JUSTIÇA ACEITA DENÚNCIAS CONTRA QUATRO EX-DEPUTADOS NA LAVA JATO.
André Vargas, Luiz Argôlo, Pedro Corrêa e Aline Corrêa viraram réus. Eles são os primeiros ex-parlamentares a responder na Justiça Federal.
A Justiça Federal aceitou as denúncias contra quatro
ex-deputados federais acusados de envolvimento em esquemas de corrupção
investigados pela Operação Lava Jato. André Vargas, Pedro
Corrêa, Aline Corrêa, e Luiz Argôlo foram denunciados pelo Ministério
Público Federal (MPF) e são os primeiros ex-parlamentares réus em
processos derivados da operação.
Dos quatro, apenas Aline Corrêa, que é filha de Pedro
Corrêa, não está presa na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Além
deles, os outros nove denunciados pelo MPF na quinta-feira (14) também tiveram
as denúncias aceitas, e passam a ser réus, dentre eles o doleiro Alberto Youssef.
Veja os acusados e os crimes pelos quais eles
respondem:
André Luiz Vargas Ilário - Corrupção, Lavagem de dinheiro, Organização Criminosa.
Leon Dênis Vargas Ilário - Corrupção, Lavagem de dinheiro, Organização Criminosa.
Milton Vargas Ilário - Corrupção, Lavagem de dinheiro, Organização Criminosa.
Ricardo Hoffmann – Corrupção, Lavagem de dinheiro, Organização Criminosa.
-Núcleo Pedro Corrêa
Pedro Corrêa - Corrupção passiva, Lavagem de dinheiro, Peculato.
Ivan Vernon - Lavagem de dinheiro, Peculato.
Márcia Danzi - Lavagem de dinheiro.
Aline Corrêa - Peculato.
Alberto Youssef - Lavagem de dinheiro.
Rafael Ângulo Lopez - Lavagem de dinheiro.
Fábio Corrêa - Lavagem de dinheiro.
- Núcleo Luiz Argôlo
Luiz Argôlo – Corrupção, Lavagem de dinheiro, peculato.
Alberto Youssef – Corrupção, Lavagem de dinheiro.
Rafael Ângulo Lopez - Lavagem de dinheiro.
Pedro e
Aline Corrêa.
Segundo o MPF, Pedro Correa era responsável, como
liderança do Partido Progressista, pelo repasse geral de propinas ao partido,
tendo recebido diretamente R$ 40,7 milhões em propina do esquema entre 2004 a
2014. Ele responde por crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e
peculato.
“Pedro Corrêa era um dos responsáveis pela
distribuição interna do PP e recebeu valores específicos em benefício próprio”,
afirmou o procurador Deltan Dallagnol, do MPF.
Também responde por peculato neste processo a filha de
Pedro Corrêa, Aline Corrêa, pela nomeação ao cargo de secretária parlamentar na
Câmara Federal de uma funcionária que não prestava serviços, entre 2003 e 2012.
O salário dela, conforme o MPF era desviado em benefício dos responsáveis pela
nomeação - antes de chegar ao gabinete de Aline, ela foi nomeada no de Pedro
Corrêa.
A funcionária era empregada doméstica de Ivan Vernon,
que também responde por peculato e lavagem de dinheiro. O mesmo esquema ocorreu
com pelo menos mais uma secretária parlamentar do gabinete de Aline Corrêa,
entre os anos de 2012 e 2015, segundo os procuradores. A pedido do MPF, os
procedimentos contra as funcionárias fantasmas foram arquivados por falta de
provas de que elas sabiam do esquema.
Na mesma ação, Alberto Youssef e Rafael Ângulo Lopez
respondem por lavagem de dinheiro, assim como Márcia Danzi e Fábio Correa.
Em contrapartida, o juiz Sergio Moro rejeitou a
denúncia de crime de organização criminosa contra Márcia Danzi, Fábio Corrêa e
Ivan Vernon. "Considerando a participação deles acessória na lavagem de
dinheiro, não reputo presente elementos probatórios suficientes que indiquem
que teriam se associado ao grupo criminoso que vitimou a Petrobras",
justificou.
No despacho, Moro ainda designou a primeira audiência
para ouvir testemunhas de acusação no dia 23 de junho. Devem ser intimados
Paulo Roberto Costa, Meire Bonfim da Silva Pozza, Leonardo Meirelles, Ediel
Viana da Silva e Carlos Alberto Pereira da Costa.
Luiz
Argôlo.
Conforme o MPF, Luiz Argôlo criou uma relação com o
doleiro Alberto Youssef diferente dos demais parlamentares envolvidos.
"Ele criou relação de sociedade com Youssef. Então, muitas vezes, Alberto
repassava dinheiro diretamente para o Argôlo", afirmou o procurador Paulo
Galvão. Conforme o procurador, Youssef tinha interesse especial na carreira do
então deputado, tendo repassado propina a ele em pelo menos dez ocasiões.
Foram encontrados registros de 78 visitas de Argôlo
aos escritórios de Youssef. Com o cruzamento das passagens aéreas, o MPF
sustenta que em 40 oportunidades essas viagens aconteceram com recursos da
Câmara Federal. "O valor gasto nessas passagens é de R$ 55.192,43",
explicou Galvão.
Para comprovar a denúncia, Moro solicitou a expedição
de ofício ao presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, com pedido de
informações e cópias sobre requisições de passagens aéreas ou de reembolso de
despesas com viagens áreas formuladas por Argôlo entre 2010 e 2014.
Assim, Argôlo responde por corrupção, lavagem de
dinheiro e peculato. Alberto Youssef responde por corrupção e lavagem de
dinheiro. Já Carlos Alberto Pereira da Costa e Rafael Ângulo Lopez respondem
por lavagem. "Teriam atuado como partícipes na lavagem de dinheiro, o
primeiro na aquisição, com ocultação e dissimulação, de um helicóptero para o
parlamentar, o segundo nas entregas de valores em espécie", cita Moro.
No caso do ex-parlamentar do PT, os procuradores
sustentam que a corrupção aconteceu em contratos da Caixa Econômica Federal e
do Ministério
da Saúde, e ocorriam através da agência de publicidade Borghi
Lowe e da empresa Labogen.
"Em relação ao Ministério da Saúde, nós temos
evidências de que o Vargas conseguiu um termo de parceria entre o ministério e
a Labogen. Já quanto à Caixa, várias ligações para um diretor da Caixa foram
feitas pelo celular do próprio Vargas", afirmou o procurado Deltan
Dallagnol.
Fonte: G1.
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