domingo, 16 de novembro de 2014

PETROBRÁS - CONSELHO E COMISSÕES ATESTAM ROMBO NA ESTATAL

 PETROBRAS: COMISSÕES INTERNAS ATESTAM DESVIOS EM REFINARIAS.

Rombo financeiro afetará investimentos, dizem analistas.

RIO - No dia em que a Polícia Federal cumpriu 85 mandados de prisão, entre eles, o do ex-diretor de Serviços e Engenharia da Petrobras Renato Duque, o Conselho de Administração da estatal, em reunião de seis horas, apresentou a conclusão de investigações de três comissões internas que ajudarão a apontar o tamanho do rombo causado pela corrupção. Na reunião, as comissões internas concluíram que houve “desvios de comportamento e quebra de regras" por funcionários da companhia nas operações de compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, e na construção do Comperj, no Estado do Rio de Janeiro, e na refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, segundo uma fonte da companhia.

Com base nos resultados das comissões, a área administrativa da Petrobras vai apurar os valores de recursos desviados nas três operações e os prejuízos totais para a estatal. As comissões detalharam ainda os vários contratos e aditivos envolvendo as obras do Comperj e de Abreu e Lima.

É como se um novo tsunami atingisse a Petrobras. O clima fica pior a cada dia, disse um funcionário que não quis se identificar, destacando que a Petrobras enviou um comunicado interno a todos os empregados proibindo eliminar qualquer tipo de documento, em papel ou eletrônico, que envolva a companhia.

COMISSÕES TRAZEM LISTA DE ENVOLVIDOS.

Segundo outra fonte, as comissões listaram um grande número de pessoas envolvidas nas denúncias de corrupção. A lista inclui funcionários de diversas áreas, sendo que alguns já saíram da companhia. A reunião do Conselho foi presidida por Miriam Belchior, ministra do Planejamento. O presidente do Conselho, o ministro da Fazenda Guido Mantega, está na Austrália no encontro do G-20. De acordo com os relatos da reunião, Miriam Belchior tentou conduzir os trabalhos de forma descontraída, apesar do “clima pesado” na estatal.

Segundo analistas, os casos de corrupção, se confirmados, terão impacto na capacidade de investimento da companhia. A divulgação do balanço financeiro da empresa, previsto para ontem, foi adiado para até 12 de dezembro, fora do prazo legal, e será feito sem a assinatura da auditoria externa independente, a PRICEWATER HOUSE COOPERS (PWC). Ao informar que adiaria a publicação de seu balanço, a própria Petrobras admitiu, em comunicado, que as investigações da Polícia Federal podem -

 “IMPACTAR POTENCIALMENTE AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS”.

Segundo Fabio Rhein, professor de Contabilidade Financeira do Ibmec, caso os desvios sejam comprovados, a empresa terá que dar baixa contábil no valor de seus ativos fixos, o que vai afetar seus investimentos.

Essa redução afetará os lucros. Será necessária uma revisão na estrutura de capital da empresa, provocando uma reavaliação nos investimentos. Outra situação preocupante são as dívidas, que devem ultrapassar o valor de R$ 270 bilhões. Por fim, a credibilidade colocada em xeque trará imensas dificuldades de captação no exterior e consequentemente no investimento dos próximos anos, disse Rhein.

DESENCONTRO DE INFORMAÇÕES.

A recusa da PWC em dar o aval para o balanço trimestral resultou em informações desencontradas. Após comunicar à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), na noite de quinta-feira, que adiaria a divulgação de seus resultados não auditados para 12 de dezembro, a estatal informou a 0h15m que divulgaria seu balaço na segunda-feira. Porém, a informação estava errada. Ontem, às 18h33m, a estatal explicou que, na segunda-feira, serão dadas apenas informações sobre o adiamento do balanço e os resultados operacionais. Na manhã de ontem, em comunicado complementar à CVM, a estatal disse que busca obter, até 12 de dezembro, “um maior aprofundamento nas investigações em curso pelos escritórios de advocacia independentes e órgãos de fiscalização e controle externos, permitindo que eventuais ajustes nas demonstrações contábeis, como consequência das denúncias e investigações relacionadas à Operação Lava-Jato, sejam adequadamente realizados”.

Sem ter esses ajustes contábeis, o balanço fica sob suspeita, pois os números apresentados não representam a realidade. A Petrobras quer fazer esses ajustes já no atual trimestre, disse uma fonte que não quis de identificar.

A Petrobras destacou ainda que pode até o dia 30 de dezembro entregar as demonstrações do terceiro trimestre, auditadas ou não, para seus “agentes financiadores". E informou que não tem data para divulgar seu balanço com o parecer da PwC.
Fonte: Agência O Globo.


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