COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
HISTÓRIA DOS CORRUPTOS É ELOQÜÊNCIA.
Nobres:
No Brasil de essência corrompida se proclamam de
princípio nos mencionados figurões da política, Eduardo Cunha e Renan Calheiros
foram os homens mais poderosos do Brasil, sob a desconfiança da maioria dos
brasileiros e inclusive dos próprios colegas, porque assim desejavam dentro e
fora do Congresso. Lembraremos que sempre foi assim. Que na mesma época em que
Cunha e Calheiros mandavam, orientando as reações fortes do parlamento a
qualquer gesto do governo, o senador Fernando Collor pedia a cassação do
procurador-geral da República. Collor, o caçador de marajás que renunciou à Presidência
em 1992 para não ser cassado e agora também envolvido na Lava-Jato pretende
calar o chefe do Ministério Público que o denunciou ao Supremo. Cunha,
Calheiros e Collor desfrutam de uma imunidade a que poucos podem almejar. São
personagens a serviço não só do Congresso que os sustenta como comandantes, mas
também de quem não pretende fazer nenhum esforço para que se afastem de onde
estão. Para estes, é bom que lá estejam. Cunha a Calheiros foram feitos do
mesmo barro que deu forma a Collor. Todos são aberrações. Estariam bem na
periferia da política, vivendo das migalhas do baixo clero do Congresso e de
suas atitudes quase sempre indecorosas. Mas são protagonistas. Collor tem muito
a ensinar aos outros dois, como o alagoano foi uma construção perfeita. Certo
jornalismo, tão zeloso de seus feitos, não pode renegar o crédito de ter
ajudado a elaborar a figura de Collor como salvador. Em abril de 1987, o
governador de Alagoas foi apresentado em reportagem do então poderoso Jornal do
Brasil como o homem que poderia moralizar o país. “Como impetuoso lutador
faixa-preta de karatê que é ele investe com golpes fulminantes e certeiros
contra vários adversários ao mesmo tempo”. Pronto, tínhamos um jovem vigoroso e
justiceiro para reconstruir a democracia. O jornalismo que procurava ficar
longe de tanta ventania já previu que Collor era uma farsa. Os Cunhas e os
Calheiros são criados e sobrevivem a tudo e como Collor afronta até o xerife
que o investiga. Cunha e Calheiros são os furacões de hoje, dedicados a
corromper as relações já precárias entre Congresso e governo. Se não tivessem
utilidade para os fomentadores desse embate político destrutivo, já teriam sido
mandados embora pela parceria, como aconteceu com Fernando Collor em 1992. É contínuo o cenário histórico neste aspecto.
Antônio Scarcela Jorge.
Nenhum comentário:
Postar um comentário