INVESTIGAÇÃO ACUSA
MARIN DE RECEBER MAIS DE R$ 20 MILHÕES EM PROPINAS.
Documento divulgado por Departamento de Justiça americano detalha acusação de suborno que o dirigente teria recebido pela Copa América e pela Copa do Brasil.
O Departamento de Justiça americano divulgou um
documento de 164 páginas em que detalha as acusações feitas aos dirigentes da
FIFA presos em Zurique. Suborno, lavagem de dinheiro, fraude, obstrução de
justiça, entre outros crimes, são listados em 12 casos ou "esquemas".
O documento traz vários personagens sem nome - mas frisa que suas
identidades são conhecidas pela investigação. O ex-presidente da CBF, José
Maria Marin, é acusado de vários crimes - e especificamente de receber suborno
em duas negociações.
A primeira acusação contra o brasileiro é relacionada
às próximas quatro edições da Copa América e envolve a Datisa, uma empresa
criada em 2013 para, de acordo com o documento, pagar as propinas. Segundo a
acusação, a empresa Datisa pagaria até US$ 110 milhões em subornos (cerca de R$
340 milhões) para garantir os direitos da competição até 2023. Deste
montante, a Datisa já teria pago cerca de US$ 40 milhões divididos entre os
dirigentes. Esse dinheiro seria distribuído assim: por cada edição, os presidentes
da Conmebol, da CBF e da AFA embolsariam US$ 3 milhões cada (R$ 9,6 milhões) e
os presidentes de outras sete confederações sul-americanas, não identificadas
no documento, levariam US$ 1,5 milhão cada (R$ 4,7 milhões). Como restam oito
confederações (Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Venezuela e
Uruguai), não é possível apontar quais presidentes teriam recebido a quantia.
Ainda sobrariam US$ 500 mil (R$ 1,6 milhão) para um décimo - primeiro dirigente
não identificado. A soma desses valores totaliza os US$ 20 milhões apontados na
acusação.
Segundo os investigadores americanos, as duas
primeiras "cotas" (pelo acordo e pelo torneio de 2015) foram
pagas. A Copa América do Centenário (que celebra 100 anos da competição) e será
realizada nos EUA traria mais dinheiro - e propina maior: US$ 30 milhões (R$ 96
milhões) a serem divididos.
Marin também é acusado de receber propina num contrato
de uma competição nacional. No capítulo do "Esquema da Copa do
Brasil", o relatório lista diversos personagens sem nome - identificados
apenas por números e pela alcunha "Co-Conspirador" (no total, o
relatório lista 16 Co-Conspiradores que atuam em diversas negociações. Apenas
dois Co-Conspiradores são claramente identificáveis, o # 1, que é o ex-secretário-geral
da Concacaf, Chuck Blazer. E o Co-Conspirador 2 é apontado como
dono da Traffic - ou seja - o empresário José Hawilla. Ambos assumiram a
culpa perante a justiça americana).
No capítulo da Copa do Brasil, a investigação relata
uma disputa entre duas companhias de marketing esportivo pelos direitos da
competição a partir de 2013. Essa disputa teria se encerrado em um acordo
celebrado em agosto de 2012. Vejam o trecho que relata o acordo entre Hawilla e
o Co-Conspirador 6, concorrente da Traffic, que disputava os direitos da Copa
do Brasil.
Segundo a acusação, os "Co-conspiradores"
usaram a rede bancária dos Estados Unidos para realizar as transações -
tanto domésticas quanto internacionais. A investigação foi além. Em abril de
2014, o relatório diz que Marin esteve em Miami para anunciar a Copa America Centenário
e apresenta um diálogo que o então presidente da CBF teria mantido com o
"Co-Conspirador 2" - no qual teriam discutido o status dos
pagamentos devidos a ele e ao Co-Conspirador 12 pelo esquema da Copa do
Brasil.
Ou seja - Marin dividiria R$ 2 milhões a cada ano de
contrato na Copa do Brasil com dois outros dirigentes. O contrato ira até 2022
- logo os cartolas dividiriam cerca de R$ 20 milhões por três - cada um levaria
aproximadamente R$ 6,7 milhões. Até 2015, o cartola teria recebido cerca de R$
2,65 milhões.
Fonte: Reuters.
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