Crise hídrica mudou o comportamento em relação ao uso de água de 88% dos
2.072 entrevistados de 350 cidades dos estados afetados pela estiagem no
Sudeste.
SÃO PAULO - A pior seca dos
últimos 80 anos provocou mudanças no comportamento de paulistas, fluminenses e
mineiros. Além de fechar as torneiras e reduzir o consumo de água, 64% dos
moradores de São Paulo, Rio e Minas Gerais afirmam que já estão estocando ou
pensam em estocar água para enfrentar a crise hídrica que afeta mais de 130
cidades nos três estados. Entre os que já sofrem com o desabastecimento, a
proporção sobe para quatro de cada cinco entrevistados.
Além de economizar água, o hábito
de consumo também está mudando para 88% dos 2.072 entrevistados pelo painel
organizado pela consultoria mineira Expertise. O que mais mudou foi o tempo de
permanência no banho. De acordo com o levantamento feito em 350 cidades de Rio,
Minas e São Paulo, 83% das pessoas declararam passar menos tempo no banho por
medo do desabastecimento. O tempo de escovar o dente ou lavar a louça também
mudou: 74% dos entrevistados declararam que estão fechando a torneira durante o
uso.
O reaproveitamento da água também
já é hábito para a maioria dos entrevistados. Seis de cada dez pessoas ouvidas
no levantamento afirmaram estar reutilizando a água de alguma formou. E a mesma
proporção está cobrando e incentivando mudanças nos hábitos de parentes e
amigos. Hábitos condenáveis em períodos de estiagem como lavar o carro e a
calçada também saíram da rotina de mineiros, paulistas e cariocas. Lavar
calçadas saiu da rotina de 57% das pessoas ouvidas. Enquanto 47% reduziram a
frequência da lavagem do carro.
As pessoas passaram a refletir
sobre seus costumes e parecem estar mais conscientes em relação ao desperdício.
A maioria readmitiu que poderiam usar um pouco menos ou bem menos de água do
que usam atualmente, observa Christian Reed, CEO da Expertise.
O pessimismo em relação ao futuro
também ficou evidente. Para 47% das pessoas, a situação vai piorar nos próximos
12 meses e outros 20% não acreditam que ela vai melhorar. Os que já sofreram ou
sofrem com os problemas de abastecimento são ainda mais pessimistas: destes,
74% acham que a situação vai piorar ou continuar igual nos próximos 12 meses.
Além disso, 84% dos entrevistados acham que o valor da água vai aumentar nos
próximos seis meses.
Por outro lado, 41% das pessoas
creem na mudança de comportamento da população após o “trauma” da crise hídrica
e os que acreditam que a população retomará velhos hábitos de consumo – leia-se
desperdício quando e se a situação voltar ao normal (39%).
Os entrevistados foram questionados
sobre de quem é a culpa pela falta d’água. De maneira geral, 78% acreditam que
a própria população tem muita responsabilidade pela situação atual. E 75%
acreditam que o governo tem muita responsabilidade. Enquanto 62% das pessoas
atribuem muita responsabilidade às companhias de abastecimento. No Rio de
Janeiro, este número aumenta para 70%.
Os resultados mostram que apesar
de 2014 ter sido comprovadamente um ano de escassez de chuvas em todo o país,
as pessoas entende que se a população fosse mais consciente em relação ao uso
da água e se os agentes responsáveis tivessem tomado as medidas necessárias, a
situação não teria chegado a níveis tão drásticos, analisa Reed.
Fonte: Agência O Globo.
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