de fachada e contratos falsos para desviar e lavar dinheiro.

"Eles fizeram da lavagem de dinheiro sua profissão", disse o procurador Roberson Pozzobon. 

Ainda segundo ele, havia uma "confraria criminosa" de operadores trabalhando para diversas empreiteiras.

A força-tarefa da Lava Jato afirmou ainda que as empreiteiras usassem empresas de Duran no exterior para gerar recursos e pagar propina no Brasil.

Segundo o MPF, só a UTC e a Mendes Junior repassaram mais de R$ 34 milhões ao operador entre 2011 e 2013. 

No mesmo período, outras empresas contratadas pela administração pública também realizaram depósitos de mais de R$ 18 milhões com o mesmo destino.

"A empresa transferia para o escritório e o advogado Rodrigo Tacla Duran devolvia, em parte, para a própria empreiteira pagar funcionários públicos, agentes políticos. 

É nesse momento que se gera o famigerado e comentado caixa dois", afirmou Pozzobon durante a coletiva.

O procurador disse que parte dos contratos celebrados entre empreiteiras e o escritório de advocacia de Duran "não têm justificativa real em prestação de serviços".

Já os valores de lavagem de dinheiro relacionados à Odebrecht ainda não foram totalmente apurados, conforme o MPF.
 
"A participação da Odebrecht, nesse momento, se refere à participação desses operadores na lavagem de dinheiro também para o setor de operações estruturadas", segundo Pozzobon.

O outro lado

O advogado de Assad, Miguel Pereira Neto, disse que vai se pronunciar sobre o caso mais tarde.

Nós estamos na fase de ciência do caso, de tomar conhecimento. Foi mandado não só de prisão, mas também de busca e apreensão.

Então, na verdade, nós teremos condições de nos manifestar de maneira mais eficaz quando tomarmos conhecimento pleno do processo, disse.

A UTC informou que não comenta investigações em andamento; e a Odebrecht, que não está comentando o assunto.
Tentamos contato com a defesa de Rodrigo Tacla e dos demais envolvidos.

Operação Dragão

A 36ª fase da Operação Lava Jato cumpriu 18 mandados judiciais, sendo 16 de busca e apreensão e dois de prisão preventiva, em cidades do Paraná, de São Paulo e do Ceará.

A ação foi batizada de Dragão, em referência aos registros na contabilidade de um dos investigados.

Ele chamava de “operação dragão” os negócios fechados com parte do grupo criminoso para disponibilizar recursos ilegais no Brasil a partir de pagamentos realizados no exterior, segundo a Polícia Federal.

Na prática, com o novo mandado de prisão preventiva, Adir Assad terá mais dificuldades para ficar em liberdade.

Como há outras novas acusações sobre ele, é menor a chance de a Justiça lhe conceder um habeas corpus, por exemplo.

Adir Assad foi condenado na Lava Jato a 9 anos e 10 meses de prisão por lavagem de dinheiro e associação criminosa. 

Ele foi preso pela primeira vez na operação em março de 2015, na 10ª fase.

No entanto, em dezembro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu prisão domiciliar a ele. 

Posteriormente, no dia 19 de agosto deste ano, o juiz Sérgio Moro determinou que Adir Assad voltasse à prisão.
Fonte: G1 – PR.

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