segunda-feira, 3 de março de 2014

OPINIÃO - SOCIEDADE SEM ESTADO

 OPINIÃO
SOCIEDADE SEM ESTADO

Gilson Barbosa

Desde as manifestações ocorridas em grandes e médias cidades do país, a partir da Copa das Confederações, grupos formados por jovens arruaceiros misturaram-se àqueles que, ordeira e democraticamente, tomaram as ruas para bradar contra a falta do "padrão FIFA" na aplicação dos recursos públicos em benefício da população. Tal mistura explosiva redundou nos terríveis confrontos de rua que, notadamente em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, causaram a destruição do patrimônio público e privado, onde policiais viram-se completamente acuados diante da fúria de supostos manifestantes - vândalos, na verdade - que chegaram a agredir fisicamente alguns daqueles militares, infligindo-lhes, em vários casos, graves ferimentos.
A morte do cinegrafista Santiago Andrade, da TV Bandeirantes, nas recentes escaramuças do Rio de Janeiro, reabre os debates sobre o que deve ser feito, com urgência urgentíssima, para acabar com esse terrorismo urbano. O auxiliar de limpeza Caio Silva de Souza e o tatuador Fábio Raposo - responsáveis pela morte do profissional - devem ser rigidamente punidos, sem dúvida. Ambos levaram a óbito um pai de família que trabalhava naquele momento, tendo sido agredido por componentes de grupos anarquistas que desafiam a ordem pública, afrontando-a, desmoralizando-a, sem que punições realmente duras sejam impostas pelo Estado contra esses transgressores. A continuar assim, os cidadãos de bem preferirão cada vez mais ficar em suas casas como prisioneiros num gueto, receosos de ganharem as ruas para viverem normalmente.
Quanto ao ministro da Justiça, que anuncia a criação de projetos para punir autores de crimes ocorridos em manifestações, bem melhor faria se se empenhasse mais na reforma do sistema repressivo nacional, que infelizmente impede qualquer ressocialização dos presos e não tem condição sequer de mantê-los nas penitenciárias de forma a não agredirem, de lá, as pessoas que vivem apavoradas aqui fora. A sociedade está desprotegida e se ressente da proteção eficaz e constante do Estado brasileiro, que precisa enxergar esta trágica realidade.

*Gilson Barbosa – Jornalista – (da coluna – Idéias – DN).




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