Para evitar desgaste durante a defesa que será
feita pela presidenta afastada Dilma Rousseff.

“Nós fizemos uma reunião dos
partidos que compõem a base aliada para organizar o comportamento na sessão de
amanhã. A decisão tomada é de tratar a presidente com todo o respeito que ela
merece como presidente afastada, como uma pessoa que comparece ao Parlamento
cumprindo o rito constitucional do impeachment”, disse o senador Agripino Maia
(DEM-RN) após a reunião.
Os senadores avaliam que Dilma
adotará um tom emotivo em seu discurso e que confrontos e bate bocas, como os
que ocorreram nos dois primeiros dias do julgamento final possam vir a
favorecer a petista. “Não aceitaremos as provocações e nem a beligerância
proposta com o intuito de criar fatos novos que possam mudar os votos dos
senadores”, acrescentou o senador.
Segundo o senador e presidente
nacional do PSDB, Aécio Neves (MG), caberá a Dilma dar o tom da sessão. O
tucano disse ainda que a orientação para os questionamentos será de se ater a
questões formais do processo contra Dilma, que responde sob a acusação der ter
editado em 2015 três decretos de créditos suplementares sem autorização do
Congresso e, também, de atrasar o pagamento para o Banco do Brasil, de
subsídios concedidos a produtores rurais por meio do Plano Safra, as chamadas
pedaladas fiscais.
“Nossa disposição é de fazer
perguntas duras, técnicas, sobre os crimes cometidos pela presidente para que
ela possa se manifestar sobre eles. Obviamente que se o tom que vier da
presidente ou mesmo de senadores que lhe apoiam for outro, a reação será a
altura”, alertou.

O senador Agripino Maia disse que
a decisão é de pedir o direito de réplica a Lewandowski em caso de provocação.
“Se houver algum tipo de provocação, haverá a interpelação do provocado ao
presidente [Ricardo Lewandowski] com o pedido de réplica”.
Os integrantes da base aliada
decidiram ainda que vão dar prioridade às falas dos líderes em momentos
estratégicos. A ideia é que as principais lideranças possam vir a trocar de
lugar com outros senadores e antecipar a fala sempre que considerarem
necessário. “Se você tem pessoas de partido no começo da seqüência de fala e
líderes que podem fazer perguntas, supostamente mais apropriadas, vamos propor
a quem se inscreveu antes se ele concorda com a mudança de lugar. Até o início
da tarde, 47 senadores estavam inscritos para falar.
A estratégia foi adotada logo
após a informação de que a senadora Kátia Abreu será a primeira a usar a
palavra, logo após o pronunciamento de Dilma. A senadora falará no lugar de
Paulo Paim (PT-RS), inscrito originalmente em primeiro lugar. Paim trocou de
lugar com a ex-ministra Kátia Abreu devido ao fato de a senadora ser amiga
pessoal e uma das principais aliadas políticas de Dilma, permanecendo no
governo mesmo após o rompimento do seu partido com a presidenta, em março.

Dilma deve chegar ao Senado
acompanhado de apoiadores e integrantes de movimentos sociais, que prometem
fazer uma caminhada do Palácio da Alvorada até o Congresso, no início da manhã
de segunda-feira.
Em sua fala no Senado, prevista
para começar às 9h, Dilma terá 30 minutos para apresentar sua defesa. O tempo
poderá ser estendido a critério do presidente do Supremo Tribunal Federal
(STF), Ricardo Lewandowski, que preside o julgamento. Em seguida, ela
responderá aos questionamentos dos senadores. Cada parlamentar terá até cinco
minutos para seus questionamentos.
O tempo de resposta de Dilma é
livre e não será permitida réplica e nem tréplica. Dilma também poderá deixar
de responder as indagações dos senadores. Ela também responderá a eventuais
questões formuladas pela acusação e pela defesa.
O depoimento de Dilma será
acompanhado no plenário por cerca de 30 convidados dela. Dentre eles, estão o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; o presidente do PT, Rui Falcão; do
PDT, Carlos Lupi, vários ex-ministros do governo dela, além de assessores e
pessoas próximas. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), colocou à
disposição da acusação o mesmo número de cadeiras que ofereceu à petista.
Questionados sobre os possíveis
convidados para acompanhar o depoimento de Dilma, os senadores fizeram
mistério, mas admitiram que convidassem integrantes de movimentos que apoiaram
o impeachment.
Participam da reunião, além de
Aécio, Caiado e Agripino Maia, o líder do Governo na Casa, Aloysio Nunes
(PSDB-SP), Álvaro Dias (PV-PR), José Anibal (SP), Cássio Cunha Lima (PB), Tasso
Jereissati (CE), Ricardo Ferraço, Waldemir Moka (PMDB-MS), Paulo Bauer
(PSDB-SC), Ana Amélia (PP-RS), Lasier Martins (PDT-RS) e o líder do PSDB na
Câmara, deputado Antonio Imbassahy (BA).
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