sexta-feira, 7 de novembro de 2014

COMENTÁRIO DO NOVARRUSSENSE JOÃO BATISTA PONTES

 COMENTÁRIO
JOÃO BATISTA PONTES.

Reorganização da Produção do Croché de Nova Russas -– Capítulo 1 -
J. B. Pontes

O croché é uma tradição de Nova Russas, que é, por isto mesmo, conhecida como “Capital do Croché” do Ceará. Quando nos dirigimos a Nova Russas, podemos saber que estamos perto da cidade quando vemos as mulheres, nos alpendres das casas, conversando e fazendo croché. Essa atividade artesanal, desenvolvida por milhares de pessoas, tem constituído, por décadas, numa das principais fontes de renda de muitas famílias e contribuído para movimentar toda a economia local.  Pela excelente qualidade da confecção e pelo insumos utilizados, o croché de Nova Russas ficou conhecido e admirado nacionalmente e até no exterior. Falar de Nova Russas e não falar na pujança da confecção artesanal do croché é uma verdadeira heresia, por demonstrar total desconhecimento da realidade local. A produção artesanal de croché em Nova Russas tem potencial para conquistar mercados, no Brasil e no exterior, transformando-se numa fonte de renda capaz de trazer a prosperidade e desencadear o desenvolvimento sócio econômico da nossa comunidade. 

Mas, para isto, é preciso urgentemente um esforço para reorganização dessa atividade, que está claramente decaindo para uma produção de baixa qualidade, quer pelos insumos (linhas) quer pela própria mão-de-obra empregados. E vejo com lástima o tempo passar, as oportunidades sendo perdidas, sem ninguém se empenhe na reorganização dessa importante atividade artesanal, intimamente vinculada às tradições laborais e culturais de Nova Russas. E somente um caminho se apresenta como viável e adequado: a organização dessa generalizada produção artesanal em uma cooperativa de produção e comercialização do croché.  E clamo em altos brados às lideranças locais: este é um projeto que merece ser alvo de todo o empenho - ser debatido, estruturado e implementado; é uma alternativa com real chance de êxito, principalmente porque é capaz de promover uma adequada distribuição da renda! Vale a pena a união em torno do esforço para estruturá-lo.  Obstáculos? Claro que existem muitos a serem superados, principalmente aqueles que surgirão dentro da própria comunidade – representados pelos poucos que estão se beneficiando com a desorganização. Mas a estruturação do trabalho dessas milhares de artesãs trará tantos benefícios que, sem dúvida, vale a pena o esforço para vencer essas dificuldades. E temos capacidade para estruturá-lo, mediante a integração dos esforços, inclusive da recém-criada Escola Técnica, que em muito poderá contribuir, por exemplo, na criação e manutenção de um site na internet, com vistas à comercialização do produto. Trata-se de um projeto que, estruturado nos moldes de uma economia solidária, nos permitirá avançar não só na parte econômica, ao possibilitar maiores rendimentos para os artesões e aporte de maior volume de recursos para movimentar a economia local, mas também e principalmente no social, na cultura, na educação, na saúde e na distribuição da renda gerada, como é o propósito de uma organização cooperativa do trabalho. Vamos discutir seriamente o projeto da cooperativa dos artesões de croché de Nova Russas? Continuarei a escrever e a clamar pela atuação das lideranças locais para tornar realidade este projeto.

*João Batista Pontes – novarrussense – servidor inativo do senado federal – geólogo – matemático - escritor – jornalista – bacharelando em Direito – residente em Brasília DF. 


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