O candidato derrotado do PSDB à
Presidência, senador Aécio Neves (MG), ironizou nesta terça-feira a indicação
do economista Joaquim Levy para dirigir o Ministério da Fazenda no segundo
mandato da presidente Dilma Rousseff (PT). "O mais adequado é a
consideração que fez meu Armínio Fraga, que disse que via na indicação de
Joaquim Levy algo como se um grande quadro da CIA fosse convocado para dirigir
a KGB", brincou o tucano, citando as agências de inteligência
norte-americana e russa, que têm uma rivalidade histórica.
Levy, que hoje está no Bradesco,
foi aluno de Armínio Fraga, que coordenou o programa econômico de Aécio durante
a campanha presidencial e seria a escolha para a pasta caso o tucano tivesse
sido eleito. O comentário de Aécio ocorreu logo após fazer um duro
pronunciamento contra a articulação dos governistas de votar, em bloco, os 38
vetos presidenciais que trancam a pauta do Congresso. A apreciação desses vetos
é pré-requisito para que deputados e senadores votem o projeto que altera a Lei
de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2014, ampliando o abatimento da meta de
superávit primário. Aos jornalistas, Aécio chamou Levy de "amigo
pessoal". O futuro ministro da Fazenda - que deve assumir o cargo após a
aprovação do projeto que altera a LDO de 2014 - teve uma formação acadêmica
alinhada ao pensamento econômico ortodoxo e teve passagem pelo Executivo no
segundo mandato do governo Fernando Henrique Cardoso. Em 2000, ele foi nomeado
Secretário-Adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda e, no ano
seguinte, assumiu o cargo de economista-chefe do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão. Ele também foi secretário do Tesouro no primeiro mandato de
Luiz Inácio Lula da Silva.
Desde a sexta-feira da semana passada, o indicado
foi bombardeado nos bastidores pelo PT de Dilma. Ontem, contudo, quadros do
partido passaram a defender a nomeação de Levy. O primeiro vice-presidente do
Senado, o petista Jorge Viana, afirmou nesta segunda-feira, 24, que o
economista é o "mais completo" para comandar a Fazenda. "Foram
vocês que noticiaram que ela estava convidando o (Luiz Carlos) Trabuco, que ela
estava se especulando com o (Henrique) Meirelles. O Joaquim Levy é mais
completo. Ele não é um banqueiro, é uma pessoa que veio do mundo da economia e
tem um contato com a vida real, foi secretário e, no caso dele, eu acho que é
mais completo do que os outros", afirmou.
O líder do PT no Senado, Humberto
Costa (PE), saiu em defesa das primeiras escolhas de Dilma para o primeiro
escalão do seu segundo mandato, mas destacou que Dilma é a responsável por
conduzir o governo em todas as áreas, não significando que se trata de
"terceirizar" a gestão. Humberto Costa disse que "todos"
estão confiantes na condução de Levy da política econômica do próximo mandato
da presidente, caso ele venha a ser confirmado como titular da pasta. "Dos
nomes aí postos, quero ressaltar o nome de Joaquim Levy para o Ministério da
Fazenda, sobre o qual muitos têm tentado disseminar um ambiente de mal estar
entre ele e o PT", afirmou Costa.
Fonte: AE.
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