Em um evento fechado na terça-feira, 12, com jovens
sindicalistas em São Bernardo do Campo (SP), o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva criticou o modo como a presidente Dilma Rousseff está conduzindo a
articulação do ajuste fiscal no Congresso.
Embora tenha defendido o pacote de reequilíbrio
financeiro do governo, considerado por ele necessário, o ex-presidente
classificou como "um erro" o fato de a proposta que restringe o
acesso ao seguro-desemprego ter sido incluída numa medida provisória, sem
prévia negociação com as centrais sindicais.
"Foi um erro ter feito isso (a mudança no
seguro-desemprego) por medida provisória. Devia ter chamado o movimento
sindical e feito um acordo", disse Lula após ser questionado sobre o
assunto por um sindicalista.
No evento, que fechou o 8° Congresso do Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC, Lula foi sabatinado durante duas horas e meia por jovens
de até 32 anos.
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A fala do ex-presidente ocorre pouco menos de uma
semana após a aprovação pela Câmara dos Deputados da Medida Provisória 665 e às
vésperas da votação da MP 664, que também faz parte do pacote do ajuste fiscal
de Dilma e altera regras para acesso à pensão por morte e ao auxílio-doença. Alvo
de críticas dos movimentos sindicais, tradicionalmente aliados ao PT, as
medidas do ajuste fiscal têm causado desgaste do governo Dilma com
sindicalistas.
A MP 665 estabelece que o seguro-desemprego só poderá
ser solicitado pela primeira vez após 12 meses de trabalho.
Pela segunda vez, a partir de nove meses, e pela
terceira vez, com seis meses de trabalho. Antes, a primeira solicitação podia
ser feita após seis meses de trabalho.
Votação.
A coordenação política da presidente Dilma Rousseff
aproveitou os holofotes voltados para a sabatina no Senado do advogado Luiz
Edson Fachin, indicado para o Supremo Tribunal Federal, para tentar reverter
defecções na base e costurar o apoio necessário para a aprovação, na Câmara, da
MP 664 que endurece o acesso a benefícios previdenciários. O governo centrou
esforços nas bancadas do PP, PTB e PRB. O ministro da Previdência Social,
Carlos Gabas, se reuniu ontem com 29 integrantes do PP para tentar convencê-los
a votar favoravelmente à medida provisória, que deve ser analisada hoje.
Gabas disse que as mudanças já realizadas na proposta
devem levar a uma redução de R$ 100 bilhões na economia que o governo pretendia
ter com as novas regras em 15 anos.
O vice-presidente Michel Temer convocou líderes da
base e ministros envolvidos no ajuste fiscal para uma reunião na manhã desta
quarta-feira, 14, para tentar construir a maioria necessária.
Em outra frente, o Palácio do Planalto avançou nas
negociações para o loteamento dos cargos de segundo escalão.
As informações são do jornal O Estado de S.
Paulo.
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