COMENTÁRIO DE ROGÉRIO
JORDÃO.
REFORMA POLÍTICA PODE SER
SALDO POSITIVO DAS ELEIÇÕES 2014.
A campanha de 2014 pode ter
aberto definitivamente o caminho para a realização da (tão necessária) reforma
política. Esta foi defendida pelos principais candidatos ao longo de meses e
citada como prioridade no primeiro discurso de Dilma pós-reeleita. Parece um
consenso, mas daqueles brasileiros: na hora de detalhar do que se trata a tal reforma
cada fala sua língua, vira Torre de Babel. Com a “urgentíssima” reforma
tributária dá-se o mesmo fenômeno. Para o cidadão-eleitor, uma reforma politica
que melhore o sistema é o que se espera. Com menos fisiologismo, mais
representatividade, a atividade política, enfim, mais próxima à sociedade ou
com a habilidade de absorver seus conflitos de forma produtiva. Há, porém, uma
conjuntura nova que pode levar a propalada reforma a ser deslanchada à revelia
dos próprios partidos. O Supremo Tribunal Federal (STF) está para concluir uma
votação que proibirá a doação de empresas às campanhas eleitorais. Seis
ministros já votaram a favor. É possível que a decisão final não demore e já
valha para a eleição municipal de 2016. Aprovado o fim do financiamento por
parte de empresas, caberia à Câmara Federal reverter a decisão – mobilização
para a qual possivelmente não haverá clima no futuro próximo. Mudando a regra
de financiamento aos partidos, muda-se em efeito dominó a dinâmica do jogo. Com
menos dinheiro as campanhas terão que reduzir seus custos. Estes, até aqui,
bancados em nacos consideráveis por grupos empresariais, como empreiteiras, que
tem interesse direto nos assuntos de governo e do legislativo. Estimativas
apontam que, em média, cada campanha de deputado federal custou R$ 3 milhões.
Formam-se, assim, as bancadas do agronegócio, dos planos de saúde, dos bancos,
de armamentos (bancada da bala) – grupos com interesses específicos e que
ganham potência diante da fragmentação do sistema político, lembrando que serão
28 partidos na Câmara a partir de 2015. A discussão sobre reforma política
costuma incluir um rol de temas que vão da diminuição no número de legendas o
que seria obtido com o fim das coligações proporcionais ao calendário
eleitoral, passando pelo financiamento aos partidos. É daquelas que todos dizem
apoiar e que nunca sai. Era “essencial” para FHC e Lula, mas estes nunca a
fizeram. Se for adiante agora, terá sido um saldo positivo da campanha de 2014,
que tanto martelou a idéia de mudanças. De alguma forma já se reconheceu que o
nó brasileiro é, sobretudo, político. Agora vai?
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