CADÊ O SECRETÁRIO?
Na Saúde faltam ações
e a vigilância dos agentes.
A demora na indicação
de um titular para a Pasta atinge de cheio a imagem do governador e mantém a
crise.
No Ceará a Saúde pública se ressente, sim, da falta de
um secretário, da falta de gerenciamento dos seus serviços, da falta de
dinheiro, da falta de solidariedade e de respeito ao ser humano, da falta de
cumprimento do dever de agentes públicos, e da falta de ação política. Sobram,
porém, discursos demagógicos com exploração da miséria alheia e a conseqüente
humilhação a todos quantos são vítimas da imprevidência, sustentáculo do caos
mostrado ao mundo, nos envergonhando pelos maltratos impostos aos irmãos e pela
evidente debilidade do universo político cearense.
A imperiosa solução do problema a curto prazo exige o
que não fomos capazes de fazer ao longo dos últimos anos: priorizar o social. A
urgente reengenharia reclama, primeiro, o compromisso da classe política,
situação e oposição, em respeito ao povo
^ (O TODO PODEROSO !)
cearense, para cobrar a ajuda da União
que, mesmo com a economia aos pandarecos não pode se furtar de atender a essa
necessidade das camadas mais pobres do Estado. Depois, a constante vigília nas
ações do Governo, e de seus auxiliares, por parte dos legisladores e dos
responsáveis pela defesa dos direitos do cidadão. E, por fim, de se despirem
todos dos excessos de vaidade e da ânsia de tirar proveito até da miséria do
ser humano.
Reclamar recursos do Governo Federal se faz necessário
pelo fato de o Ceará, nos últimos anos, ter consideravelmente ampliado sua rede
de hospitais, policlínicas, postos de saúde e outros equipamentos. O Ministério
da Saúde continua tratando o Ceará como se nada disso houvesse acontecido. O
Estado recebeu de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS), neste ano,
praticamente a mesma quantia liberada para os cinco meses do ano passado para a
atenção básica, para os serviços de média e alta complexidade, para a
assistência farmacêutica e para a gestão do SUS e vigilância sanitária. Só não
tem recebido os mesmos valores para a rubrica investimentos.
Esses números oficiais estão em poder da Assembleia,
mas, não erra quem afirmar ser essa informação desconhecida da quase totalidade
dos deputados integrantes das comissões de Fiscalização e Controle e de Saúde.
E é,
^ (NA CAMPANHA ELEITORAL ELEGEU UM POSTE SEGUNDO CID)
também por isso, pela desinformação e o desinteresse, que eles deixam de
cumprir o dever na sua plenitude. Fossem menos negligentes no seu mister,
deputados no território estadual, e vereadores da Capital no seu espaço de
atuação, por certo não estaríamos em situação tão periclitante como agora.
Indiscutivelmente fizeram falta algumas manifestações
sérias de legisladores, responsáveis pelo controle externo dos governos
estadual e municipal. Por certo, um brado teria evitado chegarmos a tal estágio
de calamidade. O governador Camilo Santana não foi questionado, como devia, em
janeiro passado, quando anunciou um corte de 20% no Orçamento da Saúde, apesar
do já deficitário custeio à época. Se a assessoria do chefe do Executivo não
foi capaz de demovê-lo do propósito e da execução da medida, deputados altivos,
independentes, comprometidos com o social, se conhecessem a realidade do quadro
de dificuldades existente, ainda na gestão anterior, verberariam contra a
decisão governamental e, quem sabe, poderiam ter evitado aquele largo passo
para o fosso.
Qualquer pessoa, por mínimo que seja o seu
conhecimento sobre as finanças do Estado, sabe da incapacidade de o erário
cearense suportar o ônus do custeio da Saúde após a inauguração dos
equipamentos construídos nos últimos anos. E atentem para o fato de estar um
terceiro hospital regional (de Quixeramobim) pronto, equipado, inaugurado,
porém fechado por falta de dinheiro para começar a atender os pacientes daquela
Região.
Talvez envergonhado, por ter um equipamento moderno e
necessário em situação inservível, o pessoal do Governo, para esconder que o
caixa está zerado, alegue, para tentar justificar essa anomalia, questões de
natureza hídrica e elétrica, para a garantia das ações de funcionalidade do
hospital: dificuldades muito pequenas para o tamanho da edificação.
O Estado deve, pela importância da Saúde, alocar todo
recurso possível para evitar o sofrimento da população carente. Isso, porém, não
o credencia a abandonar os demais setores cujos serviços são também reclamados
pela população, tanto que a própria Constituição impõe percentuais obrigatórios
de aplicação e os segmentos sociais exigem, vide o caso da Cultura, motivo de
compromissos do governador, na campanha e pós posse, destinando boas somas para
promoções de eventos como festas carnavalescas e de chitão, assim como
determinadas obras, a do Acquário, por exemplo.
Cadê o
secretário?
O momento crítico da Saúde no Ceará exige do governador
a indicação urgente de um titular para a Pasta. Amanhã chegaremos ao 15º da
saída do secretário Carlyle Lavor, como prova o anúncio feito por este jornal,
no dia 5 de maio. Carlyle, na entrevista concedida no fim da semana anterior,
deixou bem explícita a necessidade de uma reformulação na estrutura da
secretaria e outras providências que não pode adotar. Cada dia sem o auxiliar
para cuidar desse setor, mais desgastes acumulará o governador na sua imagem de
eficiência, e na do Governo de presteza.
Fonte: DN.
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