COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
ALIADOS
NA CORRUPÇÃO.
Nobres:
A sociedade se encontra perplexa diante da
sucessão dos acontecimentos do cotidiano político em que o procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, chamou de “rastilho de pólvora” diante dos corruptos
e corruptores que impera entre os poderes do Brasil, agora não resta nenhuma
dúvida de que o escândalo da Petrobras é um dos maiores, senão o maior, da
história do país e envolvem inquestionavelmente dezenas de dirigentes e
executivos de empreiteiras, servidores e diretores da estatal, políticos de
diversos partidos e governantes no desvio de recursos bilionários. Constatadas
em função das delações premiadas, resta torcer para essa operação marcar de
fato o fim da impunidade. O que já se pode antecipar, enquanto avançam as
operações da Polícia Federal, é que será um teste de fogo para as instituições
democráticas do país. Mas é importante ficar atento também ao descaso reiterado
de autoridades, que permitiram os desmandos por tantos anos, a começar pela presidência
da República. Esse tipo de comportamento tolerante, característico também da
gestão anterior, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ajuda a explicar a
resistência da corrupção. Diante da inevitável indignação popular provocada
pelo caso, não basta a presidente Dilma Rousseff alegar que a investigação vai
mudar o país para sempre, pelo fato de se estender também aos corruptores. A
presidente da República está devendo à nação uma prestação de contas mais clara
e mais convincente sobre os desmandos na estatal. Acima de tudo, deve resposta
a uma pergunta que os brasileiros preocupados com seu país e com o futuro de
sua maior empresa não têm como evitar: por que o Planalto não fiscalizou seus
subordinados a tempo de evitar os danos continuados? A falta do empenho
necessário na luta contra esse mal acaba se disseminando a outras áreas. Só
agora, a presidente da Petrobras, Graça Foster, anuncia a intenção de criar uma
diretoria com o objetivo de aumentar o controle sobre os acordos fechados pela
estatal. Se as fraudes se estendiam há tanto tempo, por que deixar que isso
ocorra só depois de um constrangedor adiamento do balanço contábil da empresa,
frente às evidências de um esquema superior até mesmo ao mensalão em suas
entranhas? E como entender o papel do Congresso que, diante da iminência de ver
muitos de seus integrantes favorecidos pelo desvio de recursos, limitou-se a
aprovar duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), com pouca ou nenhuma
contribuição para o esclarecimento dos fatos? O país não pode mais aceitar
tantos desmandos. Basta de tolerância e conivência com os reiterados saques aos
cofres públicos por falta de controle e punição. Resta-nos esperar que seja de
fato processar a verdadeira mudança em que não só Dilma Rousseff, discorre
momentaneamente, mas é uma aspiração da sociedade racional do País.
Antônio Scarcela Jorge.
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