AINDA NO CONGRESSO, CLÁUSULA DE BARREIRA DEVE CHEGAR AO STF.
Medida representa uma "nota de corte" de votos válidos que partidos devem obter nas eleições.
Partidos nanicos começam a se mobilizar para levar
novamente ao STF (Supremo Tribunal Federal) a discussão sobre um projeto que
estabelece uma cláusula de barreira para o sistema partidário.
A previsão é de que a PEC (Proposta de Emenda à
Constituição) seja votada no Senado na próxima terça-feira (8) e chegue à
Câmara ainda neste ano.
A cláusula de barreira ou de desempenho é um índice
que estabelece um porcentual mínimo de votos válidos que cada partido deve
obter nas eleições.
Caso contrário, há limitação ou perda de acesso ao Fundo
Partidário, ao tempo de rádio e TV e atuação parlamentar.
A PEC estabelece que, a partir de 2018, para terem
acesso ao Fundo Partidário e ao tempo de rádio e TV, os partidos terão de
atingir, no mínimo, 2% de todos os votos válidos, distribuídos em, pelos menos,
14 unidades da Federação. Esse porcentual de desempenho sobe para 3% a partir
de 2022.
Vamos recorrer ao STF, sem dúvida. Com o fim das
doações privadas empresariais, os grandes partidos querem meter a mão no Fundo
Partidário. Esse é o pano de fundo, disse o líder do PROS na Câmara, deputado
Ronaldo Fonseca (DF).
"Quem tem que selecionar é o eleitor, não uma
canetada da Câmara feita por partidos que não têm nenhuma idoneidade",
afirmou o líder do PSOL, deputado Ivan Valente (SP).
Também considerado um partido nanico, o PV pretende se
juntar ao grupo que vai ingressar com recursos no STF contra a cláusula de
barreira.
"PARTIDO DE ALUGÚEL" |
"Acho isso tudo lastimável, um puxadinho na Constituição. Vamos
defender a nossa sobrevivência", afirmou o presidente da legenda, José
Penna.
Decisão anterior.
O tema já chegou ao Supremo Tribunal Federal no
passado.
Em dezembro de 2006, os ministros da Corte, em decisão unânime,
consideraram inconstitucional a cláusula de desempenho que havia sido aprovada
pelo Congresso. Na ocasião, as ações contestando a prática foram protocoladas
pelo PCdoB e pelo PSC.
Mesmo com esse histórico e com as ameaças de alguns
nanicos, a expectativa de dirigentes que comandam as grandes legendas é de que,
com as mudanças na composição do Supremo ocorridas nos últimos dez anos, um
futuro acordo sobre o tema seja diferente e a cláusula acabe sendo aceita.
Câmara.
Após passar pelo Senado, o tema deverá ser
"puxado" para a comissão especial da Câmara dos Deputados que trata
sobre reforma política.
"A PEC vem para a Casa e a ideia é trazer as
discussões para a comissão. Esse é o tema mais quente do debate, tem propostas
diversas, inclusive a de se aplicar progressivamente uma cláusula a partir de
2018", afirmou ao Estado o relator da comissão especial, deputado Vicente
Cândido (PT-SP).
Embora também possam ser atingidos pelas novas regras,
dirigentes de partidos políticos considerados pequenos defendem o enfrentamento
do tema.
"A gente nunca teve medo do crivo popular. A
cláusula de desempenho discutida, de 2%, é razoável. O partido que não
conseguir isso pode fechar as portas", afirmou o presidente do PDT, Carlos
Lupi.
Fonte: G1 – DF.
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