COMENTÁRIO.
Scarcela Jorge.
SURDEZ CULMINANTE DAS EXCELÊNCIAS.
Nobres:
Para infelicidade do povo as vozes das ruas não estão
efetivamente sendo ouvidas por nossos representantes. Como pode um país que se
diz sem condições econômicas para atualizar a tabela do IR ou para investir em
políticas públicas básicas, como saúde, segurança e educação, triplicar a verba
partidária para facilitar o financiamento dos partidos políticos? O que pode e
deve a sociedade pensar de tudo isso? Em 1994, o fundo partidário era de R$ 729
mil. Um custo de R$ 1,4 mil por deputado. No mesmo período, o salário mínimo
era de R$ 64,79. Neste ano, o custo bate em R$ 1,662 milhão por deputado.
Aumento de 1.586% em 21 anos, com o que é justo se concluir que o salário
mínimo deveria ser de R$ 77.127, se tivesse aumentado na mesma proporção do
fundo partidário. Há legendas que têm como fonte de renda apenas o dinheiro público. Ou seja, não
possuem qualquer representatividade junto à sociedade. Atuam como siglas de
aluguel, mantendo boa vida àqueles que se utilizam das brechas legislativas
para uso indevido de algo que deveria ser tão nobre. Uma sociedade que se
pretenda justa, igualitária e democrática não pode aceitar tamanho desrespeito.
Estamos assistindo mais uma vez ao Congresso Nacional legislando contra o
cidadão, agredindo frontalmente a sociedade e arranhando os alicerces da
democracia. E não se diga que a ampliação do fundo partidário é necessária
justamente para que se afaste as empresas das campanhas. A OAB defende o fim do
financiamento por empresas porque entende que, como está hoje, é um dos
principais alicerces da corrupção. Defendemos, sim, mas com a manutenção do financiamento privado por pessoa
física, com limitações das contribuições. Nosso atual modelo político está esgotado
e todos sabem disso. Faltam apenas os nossos representantes também para
infelicitá-los.
Antônio
Scarcela Jorge.
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