Duque e cinco executivos ficam presos por tempo indeterminado; 11
deixaram a carceragem
SÃO PAULO - A Polícia Federal
investiga se dinheiro destinado a pagar propina a políticos se transformou em
doações legais na campanha de 2014. Segundo o Ministério Público Federal (MPF),
a suspeita é que a doação formal, declarada ao Tribunal Superior Eleitoral na
última eleição, possa ter sido transformada em "mera estratégia de lavagem
de capitais". O argumento dos procuradores foi usado para pedir a prisão
preventiva de dois dos principais executivos da empreiteira Camargo Corrêa:
João Ricardo Auler, presidente do Conselho de Administração, e Dalton dos
Santos Avancini, presidente da Camargo Corrêa Construções e Participações. O
vice-presidente da empreiteira, Eduardo Leite, já teve a prisão preventiva
decretada na sexta-feira.
De acordo com o MPF, apenas a
Camargo Corrêa doou R$ 44 milhões às campanhas de 2014. Os procuradores dizem
ainda que a empreiteira já esteve envolvida em suspeitas de crimes contra a
administração pública na Operação Castelo de Areia. Afirmam ainda que o conluio
entre as grandes construtoras para fraudar licitações esteve presente em outras
investigações da PF, como as Operações Caixa-Preta, Aquarela e Faktor. A
Camargo Corrêa informou ao GLOBO que fez apenas doações a partidos, não a
campanhas, e que o valor seria de cerca de R$ 35 milhões.
Nesta terça-feira, o ex-diretor
de Serviços da Petrobras Renato Duque e cinco dirigentes de empreiteiras tiveram
a prisão temporária transformada em prisão preventiva e não puderam deixar a
carceragem da PF em Curitiba. Além dos dois executivos da Camargo Corrêa, João
Ricardo Auler e Dalton dos Santos Avancini, o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara da
Justiça Federal no Paraná, decretou as prisões do presidente, José Aldemário
Pinheiro Filho, e do diretor financeiro, Mateus Coutinho Oliveira, da OAS, e de
Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia.
Duque foi mantido preso porque
foi identificada uma conta dele no Banco Cramer, na Suíça, em nome da offshore
Drenos, que seria usada para receber dinheiro de propina. A conta foi indicada
por Júlio Camargo, executivo da empresa Toyo Setal que assinou acordo de
delação premiada com o Ministério Público Federal. Duque teria recebido R$ 21
milhões por obras na Repav, na Repar e no projeto Cabiúnas 2. Apenas a Toyo
Setal, segundo os executivos, pagou a ele entre R$ 50 milhões e R$ 60 milhões
entre 2008 e 2011.
Dos diretores da Petrobras
citados pelo ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, que cumpre prisão
domiciliar após assinar acordo de delação premiada, apenas Nestor Cerveró,
ex-diretor da área Internacional da estatal, ainda não foi alvo da Lava-Jato.
Costa afirmou que a área era do PMDB, operada por Fernando Soares, que se
entregou à PF ontem.
Onze dos presos na Operação
Lava-Jato na última sexta-feira foram libertados, pois foi encerrado o prazo de
cinco dias da prisão temporária. O juiz Sérgio Moro determinou, no entanto, que
eles não podem sair do país. Foram soltos Valdir Carreiro, presidente da Iesa;
Othon Zanoide, diretor da Queiroz Galvão; Alexandre Barbosa, da OAS; Walmir
Santana, da UTC; Ildefonso Colares, da Queiroz Galvão; Otto Sparenberg, da
Iesa: Newton Prado Junior e Carlos Eduardo Strauch Albero, da Engevix; Ednaldo
Alves da Silva, da UTC; Carlos Alberto da Costa e Silva, advogado ligado ao
doleiro Alberto Youssef, e Jayme de Oliveira Filho, agente da PF lotado no
aeroporto do Galeão, apontado como um dos responsáveis pela entrega de dinheiro
a políticos e também por facilitar o trânsito internacional de emissários do
doleiro.
Fernando Soares foi preso
temporariamente por cinco dias. Aderico Negromonte Filho, irmão do ex-ministro
Mário Negromonte, segue foragido. O MPF pediu a prisão preventiva dele, mas o
juiz decidiu ouvir mais uma vez os procuradores sobre a prisão temporária
requerida. Adarico trabalhava para o doleiro e, segundo a PF, sua função era
entregar dinheiro a políticos.
Fonte: Agência O Globo.
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