SOCIEDADE SEM ESTADO
Gilson
Barbosa
Desde as manifestações ocorridas
em grandes e médias cidades do país, a partir da Copa das Confederações, grupos
formados por jovens arruaceiros misturaram-se àqueles que, ordeira e
democraticamente, tomaram as ruas para bradar contra a falta do "padrão FIFA"
na aplicação dos recursos públicos em benefício da população. Tal mistura
explosiva redundou nos terríveis confrontos de rua que, notadamente em cidades
como Rio de Janeiro e São Paulo, causaram a destruição do patrimônio público e
privado, onde policiais viram-se completamente acuados diante da fúria de
supostos manifestantes - vândalos, na verdade - que chegaram a agredir
fisicamente alguns daqueles militares, infligindo-lhes, em vários casos, graves
ferimentos.
A morte do cinegrafista Santiago
Andrade, da TV Bandeirantes, nas recentes escaramuças do Rio de Janeiro, reabre
os debates sobre o que deve ser feito, com urgência urgentíssima, para acabar
com esse terrorismo urbano. O auxiliar de limpeza Caio Silva de Souza e o
tatuador Fábio Raposo - responsáveis pela morte do profissional - devem ser
rigidamente punidos, sem dúvida. Ambos levaram a óbito um pai de família que
trabalhava naquele momento, tendo sido agredido por componentes de grupos
anarquistas que desafiam a ordem pública, afrontando-a, desmoralizando-a, sem
que punições realmente duras sejam impostas pelo Estado contra esses
transgressores. A continuar assim, os cidadãos de bem preferirão cada vez mais
ficar em suas casas como prisioneiros num gueto, receosos de ganharem as ruas
para viverem normalmente.
Quanto ao ministro da Justiça,
que anuncia a criação de projetos para punir autores de crimes ocorridos em
manifestações, bem melhor faria se se empenhasse mais na reforma do sistema
repressivo nacional, que infelizmente impede qualquer ressocialização dos
presos e não tem condição sequer de mantê-los nas penitenciárias de forma a não
agredirem, de lá, as pessoas que vivem apavoradas aqui fora. A sociedade está
desprotegida e se ressente da proteção eficaz e constante do Estado brasileiro,
que precisa enxergar esta trágica realidade.
*Gilson Barbosa – Jornalista – (da coluna – Idéias – DN).
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