TEMER DIZ QUE HAVERÁ CORTE
'RADICAL' SE CONGRESSO NÃO APROVAR AJUSTE FISCAL.
Governo deve anunciar nas próximas semanas bloqueio
no Orçamento.
Executivo propôs ao parlamento medidas para reequilibrar as contas.
O vice-presidente da República, Michel Temer, afirmou
nesta segunda-feira (4) que, se o Congresso Nacional não aprovar as medidas de
ajuste fiscal propostas pelo governo, o corte no Orçamento de 2015 será “muito
radical”. Temer convocou líderes da base aliada ao Palácio do Planalto para
discutir as duas medidas provisórias enviadas ao parlamento que propõem
alterações em direitos trabalhistas e previdenciários para reforçar o caixa da
União.
A MP 665, que sugere mudanças nas regras de acesso ao
seguro-desemprego, já foi aprovada em comissão especial e pode ser apreciada
pelo plenário da Câmara ainda nesta
semana. Já a MP 664, que trata de pensão por morte, deverá ser analisado na
comissão especial nesta terça (5).
Desde o início do ano, o governo iniciou o processo de
ajuste fiscal para reduzir gastos e reequilibrar as contas públicas. O bloqueio
no Orçamento, tecnicamente denominado "contingenciamento", consiste
em retardar ou "inexecutar" parte da programação de despesas prevista
na lei orçamentária em função da insuficiência de receitas.
“Se não houver ajuste, o contingenciamento será muito
radical. Se houver ajuste, o contingenciamento será muito menor”, declarou
Temer.
Em março deste ano, ao participar de evento no Rio
Grande do Sul, a presidente Dilma Rousseff já havia
falado em cortes no Orçamento e dito que o contingenciamento neste
ano será “significativo”.
Além das duas medidas provisórias do ajuste fiscal, o
governo enviou ao Congresso projeto de lei que modifica a desoneração da folha
de pagamento das empresas. Embora o Planalto tenha enviado projetos ao
Legislativo, ministros como Aloizio Mercadante (Casa
Civil) e Joaquim Levy (Fazenda)
têm dito que “80% do ajuste” cabem ao próprio governo e é preciso “cortar na
própria carne”.
Apoio do
PT.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
afirmou não “encarar como ameaça” a declaração de Michel Temer de que será
necessário um corte maior no Orçamento se as medidas provisórias do ajuste
fiscal não forem aprovadas. Para Cunha, a declaração está de acordo com a
“realidade”.
“Não acho que seja uma ameaça. Acho que eles têm uma
meta e as formas de atingir essa meta são várias. Se não atingir de um jeito,
vai atingir de outro. Eu não encaro isso como ameaça, encaro como realidade.
Ele [Temer] quer atingir uma meta de superávit. Se não atingir de um jeito, vai
atingir de outro”, disse o peemedebista ao chegar à Câmara nesta segunda-feira
(4).
Cunha criticou, porém, a postura do PT em relação às
medida provisórias. Parte da bancada se opõe às restrições impostas pelas MPs
ao acesso a direitos trabalhistas e previdenciários. Para o presidente da
Câmara, será difícil a base aliada aprovar os textos se não houver acordo com o
PT.
“Se o PT não tiver acordo, vai ser difícil convencer
os partidos da base a acompanhar [a posição do governo]. É óbvio. Essa é minha
opinião. Acho que dificulta muito a posição”, enfatizou.
Na entrevista que concedeu no Palácio do Planalto,
Michel Temer relatou ter sugerido ao PT que, em função do “entrosamento” que o
partido tem com os trabalhadores e as centrais sindicais, se dedique “por
inteiro” à aprovação das medidas provisórias do ajuste fiscal.
O vice-presidente disse ter “ouvido” que poderia haver
divergências entre as legendas da base governista na hora das votações e pediu
é “unidade” às siglas.
“Eu tenho a sensação, aliás, mais que sensação, eu
tenho a convicção de que a partir de amanhã [terça], quando o Congresso irá
votar as MPs 664 e 665, a votação será coberta de êxito, não tenho dúvidas.
Porque isso é fundamental para o país. Estou até sugerindo ao PT, que tem
entrosamento com trabalhadores e centrais, que se dedique por inteiro a esta
aprovação, assim como os demais partidos da base”, declarou.
Fonte: Agência O Globo.
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