domingo, 27 de novembro de 2016

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - DOMINGO, 27 DE NOVEMBRO DE 2016

SCARCELA JORGE








COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge

FORMALIZAR A IMORALIDADE.

Nobres:
Os próximos dias serão de muita tensão na Câmara dos Deputados e no Senado Federal onde parlamentares sem qualquer compromisso com a probidade, com a transparência, com a ética e com a justiça deverão unir forças para tentar ferir de morte o projeto de lei de iniciativa popular que traz uma série de medidas contra a corrupção. A comissão especial da Câmara Federal aprovou o relatório do deputado Onyx Lorenzoni (DEM) que criminaliza o uso de dinheiro ilícito em campanhas eleitorais, o chamado caixa dois, mas no julgamento da matéria em plenário é muito provável que a proposta seja derrubada para garantir uma espécie de anistia aos políticos e partidos que já fizeram uso desta prática em busca de votos. O golpe contra a sociedade, já que o projeto de lei de iniciativa popular chegou no Congresso Nacional com o aval de mais de 2 milhões de assinaturas, deverá ser perpetrado por meio de um projeto substitutivo que recebeu o aval de grande parte dos partidos políticos, uma vez que quase todas as legendas receberam nos últimos anos alguma doação ilícita para suas campanhas eleitorais. O deputado ou senador que se opor às medidas de combate à corrupção estará cometendo suicídio político, uma vez que essa pauta é hoje uma prioridade para as entidades de classe, para as pessoas de bem e para as famílias que não suportam mais pagar tanto imposto e ver o dinheiro escorrer pelo ralo da improbidade administrativa. Diante disso, qualquer tentativa de aprovar anistia à prática do caixa 2 nas campanhas eleitorais, bem como qualquer iniciativa para punir magistrados e integrantes do Ministério Público Federal por crime de responsabilidade quando estes tiverem como alvo aqueles que estão no poder, não encontrará eco na sociedade brasileira. O momento é para fortalecer as instituições que combatem a corrupção ao invés de tentar fragilizar e demonizar servidores corajosos como o juiz federal Sérgio Moro que não faz distinção de classe social, de poder econômico ou político na hora de condenar aqueles que insistem em confundir o público com o privado. Oxalá, o país tivesse muitos outros magistrados com o mesmo coração e vontade do juiz federal Sérgio Moro, fator que poderia garantir uma verdadeira depuração moral na política brasileira. Por tudo isso, fica a sugestão para que as pessoas de bem cobrem dos seus representantes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal uma postura a favor das medidas anticorrupção e contra qualquer possibilidade de anistiar aqueles que recorreram ao caixa dois para conquistar um mandato eletivo. As 12 propostas aprovadas pela comissão especial da Câmara dos Deputados estabelece a aplicação de teste de integridade no serviço público, sem consequência penal, apenas no âmbito administrativo, com o objetivo de flagrar o servidor em algum ato de corrupção. Pela proposta, os tribunais terão que divulgar informações sobre o tempo de tramitação de processos com o propósito de agilizar os procedimentos e tornar a sociedade informada sobre o andamento das ações contra políticos. O projeto também torna crime o enriquecimento ilícito de servidores, além de prever o confisco dos bens relacionados ao crime, o que, de certa forma, fará o agente público pensar duas vezes antes de se deixar ser seduzido pela corrupção. Um dos pontos mais importantes do projeto aprovado na comissão especial é o que eleva a pena para diversos crimes, incluindo estelionato, corrupção passiva e corrupção ativa, delitos que serão considerados hediondos quando a vantagem ou prejuízo para a administração pública for igual ou superior a dez mil salários mínimos vigentes à época do fato. Transformar a corrupção em crime hediondo é a melhor ferramenta para manter o gestor mal caráter longe do erário público, mesmo porque quando for pilhado roubando o dinheiro do contribuinte ele ficará atrás das grades e terá que esperar mais tempo para progredir de regime. Para dificultar ainda mais a vida do político corrupto, o projeto prevê medidas para acelerar os procedimentos da ação de improbidade, sendo que nos casos em que a prática do ato de improbidade administrativa também configurar infração penal, a legitimação será feita exclusivamente pelo Ministério Público. Mas nada tira tanto o sono dos deputados e senadores quanto a medida que responsabiliza os partidos políticos e tipifica o caixa dois eleitoral como crime, tanto que o projeto seria votado ontem no plenário da Câmara dos Deputados e acabou saindo da pauta com a promessa que a votação ocorrerá na próxima terça-feira.
Antônio Scarcela Jorge.

Nenhum comentário:

Postar um comentário