Em carta, o ex-gestor apontou
questões familiares como o motivo para o pedido de exoneração.
Egídio Serpa
Um ano e sete meses depois de
haver assumido a presidência do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), o
catarinense Ary Joel Lanzarin, que é funcionário aposentado do Banco do Brasil,
deixou o cargo ontem. "Estou saindo por razões absolutamente pessoais.
Tenho um problema na minha família que precisa do meu tempo integral para ser
solucionado" - foi a justificativa que ele, pessoalmente, deu ao Diário do
Nordeste para a sua inesperada e surpreendente decisão. Seu substituto, Nelson
Antônio de Souza, diretor de Estratégia, Administração e Tecnologia da
Informação (TI), assumiu ontem mesmo.
Imediatamente depois que a
informação se tornou pública, fontes da área política comentou - e ainda
comentam - que a saída de Lanzarin tem tudo a ver com o processo em curso da
sucessão do governador do Ceará, Cid Gomes, que hoje deverá comunicar ao Poder
Legislativo estadual a sua renúncia ao cargo. De acordo com as mesmas fontes da
política, o deputado federal José Guimarães, principal líder do PT cearense, e
seu grupo voltam a ter influência sobre a gestão do BNB. Lanzarin e a
assessoria do banco negam.
Ontem à tarde, em seu gabinete no
Centro Administrativo do Passaré, Ary Joel Lanzarin escreveu e transmitiu ao
ministro da Fazenda, Guido Mantega, que preside o Conselho de Administração do
BNB, uma longa carta em que dá como motivo de seu pedido de exoneração a
questão familiar. Ladeado pelo seu substituto, ele exibiu a carta à reportagem
do Diário do Nordeste, mas não permitiu sua leitura pelo repórter, que lhe
perguntou: "Qual é o seu legado?"
Providências
Na carta ao ministro e na
conversa com o Diário do Nordeste, Lanzarin lista uma série de providências
que, na sua opinião, constituem sua herança na chefia do BNB desde 28 de agosto
de 2012. "Melhoramos a eficiência administrativa por meio da gestão
compartilhada; impusemos rigidez na conduta da instituição; modernizamos o seu
setor de tecnologia, que hoje é de ponta; demos fim às alçadas individuais e
hoje todas as decisões do banco são colegiadas, o que implicou a mudança da
cultura organizacional do BNB", afirmou.
Demonstrando total tranquilidade
e falando pausadamente, Ary Joel Lanzarin também disse que fazem parte do seu
legado "a conformidade dos processos e o encarreiramento por mérito na
gestão das pessoas", o que foi obtido por meio "do endurecimento e da
rigidez da política disciplinar". E incluiu também na carta ao ministro a desempenho
do BNB no exercício de 2013, quando alcançou R$ 12,7 bilhões em aplicações do
FNE.
"Mas um dos maiores feitos de nossa gestão foi a recuperação de R$ 2,4 bilhões de dívidas antigas, que foram ajuizadas e executadas, sendo que desse total R$ 509 milhões foram pagos à vista", destacou o ex-presidente do BNB, que, porém, reconhece uma deficiência: o setor de análise de projetos do banco ainda não alcançou a velocidade que a sua direção deseja, mas "o processo de concessão do crédito foi revisto, gerando mais agilidade e maior segurança".
Intenção é continuar as atividades, diz interino
As atividades hoje desempenhadas
pelo Banco do Nordeste não serão interrompidas ou prejudicadas pela saída de
Ary Joel Lanzarin, segundo o presidente interino da instituição, Nelson Antônio
de Souza. Ele destaca a busca por maior velocidade nas análises e na concessão
de crédito e a criação de novas agências como algumas das principais ações que
terão continuidade.
Conforme o presidente interino, o
Banco do Nordeste abriu 70 agências, em sua área de abrangência, na gestão de
Lanzarin, e tem mais 52 previstas para serem abertas.
Souza acrescenta que, até o
início de junho, o banco passará a oferecer aos clientes, em mais de 13 mil
agências lotéricas, serviços como saque e consulta ao saldo. "Isso vai dar
mais capilaridade ao banco", destaca.
Ele aponta ainda a atenção maior
às micro e pequenas empresas contratação de concursados como uma das
iniciativas que terão continuidade na nova gestão. De acordo com o novo gestor,
não há data definida para a escolha do presidente definitivo. "O que vou
fazer agora é continuar o projeto de maneira interina", frisa.
Perfil
Aos 54 anos, Nelson Antônio
de
Souza é paulistano, graduado em Letras e Psicologia e tem MBA em Marketing. É
funcionário de carreira da Caixa Econômica Federal, onde exerceu de funções
operacionais a estratégicas. Além de presidente interino, é diretor de
Estratégia, Administração e Tecnologia da Informação do BNB, tendo assumido o
cargo em julho de 2012.
Fonte: - DN.
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