COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
ARGUIR A ECONOMIA, “MINIMIZAR” A
CORRUPÇÃO, CONSERTAR O AJUSTE DE CONTAS, DIANTEIRAS PARA EQUACIONAR O BRASIL.
Nobres:
A presidente Dilma não pode mais esperar
pelo novo mandato para atacar as três prioridades que elegeu e exaltou no seu
discurso pós-eleição: o ajuste das contas públicas, o diálogo político e o
combate à corrupção. Todos são urgentes, mas a prioridade das prioridades é a
situação preocupante da economia, com a inflação em níveis elevados, a produção
estagnada e o dólar sobrevalorizado. O reconhecimento de que é preciso reverter
expectativas negativas foi expresso pelo Banco Central, logo após o pleito,
quando a taxa de juro foi aumentada. O BC emitiu, em sua decisão, sinais de
preocupação ampliada com o aumento dos preços, o desarranjo nas contas
governamentais e o câmbio. Há, assim, uma concordância com o sentimento
generalizado de quem produz de que algo precisa ser feito, e com rapidez. O
compromisso com o diálogo é fator decisivo para que a maioria das decisões de
governo seja levada adiante. Com parte da base aliada está em rebelião, o
Planalto é desafiado a rearticular forças no Congresso, impossibilitado de não
conseguir viabilizar seus planos. Se as lideranças governistas, no Executivo e
no Congresso, forem sensíveis ao apelo da própria presidente da República,
chegou a hora de descer do palanque e se dedicar ao que devem fazer. Decisões
adiadas pela campanha eleitoral, como a busca de equilíbrio de receitas e
despesas, fizeram com que a deterioração das contas levasse ao déficit de R$
25,5 bilhões em setembro, o maior da história. São questões agravadas pelo não
enfrentamento no momento certo, como a inflação e a estagnação. Aumentos de
preços mantidos ao redor de 6,5% ao ano deixaram de ser apenas desconfortáveis,
é uma persistente ameaça a ganhos de renda acumulados nos últimos anos. A
tarefa mais grandiosa é a de dar coerência a um conjunto de medidas que
remobilize o setor produtivo, incutindo confiança nos empresários e
assegurando-lhes que a economia brasileira voltará a recompensar quem investe.
A equação a ser resolvida põe em confronto a necessidade de reduzir o ritmo dos
preços com a imposição do apelo pela retomada do crescimento, e isso exige a
definição imediata do sucessor do ministro Guido Mantega. Por fim, não haverá nenhum avanço na qualidade da gestão sem a criação ou
aperfeiçoamento de mecanismos que pelo menos reduza os altos níveis de
corrupção. É preciso interromper a sucessão de escândalos em empresas estatais,
ou a imoralidade se consolidará como uma das marcas de mais de uma década do
governo petista.
Antônio Scarcela Jorge.
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