JOÃO BATISTA PONTES.
Reorganização da Produção do
Croché de Nova Russas -– Capítulo 1 -
J. B. Pontes
J. B. Pontes
O croché é uma tradição de Nova
Russas, que é, por isto mesmo, conhecida como “Capital do Croché” do Ceará.
Quando nos dirigimos a Nova Russas, podemos saber que estamos perto da cidade
quando vemos as mulheres, nos alpendres das casas, conversando e fazendo
croché. Essa atividade artesanal, desenvolvida por milhares de pessoas, tem
constituído, por décadas, numa das principais fontes de renda de muitas
famílias e contribuído para movimentar toda a economia local. Pela excelente qualidade da confecção e pelo insumos utilizados, o croché de
Nova Russas ficou conhecido e admirado nacionalmente e até no exterior. Falar
de Nova Russas e não falar na pujança da confecção artesanal do croché é uma
verdadeira heresia, por demonstrar total desconhecimento da realidade local. A
produção artesanal de croché em Nova Russas tem potencial para conquistar
mercados, no Brasil e no exterior, transformando-se numa fonte de renda capaz
de trazer a prosperidade e desencadear o desenvolvimento sócio econômico da
nossa comunidade.
Mas, para isto, é preciso urgentemente um esforço para
reorganização dessa atividade, que está claramente decaindo para uma produção
de baixa qualidade, quer pelos insumos (linhas) quer pela própria mão-de-obra
empregados. E vejo com lástima o tempo passar, as oportunidades sendo perdidas,
sem ninguém se empenhe na reorganização dessa importante atividade artesanal,
intimamente vinculada às tradições laborais e culturais de Nova Russas. E
somente um caminho se apresenta como viável e adequado: a organização dessa
generalizada produção artesanal em uma cooperativa de produção e
comercialização do croché. E clamo em altos brados às lideranças locais: este é um projeto que merece ser
alvo de todo o empenho - ser debatido, estruturado e implementado; é uma
alternativa com real chance de êxito, principalmente porque é capaz de promover
uma adequada distribuição da renda! Vale a pena a união em torno do esforço
para estruturá-lo. Obstáculos? Claro que
existem muitos a serem superados, principalmente aqueles que surgirão dentro da
própria comunidade – representados pelos poucos que estão se beneficiando com a
desorganização. Mas a estruturação do trabalho dessas milhares de artesãs trará
tantos benefícios que, sem dúvida, vale a pena o esforço para vencer essas
dificuldades. E temos capacidade para estruturá-lo, mediante a integração dos
esforços, inclusive da recém-criada Escola Técnica, que em muito poderá
contribuir, por exemplo, na criação e manutenção de um site na internet, com
vistas à comercialização do produto. Trata-se de um projeto que, estruturado
nos moldes de uma economia solidária, nos permitirá avançar não só na parte
econômica, ao possibilitar maiores rendimentos para os artesões e aporte de
maior volume de recursos para movimentar a economia local, mas também e
principalmente no social, na cultura, na educação, na saúde e na distribuição
da renda gerada, como é o propósito de uma organização cooperativa do trabalho.
Vamos discutir seriamente o projeto da cooperativa dos artesões de croché de
Nova Russas? Continuarei a escrever e a clamar pela atuação das lideranças
locais para tornar realidade este projeto.
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