Para evitar desgaste durante a defesa que será
feita pela presidenta afastada Dilma Rousseff.
Integrantes da base aliada do
governo do presidente interino Michel Temer disseram que adotarão um “tom
respeitoso” com Dilma, mas que não aceitarão provocações de seus defensores. A
estratégia para o depoimento de Dilma foi definida em reunião realizada neste
domingo (28) na liderança do PSDB no Senado.
“Nós fizemos uma reunião dos
partidos que compõem a base aliada para organizar o comportamento na sessão de
amanhã. A decisão tomada é de tratar a presidente com todo o respeito que ela
merece como presidente afastada, como uma pessoa que comparece ao Parlamento
cumprindo o rito constitucional do impeachment”, disse o senador Agripino Maia
(DEM-RN) após a reunião.
Os senadores avaliam que Dilma
adotará um tom emotivo em seu discurso e que confrontos e bate bocas, como os
que ocorreram nos dois primeiros dias do julgamento final possam vir a
favorecer a petista. “Não aceitaremos as provocações e nem a beligerância
proposta com o intuito de criar fatos novos que possam mudar os votos dos
senadores”, acrescentou o senador.
Segundo o senador e presidente
nacional do PSDB, Aécio Neves (MG), caberá a Dilma dar o tom da sessão. O
tucano disse ainda que a orientação para os questionamentos será de se ater a
questões formais do processo contra Dilma, que responde sob a acusação der ter
editado em 2015 três decretos de créditos suplementares sem autorização do
Congresso e, também, de atrasar o pagamento para o Banco do Brasil, de
subsídios concedidos a produtores rurais por meio do Plano Safra, as chamadas
pedaladas fiscais.
“Nossa disposição é de fazer
perguntas duras, técnicas, sobre os crimes cometidos pela presidente para que
ela possa se manifestar sobre eles. Obviamente que se o tom que vier da
presidente ou mesmo de senadores que lhe apoiam for outro, a reação será a
altura”, alertou.
Para Aécio, o discurso de Dilma
não provocará mudança nos votos dos senadores. “A presença da presidente não
tem o objetivo de mudar votos. A convicção dos senadores veio se formando ao
longo do tempo, mesmo antes do início desse processo”, disse.
O senador Agripino Maia disse que
a decisão é de pedir o direito de réplica a Lewandowski em caso de provocação.
“Se houver algum tipo de provocação, haverá a interpelação do provocado ao
presidente [Ricardo Lewandowski] com o pedido de réplica”.
Os integrantes da base aliada
decidiram ainda que vão dar prioridade às falas dos líderes em momentos
estratégicos. A ideia é que as principais lideranças possam vir a trocar de
lugar com outros senadores e antecipar a fala sempre que considerarem
necessário. “Se você tem pessoas de partido no começo da seqüência de fala e
líderes que podem fazer perguntas, supostamente mais apropriadas, vamos propor
a quem se inscreveu antes se ele concorda com a mudança de lugar. Até o início
da tarde, 47 senadores estavam inscritos para falar.
A estratégia foi adotada logo
após a informação de que a senadora Kátia Abreu será a primeira a usar a
palavra, logo após o pronunciamento de Dilma. A senadora falará no lugar de
Paulo Paim (PT-RS), inscrito originalmente em primeiro lugar. Paim trocou de
lugar com a ex-ministra Kátia Abreu devido ao fato de a senadora ser amiga
pessoal e uma das principais aliadas políticas de Dilma, permanecendo no
governo mesmo após o rompimento do seu partido com a presidenta, em março.
Apesar de falarem em evitar o
confronto, os senadores não descarta a possibilidade de adotar um tom mais
político nos questionamentos para rebater possíveis provocações. O líder do
DEM, Ronaldo Caiado (GO), disse que adotará uma postura respeitosa, mas que
“cada ação corresponde a uma reação”. “Na minha terá tem um ditado que diz que
o risco que corre o pau, corre o machado”, acrescentou.
Dilma deve chegar ao Senado
acompanhado de apoiadores e integrantes de movimentos sociais, que prometem
fazer uma caminhada do Palácio da Alvorada até o Congresso, no início da manhã
de segunda-feira.
Em sua fala no Senado, prevista
para começar às 9h, Dilma terá 30 minutos para apresentar sua defesa. O tempo
poderá ser estendido a critério do presidente do Supremo Tribunal Federal
(STF), Ricardo Lewandowski, que preside o julgamento. Em seguida, ela
responderá aos questionamentos dos senadores. Cada parlamentar terá até cinco
minutos para seus questionamentos.
O tempo de resposta de Dilma é
livre e não será permitida réplica e nem tréplica. Dilma também poderá deixar
de responder as indagações dos senadores. Ela também responderá a eventuais
questões formuladas pela acusação e pela defesa.
O depoimento de Dilma será
acompanhado no plenário por cerca de 30 convidados dela. Dentre eles, estão o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; o presidente do PT, Rui Falcão; do
PDT, Carlos Lupi, vários ex-ministros do governo dela, além de assessores e
pessoas próximas. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), colocou à
disposição da acusação o mesmo número de cadeiras que ofereceu à petista.
Questionados sobre os possíveis
convidados para acompanhar o depoimento de Dilma, os senadores fizeram
mistério, mas admitiram que convidassem integrantes de movimentos que apoiaram
o impeachment.
Participam da reunião, além de
Aécio, Caiado e Agripino Maia, o líder do Governo na Casa, Aloysio Nunes
(PSDB-SP), Álvaro Dias (PV-PR), José Anibal (SP), Cássio Cunha Lima (PB), Tasso
Jereissati (CE), Ricardo Ferraço, Waldemir Moka (PMDB-MS), Paulo Bauer
(PSDB-SC), Ana Amélia (PP-RS), Lasier Martins (PDT-RS) e o líder do PSDB na
Câmara, deputado Antonio Imbassahy (BA).
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