EM MATÉRIA DE SE
LOCUPRETAR O CEARÁ TEM DISSO SIM.
ABRIGO DE “TATUZÃO”.
“A verdadeira
farsa...”
Aquela turma
cognominada de poço de honestidade, brutalidade e arrogância. (somente agora
começou e, ainda vem mais!)
Após três anos, só 1% da Linha Leste do metrô de
Fortaleza está pronto. Maior edital de licitação já feito no país, construção
está parada.
O equipamento comprado pelo governo estadual para a
Linha Leste do metrô não chegou a ser montado e hoje está abandonado no Centro
de Fortaleza. Custo de manutenção do “TATUZÃO” seria de R$ 1 milhão por mês.
BRASÍLIA e FORTALEZA - Os assaltos corriqueiros e a
poeira nos arredores do Colégio Militar de Fortaleza são um retrato do abandono
da maior obra regida pela Lei de Licitações: o metrô da capital cearense.
O que
deveria ser uma estação de transporte público moderna, rodeada de comércio na
região nobre da cidade, tornou-se ponto de consumo de drogas e abrigo informal
de moradores de rua. Eles ocuparam o espaço em torno dos tapumes que escondem o
material deteriorado da obra. O caminho do metrô foi sendo ocupado pela
urbanização da cidade de Fortaleza.
Há três anos, o maior edital regido pela Lei de
Licitações foi vencido por um consórcio formado pela espanhola Acciona e pela
paulista Cetenco, que assumiram a construção da Linha Leste do metrô de
Fortaleza por R$ 2,3 bilhões. A três anos da data original de entrega, pouco
mais de 1% da obra foi feito, e o empreendimento parou numa espiral de
complicações.
Um dos emblemas do fracasso da empreitada é a imagem
dos quatro “tatuzões” adquiridos pelo governo do Ceará. O equipamento serviria
para escavar túneis do metrô, mas não passa de um aglomerado de toneladas de
peças de metal abandonadas, à espera de definição sobre o contrato.
A situação revela a megalomania empreendedora que
tomou conta do país até o estouro da crise econômica.
A compra dos “tatuzões”
pelo governo cearense em geral, eles são alugados para obras pontuais de perfuração
é justificada pelos aliados do então governador e mentor da empreitada, Cid
Gomes, como estratégia “estatizante” do passado. A idéia, segundo auxiliares,
era que a construção do metrô fosse política permanente do governo do estado.
Ter tuneladoras (nome formal dos “tatuzões”) significaria facilitar a ampliação
contínua das linhas do transporte coletivo pela cidade.
DECISÃO POLÊMICA
Procurado, o ex-governador não quis comentar o
assunto. Mas os aliados dos irmãos Ferreira Gomes admitem a frustração com a
paralisação das obras e o custo de manutenção do equipamento.
Não é normal um governo comprar esse equipamento. A idéia
era boa, justificava a compra dos “tatuzões”. Mas acabou significando prejuízo
ao governo.
Só para guardar esse equipamento seria coisa de R$ 1 milhão por
mês. E não tem mercado para vender, nem para alugar. Enquanto isso, eles vão se
deteriorando reconhece um aliado de Cid Gomes.
Governos estaduais e federais, que se associaram na
obra do PAC Mobilidade Grandes Cidades, sequer concluíram os primeiros túneis
da licitação.
Com a interrupção de pagamentos para a obra em agosto de 2014,
começou o calvário das vencedoras da licitação.
A Cetenco alega ter recorrido
administrativamente e na Justiça para receber pelos serviços feitos segundo ela,
ainda em dívida, até que enviou informação à sócia Acciona e à Secretaria de
Infraestrutura (SEINFRA) do Ceará dizendo que queria deixar o consórcio.
Segundo o governo cearense, a interrupção dos
pagamentos se deu porque a Cetenco judicializou o processo, e a reformulação do
consórcio ocorreram por causa da desistência da empresa paulista, que não foi
corroborada pela outra empresa do consórcio, a Acciona.
“Como a legislação brasileira não permite que empresas
estrangeiras toquem obras públicas isoladamente, deu-se um prazo para que fosse
prospectada uma outra empresa para compor o consórcio”, explicou a Seinfra.
Numa decisão polêmica, em novembro de 2015, a
construtora cearense Marquise, que fez parte do consórcio que ficou em segundo
lugar na licitação, assumiu o contrato ao lado da Acciona.
A mudança foi alvo de questionamentos pela forma como
ocorreu e pelo fato de a empresa ter feito doações a campanhas de aliados dos
irmãos Ciro e Cid Gomes no Ceará, inclusive ao PSB no estado, partido ao quais
os Gomes eram filiados até meados de 2013.
Agentes do Ministério Público Federal criticaram a
substituição, mas o Tribunal de Contas da União (TCU) foi favorável. O Tribunal
opina sobre a obra uma vez que, do total do orçamento, R$ 2 bilhões sairiam dos
cofres federais.
Contudo, mesmo com a previsão de verbas federais, o dinheiro
de Caixa e BNDES nunca apareceu em Fortaleza.
Diante do imbróglio, o Ministério das Cidades não
liberou dinheiro. Primeiro, devido a pendências contratuais que o governo do
estado precisava superar.
Solucionada esta fase, em junho de 2015, a crise do
consórcio já era um problema real. Novamente, os recursos não saíram.
Para o ministério, “o empreendimento possui problemas
relacionados à licitação e à composição do consórcio executor, que estão sob
análise do TCU e do Ministério Público Federal (MPF), razão pela qual nenhum
recurso pôde ser liberado”.
Segundo a pasta, o problema da licitação foi ter
sido feita antes da assinatura dos Termos de Compromisso do Ceará com a União,
o que é caracterizado como licitação pretérita, não recomendada pelo TCU.
PRAZO DE 2019 É CONSIDERADO INEXEQUÍVEL
Excluída do consórcio, a Cetenco contratou um parecer
de peso para questionar o processo.
Coube à ex-corregedora do Conselho Nacional
de Justiça (CNJ) Eliana Calmon indicar irregularidades na ação, inclusive em
decisões da Justiça local. Para ela, “a administração descumpriu as regras do
edital, do contrato e da Lei de Licitações, ao tempo em que também afrontou
princípios constitucionais”.
SAIU PELA CULATRA!
ESTA “É UMA VERDADEIRA
PUTARIA, COMO SEMPRE AFIRMOU O INTEMPESTIVO CIRO”.
“O procedimento do estado do Ceará, pelos seus
prepostos, terminaram por beneficiar e direcionar a licitação em favor da
empresa. Agiram as partes que hoje formam o Consórcio Linha Leste Fortaleza,
juntamente com a SEINFRA, atropelando as regras do edital, do contrato e até do
instrumento que levou à formação do Consórcio Cetenco-Acciona”, escreveu a
ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça.
A Marquise informa que foi convidada pela empresa
detentora do contrato, aceitou compor o consórcio e destaca que a nova
composição foi referendada pelo TCU.
A Acciona não comenta contratos com
clientes, mas informa que a Cetenco pediu rescisão do contrato administrativo.
A espanhola informa que recebeu a Marquise no consórcio porque “havia a
necessidade de ter uma empresa brasileira líder no consórcio, conforme
estabelece a Lei 8.666/93”. O Congresso debate uma reforma na lei das
licitações, a própria 8.666/93.
O governo cearense afirma que realiza o replanejamento
para a retomada da obra, com novo cronograma e prazos. Segundo o ministério, o
cronograma depende de aprovação das instituições envolvidas (Caixa e BNDES),
que aguardam posicionamento conclusivo do TCU e MPF para continuidade das
análises.
Tudo indica que a retomada será lenta.
O consórcio precisa elaborar
um inventário sobre cada trecho da obra para que possam ser avaliados possíveis
danos durante a paralisação. A área técnica do Tribunal de Contas do Estado vê
o prazo, de entrega em setembro de 2019, como “inexeqüível”.
*JARBAS OLIVEIRA. - Enviado especial.
Fonte:
- Agência O Globo.
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