Operação investiga esquema bilionário
de lavagem de dinheiro.
Desde
a madrugada desta terça-feira (2), a Polícia Federal cumpre 32 mandados
judiciais da 33ª fase da Operação Lava Jato em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Sul, Goiás, Pernambuco e Minas Gerais.
A
ação foi batizada de "Resta Um" e mira a construtora Queiroz Galvão,
suspeita de fraudar licitações da Petrobras e de pagar propina para evitar
investigações de uma CPI no Senado.
O
ex-presidente da construtora Ildefonso Colares Filho e o ex-diretor Othon
Zanoide de Moraes Filho foram presos preventivamente no Rio de Janeiro.
Não
há prazo para que sejam liberados. Os dois já tinham sido detidos na 7ª fase da
Lava Jato e tinham sido soltos por determinação da Justiça.
Há
ainda um mandado de prisão temporária (por cinco dias) para Marcos Pereira
Reis, ligado ao consórcio Quip, que tinha a Queiroz Galvão como acionista
líder. Reis está no exterior, segundo a PF.
Também
são cumpridos seis mandados de condução coercitiva, que é quando a pessoa é
levada para prestar depoimento, e 23 de busca e apreensão.
Em
Recife, a polícia realizou buscas na casa de André Gustavo de Farias Pereira,
empresário e engenheiro ligado à Queiroz Galvão, e o levou para depor.
Por
volta das 8h, equipes da PF estavam no estaleiro da Queiroz Galvão no Rio
Grande do Sul e em um escritório da empresa em Rio Grande (RS).
Agentes
também estavam na sede da empreiteira e em um escritório na Zona Oeste de São
Paulo.
Em
nota, a Construtora Queiroz Galvão informou que está "cooperando com as
autoridades e franqueando acesso às informações solicitadas.
O
que se investiga.
Esta
fase da operação tem duas frentes:
1.
Levantar provas sobre a formação de cartel para conseguir obras na Petrobras.
2.
Apurar pagamentos de propina a políticos e partidos, além de negociações para
interferir na CPI da estatal no Senado, em 2009.
Segundo
o Ministério Público Federal (MPF), a Queiroz Galvão integrou um cartel para
fraudar licitações da Petrobras.
O
cartel, conforme as investigações, maximizou os lucros das empresas privadas e
gerou prejuízos bilionários para a estatal.
As
investigações dizem que os executivos da empresa pagaram cerca de R$ 10 milhões
em propina para funcionários das diretorias de Serviços e de Abastecimento da
Petrobras.
Existem
indícios de que milhões de dólares também foram transferidos por meio de contas
secretas no exterior, conforme o MPF.
Os
pagamentos indevidos teriam sido feitos tanto pela Queiroz Galvão quanto pelo
consórcio Quip.
"A
hipótese tem por base depoimentos de colaboradores e comprovantes de repasses
milionários feitos pelo trust Quadris, vinculado ao Quip, para diversas contas,
favorecendo funcionários da Petrobras", segundo o MPF.
As
obras investigadas englobam contratos em complexos petroquímicos no Rio de
Janeiro, na Refinaria Abreu e Lima, Refinaria Vale do Paraíba, Refinaria
Landulpho Alves e Refinaria Duque de Caxias.
O
MPF informou também que a operação Resta Um busca colher provas da tentativa de
obstrução à investigação de organização criminosa pela Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) da Petrobras, em 2009.
"Há
indícios, que incluem a palavra de colaboradores e um vídeo, de que 10 milhões
de reais em propina foram pagos pela Queiroz Galvão com o objetivo de evitar
que as apurações da CPI tivessem sucesso em descobrir os crimes que já haviam
sido praticados até então", declarou o MPF.
Em
junho deste ano, a TV Globo divulgou o vídeo de uma reunião que ocorreu em 21
de outubro de 2009, no Rio de Janeiro.
Nela,
foi negociado o apoio do então presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), para
esvaziar as investigações da CPI criada naquele ano no Senado para investigar
suspeitas de superfaturamento nas obras da refinaria de Abreu e Lima, em
Pernambuco.
O
nome da operação, de acordo com a Polícia Federal, remete ao fato de se tratar
da última empresa de grande porte investigada pela formação do cartel.
A
Queiroz Galvão teria sido identificada como parte integrante da chamada
"regra do jogo", em que empreiteiras formaram um grande cartel
visando burlar as regras de contratação por parte da Petrobras.
Investigação
sobre a Queiroz Galvão.
Segundo
apuração da Lava Jato, entre os anos de 2006 a 2014, as empresas do grupo e
consórcios dos quais a Queiroz Galvão fez parte celebraram contratos com a
Petrobras que somam R$ 8.996.284.630,83.
Agentes
encontraram, no ano passado, uma nota fiscal de R$ 386 mil emitida pela MO
Consultoria para o Consórcio Ipojuca Interligações, do qual a Queiroz Galvão
era integrante.
A
MO consultoria é apontada pela Polícia Federal e pelo MPF como uma empresa de
fachada do doleiro Alberto Youssef considerado do líder do esquema desvendado
pela Operação Lava Jato, que tinha como finalidade intermediar o pagamento de
propina.
Não
foi, porém, identificado o registro do depósito pertinente nos extratos
bancários da MO Consultoria.
Da
mesma forma, foram localizadas outras notas ficais de R$ 386 mil, R$ 321.130,38
e R$ 250 mil emitidas pela Empreiteira Rigidez, igualmente ligada a Youssef,
para o Consórcio Ipojuca Interligações.
Destas
notas, foi identificado o pagamento apenas da segunda.
Ainda
foi apreendido, de acordo com os investigadores, contrato de consultoria
celebrado entre a Queiroz Galvão e a empresa Costa Global Consultoria e
Participações Ltda., controlada por Paulo Roberto Costa, ex-diretor de
Abastecimento da Petrobras.
Costa
firmou acordo de delação premiada com o MPF para repassar informações sobre o
esquema de corrupção dentro da estatal.
Fonte: G1 – PR.
Nenhum comentário:
Postar um comentário