COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
DECOMPOSIÇÃO POLÍTICA.
Nobres:
Como não poderia deixar de ser; tem coisas na política
do Brasil especifica pelo primarismo tão irreverente que nos deixa habituado ao
“jeitinho” que expõe normas de sentido plural para afirmar “conceito. A nossa
analise se direciona a regra de voto
nominal que nos convoca a escolher candidatos e não partidos produz aberrações
e destrói a política. Pelo modelo, o voto oferecido a um candidato pode
garantir a eleição de outros, do mesmo partido ou coligação. Se a norma é a
votação nominal, os partidos que apresentam nomes famosos terão vantagens
competitivas. Neste espaço, as siglas correm atrás de artistas, jogadores de
futebol, palhaços, ex-BBBs, modelos, apresentadores de TV, pastores etc com a
expectativa de aumentar suas representações. Com raras exceções, a safra de
“celebridades” eleitas para o parlamento só tem renovado o folclore político
nacional. Os problemas do modelo são, entretanto, muito maiores. Parlamentares
que defendem interesses corporativos e que “representam” as aspirações de suas
bases tendem a aumentar suas votações. Assim, no Brasil, uma receita para a
reeleição inclui pelo menos ingredientes no sentido de zelar pelos interesses
de possíveis financiadores de campanha (quanto mais poderosos, mais
interessante a relação) e também distribuir recursos públicos carimbados como
“emendas parlamentares” em atenção às demandas de prefeitos e de comunidades do
interior, estruturando uma rede de clientela para a retribuição de favores. Um
dos principais pontos dessa “desacatares escrupulosa” é colonizar a máquina de
Estado com a indicação de cabos eleitorais que se especializarão no tráfico de
influências e na atenção às demandas particulares passíveis de se transformar
em capital eleitoral e defender as aspirações de seus eleitores, por mais
equivocadas ou egoístas que sejam manifestando-se de forma tanto mais incisiva
quanto maior for a competição com seus concorrentes pelos votos daquele setor.
Nesse modelo, parlamentares e governantes que atuem tendo em conta o interesse
público dispostos, portanto, a contrariar interesses particulares sempre que
sobrepostos ao bem comum possuem desvantagens eleitorais. De igual
sorte, políticos que apresentem proposições inovadoras tendentes a efetivar
reformas civilizatórias são pontos “fora da curva” do mercado eleitoral.
Pelo sistema vigente, então, quanto mais irresponsável e demagogo for um
político, quanto mais disposto a zelar pelos interesses econômicos poderosos,
quanto mais submisso aos governos e mais identificado com as opiniões
majoritárias o que vale especialmente para os preconceitos mais amplamente
compartilhados maiores serão suas oportunidades eleitorais. Os partidos estejam
todos aninhados no aconchegante colo do governo Dilma e sejam, portanto,
aliados do PT no plano federal é algo que diz, por si só, muito sobre o que foi
feito da política no Brasil. Pilantragem aqui recebe o nome de “realismo” e
toda postura ética será castigada. Em nome da dialética, claro. Quem acompanha
cotidianamente o desenrolar dos acontecimentos junto a mídia tem firme
definição que desagua quase sempre nas ações escusas de políticos
caracterizados umbilicalmente na projeção, folclórica, polícia, política e
ainda mais em escala de lucros para os mais espertos.
Antônio Scarcela Jorge.
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