Senador disse que ela venceu com 'ilegalidades' e
'faltando com a verdade'.
O senador Aécio Neves (MG),
presidente nacional do PSDB, afirmou nesta segunda-feira (29), em pergunta
dirigida a Dilma Rousseff durante interrogatório na sessão de julgamento do
impeachment, que ela venceu a eleição de 2014 "faltando com a verdade e
cometendo ilegalidades".
Ao responder, Dilma afirmou que,
logo após a eleição, houve tentativas de se desestabilizar o governo e
mencionou ações do PSDB. "A partir do dia seguinte da minha eleição, uma
série de medidas políticas para desestabilizar o meu governo foram
tomadas", declarou.
Poucos dias após o resultado da
eleição, o PSDB entrou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com um pedido de
auditoria para verificar a lisura da eleição presidencial. O partido também
pediu ao TSE dados de urnas eletrônicas para fazer uma auditoria sobre os
sistemas de votação.
Após a eleição de 2014, o PSDB
também ingressou no TSE com uma ação em que pedia a impugnação dos mandatos de
Dilma e do vice Michel Temer por suposto abuso de poder político e econômico no
pleito.
O partido alega que houve
"financiamento de campanha mediante doações oficiais de empreiteiras
contratadas pela Petrobras como parte da distribuição de propinas",
suspeita investigada na Operação Lava Jato.
O TSE ainda não deu uma decisão
final sobre essa ação. Desde o início do caso, a defesa de Dilma alega que
todas as doações para a campanha foram legais, declaradas e aprovadas pelo TSE
na prestação de contas
Dirigindo-se diretamente a Dilma,
Aécio afirmou que “não é desonra perder as eleições, sobretudo quando se
defende idéias e se cumpre a lei”. Mas ressalvou: “Não diria o mesmo de quando
se vence as eleições faltando com a verdade e cometendo irregularidades”.
O senador tucano relembrou
debates dos quais os dois participaram na campanha eleitoral de 2014 e
relembrou temas discutidos entre eles, como combate à inflação e crescimento da
economia.
"Vossa Excelência usa os
votos que recebeu, como justificativa para os atos que tomou. O voto não é
salvo-conduto", afirmou o senador.
Aécio perguntou "em que
dimensão” ela se sente responsável pela recessão brasileira, por 12 milhões de
desempregados e pela perda média de 5% da renda dos trabalhadores.
“Jamais imaginaria que, após
todos os debates durante a campanha eleitoral, que envolveu o voto de 110
milhões de brasileiros, nos encontrássemos aqui hoje. Tenho certeza que, ao
longo de todo o processo eleitoral, debatemos e nos respeitamos. O que tenho
dito, e reafirmei no meu discurso e reafirmo ao senhor, é que, a partir do dia
seguinte à minha eleição, uma série de medidas políticas para desestabilizar
meu governo foram adotadas”, afirmou Dilma.
Dilma aproveitou a resposta para
criticar o que chamou de possibilidade de "eleição indireta" para
presidente por meio do processo de impeachment.
“Respeito o voto direto nesse
país, acho que o voto direto é uma grande conquista. Prefiro o barulho das
ruas, das disputas eleitorais, das divergências eleitorais, e por isso respeito
todos aqueles que concorreram. Agora, não respeito eleição indireta produto de
processo de impeachment sem crime de responsabilidade. Isso eu não posso
respeitar”, afirmou.
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