DIRIGENTES AFIRMAM QUE PROPOSTA FRAGILIZA SIGLAS.
Para os presidentes de partidos, as sugestões feitas enfraquecem ainda mais o papel dos partidos políticos.
O relatório da reforma política apresentado na última
semana pelo deputado Marcelo Castro (PMDB/PI) na comissão especial para tratar
o tema na Câmara Federal não conseguiu atingir o objetivo inicial de fortalecer
as agremiações partidárias, segundo presidentes de legendas do Ceará,
justificando que algumas propostas podem provocar até mesmo um
retrocesso.
A implantação da eleição distrital para os cargos de
deputados e vereadores foi o principal alvo de críticas. Já a imposição da
cláusula de barreira, que restringe aos partidos sem representação no Congresso,
acesso gratuito à propaganda partidária e recursos do Fundo Partidário, foi
analisada como tentativa limitada de fortalecer as legendas.
Para o presidente estadual do PT, De Assis Diniz,
(prazer!) o relatório apresentado foi incapaz de alterar um ponto essencial da
reforma política, o fim do financiamento privado de campanha. A proposta permite
o financiamento misto, estabelecendo apenas um limite para o valor das doações.
“Quando se faz uma análise das principais demandas, vai se perceber que há uma
fragilidade muito grande” ressaltou.
Na avaliação do petista, a manutenção do financiamento
privado não combate a corrupção nem ajuda a amenizar o número de partidos que
tratam a política como balcão de negócios. “Enquanto o financiamento
empresarial de campanha se perpetrar, vai haver todo tipo de roubalheira,
imoralidade, caixa dois, roubo, enriquecimento ilícito”
De Assis Diniz acredita que a cláusula de barreira é
uma tentativa muito enfraquecida de lutar contra as chamadas legendas de
aluguel. “Essa cláusula de barreira é muito pequena para evitar que os partidos
se comportem com balcões de negócios”, analisa. Ele atacou a proposta da
eleição distrital para deputados e vereadores ao destacar que o modelo cria
representantes políticos incapazes de debater questões sociais amplas,
limitando-se a discutir problemas locais.
“O distritão, quando limita o espaço, cria um
artificialismo e um condição de eliminar nomes que foram construídos
socialmente. Os candidatos eleitos num modelo conhecido como distritão não têm
condições de dialogar com questões gerais da sociedade”, pontuou. O petista
rebateu a proposta de acabar com a reeleição ao destacar que a medida não
conseguirá evitar o fim do uso da máquina governamental na disputa eleitoral.
Retrocesso.
O presidente do PDT no Ceará, André Figueiredo, acusou
a proposta de eleição distrital como um retrocesso na busca pelo fortalecimento
dos partidos políticos. Na visão do dirigente, o modelo fragiliza as legendas
na medida que os candidatos dependerão cada vez menos das agremiações para
serem eleitos.
“O distritão incomoda em nível de direção partidária.
O problema é que o modelo fragilizaria a vida partidária. Para um candidato ser
eleito, isso independe de estar no partido A, B ou C. A partir do momento em
que você precisa estar numa chapa para ser eleito, precisa ter o compromisso
com outros partidos em uma coligação, a importância dos partidos cresce”,
alega.
André Figueiredo também lamentou a incapacidade do
relatório apresentado de fazer mudança mais profunda no modelo de financiamento
eleitoral, mas ressaltou que o papel da Câmara dos Deputados é construir um
texto que chegue o mais próximo possível de um consenso entre os partidos. “Na
verdade, nós éramos favoráveis ao financiamento público com a possibilidade de
doações de pessoas físicas”, acrescentou.
Quanto às restrições de acesso ao Fundo Partidário e à
propaganda partidária, Figueiredo defendeu ser preciso buscar algum mecanismo
de controle. “É uma tentativa de evitar a proliferação de partidos como se
fossem lojas ou bodegas”, destaca, acrescentando que a unificação de todas as
eleições em um único ano é o ponto mais polêmico no PDT.
O presidente do PRB cearense, Ronaldo Martins, afirmou
que seu partido é contra 90% das propostas presentes no relatório. “Acho que a
reforma proposta enfraquece ainda mais os partidos. Os candidatos que disputarão
eleição por meio do modelo do distritão, por exemplo, não irão precisar mais
dos partidos para se elegerem”, alegou.
O
dirigente direcionou as críticas à cláusula de barreira, salientando que, ao
mesmo tempo em que tenta combater legendas de aluguel, enfraquece pequenos
partidos que desempenham um trabalho sério. “Têm partidos pequenos que
realmente precisam estar representados na Câmara”, avalia.
Fonte: DN. POLÍTICA.
OPINIÃO:
É inegável que os mencionados dirigentes se
profissionalizaram como a maneira de se fazer política e temem perder o “pão de cada dia como políticos”
deles. Por esta razão a reforma política terá “retoques” na sua formação – “se
houver”.
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