COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
Nobres:
Continuamente ao estamos presente as emissoras de
rádio local para análise das questões do cotidiano brasileiro, somos
questionados com qual a forma eloqüente e racional referente o sistema político
do Brasil. Na nossa concepção o presente arquétipo de Estado brasileiro, no
sentido de administração pública, mostra-se a cada dia mais incapaz de
responder às demandas da sociedade. União, Estados e municípios, com raríssimas
exceções, gastam mais do que arrecadam e acumulam déficits impagáveis. A contrapartida
do retorno, na proporção inversa, é representada por serviços públicos
deficientes, como se pode constatar pela insegurança generalizada, pelo
crescimento da violência urbana, pelo caos da saúde pública, pela expansão
urbana desordenada e a precariedade de serviços básicos de saneamento, além das
conhecidas deficiências do sistema educacional. A defesa de um setor público
capaz de reavaliar o próprio gigantismo não significa a exaltação do tão
alardeado Estado mínimo, mas de governos com tamanho e tarefas adequados às
demandas e expectativas da sociedade e à capacidade dos contribuintes de
sustentar tais estruturas. O Estado brasileiro não é apenas perdulário. É
precariamente gerido, em todas as esferas, como demonstram as deficiências de
prefeituras e administrações estaduais. Gestões atrofiadas passaram, em muitos
casos, a ser um fim em si mesmo, como se empresas e pessoas tivessem a
obrigação de sustentar quadros incapazes de justificar suas existências. Reavaliar
o tamanho do Estado deixou, a muito, de ser uma questão submetida à avaliação
de ideologias. Racionalizar o funcionamento de governos significa adequar as
instituições à realidade, o que deve levar em conta também os Legislativos
e o Judiciário, ou a avaliação não terá sido completa. Os desarranjos que
atingem União e unidades da federação deixaram de ser ocasionais. É o limite de
uma deformação crônica, burocratizada e corrupta, que os brasileiros se negam a
continuar patrocinando. Este é o grande debate que o país ainda não fez e nem
interessa as classes predominantes dos poderes constituídos do Brasil.
Antônio Scarcela Jorge.
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