sexta-feira, 11 de abril de 2014

EXECUTIVA NACIONAL - PT MANDA VARGAS PARA COMISSÃO DE ÉTICA

 EXECUTIVA NACIONAL

PT manda André Vargas para a Comissão de Ética.

O deputado terá de se explicar sobre a relação com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal.

São Paulo. A Executiva Nacional do PT decidiu ontem enviar o caso do deputado licenciado André Vargas (PT-PR) para a Comissão de Ética do partido, num processo que pode acabar com sua expulsão. Antes, Vargas será ouvido por uma comissão de três integrantes da direção.

Ele terá de se explicar sobre a relação com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal durante a Operação Lava Jato. A oitiva será realizada hoje em São Paulo.

Além de admitir que voou em um jatinho emprestado por Youssef para uma viagem de férias com a família na Paraíba, Vargas é suspeito de ajudar um laboratório cuja propriedade a PF atribui ao doleiro a assinar uma parceria com o Ministério da Saúde para fornecimento de medicamentos.

O petista também admitiu que um irmão dele prestou serviços de informática a Alberto Youssef. Vargas cobrou o doleiro a respeito do pagamento em mensagem de celular.

Por causa dessas revelações, Vargas pediu licença de 60 dias do mandato de deputado e renunciou ao cargo de vice-presidente da Câmara, após o Conselho de Ética da Casa ter aberto processo disciplinar para apurar sua conduta. O conselho pode recomendar a cassação do mandato, que teria de ser votada no plenário da Casa.

"São fatos noticiados que por si só não incriminam ninguém", afirmou ontem o presidente do PT, Rui Falcão.

A decisão de ouvir Vargas antes de enviar o caso para a Comissão de Ética faz parte de um acordo costurado momentos antes do início da reunião. A corrente Mensagem ao Partido, da qual fazem parte, entre outros, o ministro José Eduardo Cardozo e o deputado Paulo Teixeira (SP), defendia a abertura imediata da Comissão de Ética e aplicação sumária de suspensão de 60 dias das atividades partidárias do deputado licenciado.

O grupo ligado a Rui Falcão, ligado às correntes Novo Rumo e Construindo um Novo Brasil, também pedia a abertura imediata da Comissão de Ética.

Por outro lado, representantes da bancada do PT na Câmara, como o deputado José Guimarães (CE), defendiam a posição de Vargas que pretendia apenas ser ouvido pelo partido, sem ser objeto da Comissão de Ética.

Costurou-se, então, o acordo por meio do qual André Vargas será ouvido antes da comissão de ética.

Comissão

A Comissão de Ética do PT foi responsável por recomendar ao Diretório Nacional a expulsão do ex-tesoureiro Delúbio Soares, em 2005, e também de congressistas que votaram contra orientação do PT na reforma da previdência, em 2003, entre eles a ex-senadora Heloísa Helena. A expulsão de Delúbio foi decidida em 3 meses e meio.

André Vargas recorreu às redes sociais para dizer que vai provar de "cabeça erguida" que não cometeu nenhuma irregularidade. "Lamento que minha família e amigos estejam acossados por repórteres. O alvo sou eu, não eles", escreveu.
As declarações do deputado foram feitas após a Executiva nacional do PT decidir levar o caso dele à comissão de ética do partido. "Estou certo de que não cometi ato ilícito e vou provar isso".

Vice-presidência

O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), afirmou também ontem que deverá convocar eleições para preencher a vaga de vice-presidente da Casa até o fim de abril. Alves disse também que a formalização da renúncia de Vargas ainda não chegou à Mesa Diretora da Casa.

Ainda ontem, Alves rejeitou a questão de ordem apresentada pelo PT numa tentativa de adiar a instalação do processo disciplinar no Conselho de Ética contra o parlamentar licenciado.

"O Conselho de Ética e a Corregedoria são instrumentos distintos e que receberam encaminhamentos independentes, portanto, uma coisa não está atrelada a outra. Sendo assim indeferi", afirmou Alves.

Fonte: Agência Câmara.


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