sexta-feira, 21 de novembro de 2014

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - SEXTA-FEIRA, 21 DE NOVEMBRO DE 2014

COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.

O IMPÉRIO DA CORRUPÇÃO.

Nobres:
É sistematicamente tido como imprevisível à conduta do político no grau em que prosseguem as investigações sobre o escândalo da Petrobras, o país mergulha numa crise de indignação, incerteza e desconfiança que ameaça sua normalidade social e econômica, mas não pode prejudicar a sua normalidade institucional. A situação é grave. Nunca se viu um episódio de corrupção com valores tão elevados e tamanho potencial de danos à economia, à sociedade e à própria administração pública. Porém, as instituições democráticas estão sólidas. Se o Congresso, o Judiciário, o Ministério Público e a Polícia Federal cumprirem suas atribuições constitucionais, o Brasil certamente atravessará essa turbulência e sairá dela mais íntegro e mais respeitado. Por isso, cada brasileiro tem que acompanhar de perto o episódio para poder fiscalizar seus representantes e cobrar soluções. Em primeiro lugar, não dá mais para esconder o lixo sob o tapete. O que já veio a público até agora, tanto pelas investigações da Polícia Federal quanto pelos primeiros depoimentos dos investigados, indica a existência de um esquema promíscuo entre agentes públicos, empresários e políticos, com revelações de pagamento de propina, extorsão, fraudes em licitações e lavagem de dinheiro. Mostra, ainda, que os valores subtraídos da sociedade brasileira são muito elevados, deixando claro que nem o recrudescimento do rigor das instituições contra a corrupção nos últimos anos foi suficiente para intimidar corruptos e corruptores. As informações conhecidas até agora sobre os montantes desviados dão uma ideia clara da desfaçatez. Basta lembrar que o mensalão o caso mais rumoroso de corrupção julgado até hoje pelo Supremo Tribunal Federal (STF) teria movimentado cerca de R$ 141 milhões no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Agora, só o valor que apenas um ex-gerente da estatal se dispõe a devolver para alcançar os benefícios da delação premiada é de US$ 100 milhões. São mais de R$ 250 milhões, quantia muito superior à do mensalão. E não é improvável que os recursos gerados no esquema de superfaturamento na estatal tenham alcançado R$ 10 bilhões, total sem precedentes na história. Nessas proporções, é certo que as consequências atingem  os brasileiros de maneira geral, e não se limitam aos bilhões de reais desviados. O desmonte do esquema já afeta em cheio grandes empreiteiras, ameaça descontinuar obras importantes por todo o país, o que pode gerar desemprego, afetar o sistema financeiro, além de desgastar a imagem da economia brasileira perante investidores e parceiros externos. Os prejuízos causados pelo esquema criminoso montado na Petrobras prejudicam a todos, mas têm responsáveis que as instituições estão desafiadas a identificar e punir. Nesse cenário desalentador, em que o Executivo tem grande responsabilidade pela omissão diante de fatos há muito conhecidos, a presidente Dilma Rousseff também está desafiada a dar respostas convincentes e objetivas, a começar pela escolha imediata de um ministério confiável, com atenção especial aos que precisarão enfrentar diretamente os danos provocados por esse esquema aterrador, requer ação verdadeira imbuída as atribuições pertinentes ao chefe de governo e do Estado brasileiro.
Antônio Scarcela Jorge.

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