sábado, 5 de julho de 2014

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - 'SÁBADO' 05 DE JULHO DE 2014

COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.

DECOMPOSIÇÃO POLÍTICA.

Nobres:
Como não poderia deixar de ser; tem coisas na política do Brasil especifica pelo primarismo tão irreverente que nos deixa habituado ao “jeitinho” que expõe normas de sentido plural para afirmar “conceito. A nossa analise se direciona a  regra de voto nominal que nos convoca a escolher candidatos e não partidos produz aberrações e destrói a política. Pelo modelo, o voto oferecido a um candidato pode garantir a eleição de outros, do mesmo partido ou coligação. Se a norma é a votação nominal, os partidos que apresentam nomes famosos terão vantagens competitivas. Neste espaço, as siglas correm atrás de artistas, jogadores de futebol, palhaços, ex-BBBs, modelos, apresentadores de TV, pastores etc com a expectativa de aumentar suas representações. Com raras exceções, a safra de “celebridades” eleitas para o parlamento só tem renovado o folclore político nacional. Os problemas do modelo são, entretanto, muito maiores. Parlamentares que defendem interesses corporativos e que “representam” as aspirações de suas bases tendem a aumentar suas votações. Assim, no Brasil, uma receita para a reeleição inclui pelo menos ingredientes no sentido de zelar pelos interesses de possíveis financiadores de campanha (quanto mais poderosos, mais interessante a relação) e também distribuir recursos públicos carimbados como “emendas parlamentares” em atenção às demandas de prefeitos e de comunidades do interior, estruturando uma rede de clientela para a retribuição de favores. Um dos principais pontos dessa “desacatares escrupulosa” é colonizar a máquina de Estado com a indicação de cabos eleitorais que se especializarão no tráfico de influências e na atenção às demandas particulares passíveis de se transformar em capital eleitoral e defender as aspirações de seus eleitores, por mais equivocadas ou egoístas que sejam manifestando-se de forma tanto mais incisiva quanto maior for a competição com seus concorrentes pelos votos daquele setor. Nesse modelo, parlamentares e governantes que atuem tendo em conta o interesse público dispostos, portanto, a contrariar interesses particulares sempre que sobrepostos ao bem comum possuem  desvantagens eleitorais.  De igual sorte, políticos que apresentem proposições inovadoras tendentes a efetivar reformas civilizatórias são pontos “fora da curva” do mercado eleitoral.  Pelo sistema vigente, então, quanto mais irresponsável e demagogo for um político, quanto mais disposto a zelar pelos interesses econômicos poderosos, quanto mais submisso aos governos e mais identificado com as opiniões majoritárias o que vale especialmente para os preconceitos mais amplamente compartilhados maiores serão suas oportunidades eleitorais. Os partidos estejam todos aninhados no aconchegante colo do governo Dilma e sejam, portanto, aliados do PT no plano federal é algo que diz, por si só, muito sobre o que foi feito da política no Brasil. Pilantragem aqui recebe o nome de “realismo” e toda postura ética será castigada. Em nome da dialética, claro. Quem acompanha cotidianamente o desenrolar dos acontecimentos junto a mídia tem firme definição que desagua quase sempre nas ações escusas de políticos caracterizados umbilicalmente na projeção, folclórica, polícia, política e ainda mais em escala de lucros para os mais espertos.

Antônio Scarcela Jorge.

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