REPASSE PARA A CONTA DE LUZ VAI TER IMPACTO NA
INFLAÇÃO DE 2015.
Além do
aumento da tarifa de energia, outra parte do ônus que recairá sobre o
brasileiro virá com aumento de imposto.
O pacote do governo de socorro ao
setor elétrico é um anúncio “de mais inflação para frente”, avalia o economista
Fábio Romão, da LCA Consultoria. “Mais um elemento que dificulta o Índice de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficar dentro dos 6,5%, que é o topo da meta
de inflação. O cenário já não é bom, e esse é mais um fator que pesa. É uma
equação difícil de fechar”, afirmou.
Para ele, “o impacto deve ficar
mais para a frente, pois há um escalonamento do repasse ao longo do tempo. Além
disso, pode ter reflexo indireto em outros preços da economia, pois interfere
no preço de outros produtos e não apenas na energia residencial. Segundo Romão,
as medidas também terão impacto fiscal, embora ainda não seja possível estimar
o peso dos novos aportes.
Na opinião de Zeina Latif,
economista-chefe da XP Investimentos, seria melhor o governo promover um ajuste
imediato de tarifa, mesmo que escalonado, ainda que gere impacto na inflação.
Para ela, seria uma alta momentânea, diferente de um processo inflacionário.
“Não ajustar a tarifa é um sinal equivocado”, avalia.
“A sociedade tem de ter
maturidade para entender que é um momento de ajuste e que o consumo de energia
precisa ser desestimulado”, diz Zeina. Para ela, uma medida nesse sentido
ajudaria até mesmo a melhorar a imagem externa do Brasil.
O economista-chefe do Banco
Fator, José Francisco Lima Gonçalves, considera o pacote positivo, dada a
situação de incerteza que havia entre as distribuidoras. “O pacote sinaliza
como e quem vai pagar a conta do aumento do custo de energia.”
Do ponto de vista dos preços,
Gonçalves diz que o repasse de parte desse custo para a conta de luz dos
consumidores terá impacto inflacionário em 2015. Mas observa que ainda não
estimou quanto o IPCA do ano que vem pode subir por causa disso. “Mas essas
medidas vão doer na tarifa do ano que vem”.
Felipe Salto, da Tendências, vê o
pacote como “correto para equacionar uma conta que não fechava, mas a um custo
elevado”, que será o impacto na inflação, nas contas públicas e nos programas
que deixarão de receber investimentos porque o governo terá de usar recursos
para bancar parte da conta.
Juros.
Romão
diz que o anúncio “reforça a expectativa de aumento da taxa Selic nas próximas
duas reuniões do Copom, de abril e maio, em torno de 0,25 ponto porcentual”. Em
relação à inflação, ele lembra que o mercado já previa um aumento de preços nas
distribuidoras de energia, estimados em 6,7% em relação aos preços consolidados
no conjunto de distribuidoras do País. “Em comparação ao ano passado, quando
houve queda de 15,7%, é muito”.
O economista-chefe do Besi
Brasil, Jankiel Santos, ressalta que, além de não indicar claramente qual será
o ônus do consumidor final, o governo não informou quais tributos poderão ser
elevados para compensar o aporte adicional do Tesouro à Conta de
Desenvolvimento Energético (CDE). Em sua avaliação, dúvidas ainda persistem. “O
governo diz que vai ter o recurso, mas não diz de onde vem; diz que vai
aumentar imposto, mas não diz qual.”
Fonte: Agência Brasil.
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