Ele concluiu a cerca de meia hora de discurso
conclamando a sociedade a seguir em frente “por um Brasil melhor” e na
sequência abriu a palavra para ouvir os colegas.
Ao
analisar a relação entre governo e oposição, após as eleições de outubro, o
senador Aécio Neves (PSDB-MG)
disse nessa quarta-feira (5) na tribuna do Senado Federal que qualquer diálogo deve estar condicionado à
investigação das pessoas envolvidas no “maior escândalo de corrupção” do país,
que atingiu a Petrobras. Ele
cobrou ainda um compromisso com a liberdade, especialmente a liberdade de
imprensa; a transparência; e a autonomia e o fortalecimento dos poderes.
Em
pronunciamento de meia hora da tribuna do Senado, o tucano disse que os
governos do PT foram "intolerantes" durante 12 anos e agora defendem
o diálogo. Ele disse que é preciso saber se as propostas do governo atendam as
necessidades dos brasileiros. "Qualquer diálogo tem que estar condicionado
ao aprofundamento das investigações e exemplares punições daqueles que
protagonizaram o maior escândalo de corrupção do país conhecido como
petrolão", afirmou, quando foi efusivamente aplaudido em plenário. Segundo
o tucano, o esquema só veio à tona porque não foi possível abafar os delatores
do esquema da Petrobras. Aécio disse que esconder e camuflar foram a tônica do
atual governo, embora não tenha conseguido esconder a corrupção. Ele mencionou
que a corrupção chegou a níveis nunca antes atingidos no país.
O
candidato à Presidência da República pelo PSDB nesse ano fez referência a operação Lava Jato da Polícia Federal
(PF) e do Ministério Público
Federal (MPF) no Paraná ao citar
a investigação na Petrobras. A Lava Jato
foi deflagrada em março deste ano e é resultado de oito anos de investigações sobre crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, em que existe
a suspeita de que quadrilha teria movimentado R$ 10 bilhões ilegalmente.
Dois
personagens centrais da investigação - o ex-diretor de Abastecimento da estatal
Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef - firmaram acordo de
delação premiada. Youssef à PF e ao
MPF e as informações de Costa já foram homologadas pelo ministro Teori Zavaski,
do Supremo Tribunal Federal (STF).
Eles teriam informado
que mais de 30 políticos estariam envolvidos no esquema de corrupção na Petrobras.
Aécio iniciou
pouco antes das 16h o primeiro pronunciamento no plenário do Senado depois das eleições
presidenciais. Ele concluiu a cerca de meia hora de discurso conclamando a
sociedade a seguir em frente “por um Brasil melhor” e na sequência abriu a
palavra para ouvir os colegas. O senador por Minas Gerais retornou
nessa terça-feira (4) pela primeira vez ao Senado após ser derrotado por pequena
margem de votos no segundo turno da eleição presidencial no último dia 26, quando a presidente Dilma Rousseff foi reeleita. Um grupo de militantes do PSDB o
recebeu na entrada do Congresso.
Economia
Aécio
Neves disse ainda que o governo escondeu que havia a urgência da necessidade de
se fazer ajustes econômicos. Citou que, dias depois da eleição, houve um
aumento da taxa básica de juros da economia e deu aval para reajuste do preço
dos combustíveis. Durante a campanha, ele lembrou que Dilma negava que havia a
alta de preços e a carestia.
Na
quarta-feira da semana passada (29), em uma decisão totalmente inesperada, o Banco Central decidiu elevar a
taxa básica de juros, para 11,25% ao ano, na
primeira ação depois da reeleição da presidente Dilma Rousseff. Desde abril, a
Selic estava em 11% ao ano. No comunicado que se seguiu à decisão, a diretoria
da instituição avaliou que seria oportuno ajustar as condições monetárias para
garantir, a um custo menor, a prevalência de um cenário mais benigno para a
inflação em 2015 e 2016.
Após
reconhecer a derrota das urnas, o tucano PSDB destacou os "mais
pobres" e os nordestinos no discurso. Ele criticou o fato de que o a
campanha de Dilma tentou dividir o País entre ricos e pobres, Norte e Nordeste.
"Travamos nessas eleições uma disputa desigual, em que os detentores do
poder usaram despudoradamente o aparato estatal para se perpetuarem por mais
quatro anos", afirmou o tucano. O tucano disse ter se colocado nos últimos
meses como alternativa de um estado mais eficaz e moderno. Disse ainda que
propôs a reaproximação do Brasil com o resto do mundo, ao qual "demos as
costas". "E que hoje os brasileiros convivem com um modelo econômico
estagnado e pesado".
Aécio
disse que subia à tribuna após as eleições com a carga de responsabilidade que
teve com a votação e o projeto político do qual faz parte. Mas criticou, em
vários momentos, a candidatura adversária. "A mentira foi a principal
arma. Mentira sobre o passado, para desviar a atenção do presente", afirmou,
ao dizer que a oposição foi acusado de propostas que nem sequer fizeram.
Conselhos
Antes do
pronunciamento, ele afirmou que irá se empenhar pela derrota do decreto da
petista sobre a regulamentação dos conselhos sociais. "Vamos dar ao
decreto bolivariano no Senado o mesmo destino que se deu na Câmara",
disse. Ao ser questionado sobre o uso do termo "bolivarianismo" e se
concordava com a expressão, Aécio evitou qualificar a palavra. O senador disse
que o usava porque tinha ouvido mais cedo no ato do PSDB com outros partidos de
oposição, realizado em um dos auditórios da Câmara.
Aécio
também comentou o voto que recebeu do ex-presidente e senador José Sarney
(PMDB-AP), conforme flagrou uma rede de televisão do Amapá. "Não penalizo
o voto do Sarney, não. Ele votou foi no Tancredo. E Tancredo já agradeceu o
voto", afirmou.
Os
deputados rejeitaram, na semana passada, a proposta de Dilma para regulamentar
os conselhos de participação popular. A chegada do projeto ao Senado já causou
mal estar entre a base governista e o Palácio do Planalto. Na semana passada, o
presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que a proposta gerou
"insatisfação" no Congresso.
Fonte: Agência Brasil.
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