Ex-deputados foram presos na 11ª fase da Operação Lava Jato, em abril.
Cabe à Justiça analisar se aceita, ou não, as denúncias contra 13 acusados.
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou os
ex-deputados André Vargas, Pedro Corrêa e Luiz Argôlo à Justiça Federal do
Paraná, nesta quinta-feira (14). Além deles, outras 10 pessoas foram
denunciadas, dentre elas a filha de Pedro Corrêa, Aline Corrêa, que também foi
deputada federal. As três denúncias são relacionadas à 11ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada em abril, e são referentes
ao núcleo de cada ex-parlamentar.
Veja os
acusados e os crimes em cada denúncia:
André Luiz Vargas Ilário - Corrupção, Lavagem de dinheiro, Organização Criminosa.
Leon Dênis Vargas Ilário - Corrupção, Lavagem de dinheiro, Organização Criminosa.
Milton Vargas Ilário - Corrupção, Lavagem de dinheiro, Organização Criminosa.
Ricardo Hoffmann – Corrupção, Lavagem de dinheiro, Organização Criminosa.
-Núcleo Pedro Corrêa.
Pedro Corrêa - Corrupção
passiva, Lavagem de dinheiro, Peculato.Ivan Vernon - Lavagem de dinheiro, Peculato, Organização criminosa.
Márcia Danzi - Lavagem de dinheiro, Organização criminosa.
Aline Corrêa - Peculato.
Alberto Youssef - Lavagem de dinheiro.
Rafael Ângulo Lopez - Lavagem de dinheiro.
Fábio Corrêa - Lavagem de dinheiro, Organização Criminosa.
- Núcleo Luiz Argôlo.
Luiz Argôlo – Corrupção, Lavagem de dinheiro, peculato.
Alberto Youssef – Corrupção, Lavagem de dinheiro.
Rafael Ângulo Lopez - Corrupção, Lavagem de dinheiro.
Carlos Alberto Costa - Corrupção, Lavagem de dinheiro.
- Os ex-parlamentares estão entre os sete presos da
11ª etapa da ação da Polícia Federal (PF). Eles seguem presos na carceragem da
Polícia Federal em Curitiba. Paraná, Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e
São Paulo foram os seis estados envolvidos na 11ª etapa da operação, que foi
batizada de "A Origem".
"Hoje é o primeiro dia em que se oferece
acusações criminais contra pessoas que estão dentro de núcleos políticos",
afirmou o procurador Deltan Dallagnol, que classificou o momento como o
"fim de um ciclo".
Na segunda-feira (11), a PF havia encaminhado ao
Ministério Público Federal 30 indiciamentos contra 22 pessoas, após concluir sete inquéritos policias
que apuram a responsabilidade criminal dos ex-parlamentares presos na 11ª fase
da operação.
Com as denúncias apresentadas pelo MPF, caberá à
Justiça Federal apreciá-las. Se aceitar, os denunciados passarão a ser réus.
Pedro
Corrêa.
Com relação ao núcleo de Pedro Corrêa, os crimes
denunciados foram de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, peculato e
organização criminosa. “Pedro Corrêa era um dos responsáveis pela distribuição
interna do PP e recebeu valores específicos em benefício próprio”, afirmou
Dallagnol.
Conforme o procurador, Corrêa foi denunciado por 280
atos de corrupção passiva - segundo a denúncia, os valores envolvidos nestes
atos são de R$ 398.645.680,52. Foram denunciados ainda 569 atos de lavagem de
dinheiro, e 123 atos de peculato do ex-deputado.
Luiz
Argôlo.
Conforme os procuradores, Luiz Argôlo criou uma
relação com o doleiro Alberto Youssef diferente dos demais parlamentares
envolvidos. "Ele criou relação de sociedade com Youssef. Então, muitas
vezes, Alberto repassava dinheiro diretamente para o Argôlo", afirmou o
procurador Paulo Galvão. Conforme o procurador, Youssef tinha interesse
especial na carreira do então deputado.
Foram encontrados registros de 78 visitas de Argôlo
aos escritórios de Youssef. Com o cruzamento das passagens aéreas, o MPF
sustenta que em 40 oportunidades essas viagens aconteceram com recursos da
Câmara Federal. "O valor gasto nessas passagens é de R$ 55.192,43",
explicou Galvão.
Argôlo foi denunciado por dez atos de corrupção -
segundo a denúncia, os valores envolvidos nestes atos são de R$ 1.603.400,00.
Foram denunciados ainda dez atos de lavagem de dinheiro e 93 atos de peculato
do ex-deputado.
André
Vargas.
No caso do ex-parlamentar do PT, os procuradores
sustentam que a corrupção aconteceu em contratos da Caixa Econômica Federal e
do Ministério da Saúde, e ocorriam através da agência de publicidade Borghi
Lowe e da empresa Labogen.
"Em relação ao Ministério da Saúde, nós temos
evidências de que o Vargas conseguiu um termo de parceria entre o ministério e
a Labogen. Já quanto à Caixa, várias ligações para um diretor da Caixa foram
feitas pelo celular do próprio Vargas", afirmou o procurado Deltan
Dallagnol.
Vargas foi denunciado por três atos de corrupção ativa
- segundo a denúncia, os valores envolvidos nestes atos são de R$ 1.103.950,12.
Foram denunciados ainda 64 atos de lavagem de dinheiro e um ato de organização
criminosa do ex-deputado.
Outro lado.
O advogado Michel Saliba, que representa Pedro Corrêa,
disse que não teve acesso ao conteúdo da denúncia. "Se ela está embasada
no indiciamento da Polícia Federal, entendo que isso deve ser competência do
Supremo Tribunal Federal. Nós temos a reclamação de que as delações que
embasaram esse inquérito deveriam tramitar em Brasília", disse.
O advogado Antônio Figueiredo Basto, que representa
Alberto Youssef, afirmou que não teve conhecimento das denúncias contra o
cliente, e por isso não comentaria.
O advogado Marlus Arns, que representa Ricardo
Hoffmann e Ivan Vernon, afirmou que ainda deve analisar as denúncias antes de
falar sobre o assunto.
A Defensoria Pública da União, que defende Carlos
Alberto Pereira da Costa, não atendeu às ligações da reportagem.
Entenda a
operação.
A Operação Lava Jato foi deflagrada pela PF em março
do ano passado e investiga um esquema bilionário de lavagem de dinheiro e
evasão de divisas.
A 11ª fase da investigação foi feita a partir da
remessa das apurações do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre fatos criminosos
atribuídos a três grupos de ex-agentes políticos. Os crimes investigados nesta
fase, conforme a PF, são: organização criminosa, quadrilha ou bando, corrupção
ativa, corrupção passiva, fraude em procedimento licitatório, lavagem de
dinheiro, uso de documento falso e tráfico de influência.
A investigação desta fase também abrange, além de
fatos ocorridos no âmbito da Petrobras, desvios de recursos ocorridos em outros
órgãos públicos federais, segundo a PF.
Depois da 11ª fase, ainda foi realizada a 12ª, quando o então tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT), João
Vaccari Neto, foi preso. Ele também segue detido na carceragem da PF, em
Curitiba.
Fonte: Agência O Globo.
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