PT manda André Vargas para a Comissão de Ética.
O deputado terá de se explicar sobre a relação com o doleiro Alberto
Youssef, preso pela Polícia Federal.
São Paulo. A
Executiva Nacional do PT decidiu ontem enviar o caso do deputado licenciado
André Vargas (PT-PR) para a Comissão de Ética do partido, num processo que pode
acabar com sua expulsão. Antes, Vargas será ouvido por uma comissão de três
integrantes da direção.
Ele terá de se explicar sobre a
relação com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal durante a
Operação Lava Jato. A oitiva será realizada hoje em São Paulo.
Além de admitir que voou em um
jatinho emprestado por Youssef para uma viagem de férias com a família na
Paraíba, Vargas é suspeito de ajudar um laboratório cuja propriedade a PF
atribui ao doleiro a assinar uma parceria com o Ministério da Saúde para
fornecimento de medicamentos.
O petista também admitiu que um
irmão dele prestou serviços de informática a Alberto Youssef. Vargas cobrou o
doleiro a respeito do pagamento em mensagem de celular.
Por causa dessas revelações,
Vargas pediu licença de 60 dias do mandato de deputado e renunciou ao cargo de
vice-presidente da Câmara, após o Conselho de Ética da Casa ter aberto processo
disciplinar para apurar sua conduta. O conselho pode recomendar a cassação do
mandato, que teria de ser votada no plenário da Casa.
"São fatos noticiados que
por si só não incriminam ninguém", afirmou ontem o presidente do PT, Rui
Falcão.
A decisão de ouvir Vargas antes
de enviar o caso para a Comissão de Ética faz parte de um acordo costurado
momentos antes do início da reunião. A corrente Mensagem ao Partido, da qual
fazem parte, entre outros, o ministro José Eduardo Cardozo e o deputado Paulo
Teixeira (SP), defendia a abertura imediata da Comissão de Ética e aplicação
sumária de suspensão de 60 dias das atividades partidárias do deputado
licenciado.
O grupo ligado a Rui Falcão,
ligado às correntes Novo Rumo e Construindo um Novo Brasil, também pedia a
abertura imediata da Comissão de Ética.
Por outro lado, representantes da
bancada do PT na Câmara, como o deputado José Guimarães (CE), defendiam a
posição de Vargas que pretendia apenas ser ouvido pelo partido, sem ser objeto
da Comissão de Ética.
Costurou-se, então, o acordo por
meio do qual André Vargas será ouvido antes da comissão de ética.
Comissão
A Comissão de Ética do PT foi
responsável por recomendar ao Diretório Nacional a expulsão do ex-tesoureiro
Delúbio Soares, em 2005, e também de congressistas que votaram contra
orientação do PT na reforma da previdência, em 2003, entre eles a ex-senadora Heloísa
Helena. A expulsão de Delúbio foi decidida em 3 meses e meio.
André Vargas recorreu às redes
sociais para dizer que vai provar de "cabeça erguida" que não cometeu
nenhuma irregularidade. "Lamento que minha família e amigos estejam
acossados por repórteres. O alvo sou eu, não eles", escreveu.
As declarações do deputado foram
feitas após a Executiva nacional do PT decidir levar o caso dele à comissão de
ética do partido. "Estou certo de que não cometi ato ilícito e vou provar
isso".
Vice-presidência
O presidente da Câmara, Henrique
Eduardo Alves (PMDB-RN), afirmou também ontem que deverá convocar eleições para
preencher a vaga de vice-presidente da Casa até o fim de abril. Alves disse
também que a formalização da renúncia de Vargas ainda não chegou à Mesa
Diretora da Casa.
Ainda ontem, Alves rejeitou a
questão de ordem apresentada pelo PT numa tentativa de adiar a instalação do
processo disciplinar no Conselho de Ética contra o parlamentar licenciado.
"O Conselho de Ética e a
Corregedoria são instrumentos distintos e que receberam encaminhamentos
independentes, portanto, uma coisa não está atrelada a outra. Sendo assim
indeferi", afirmou Alves.
Fonte: Agência Câmara.
Nenhum comentário:
Postar um comentário