quarta-feira, 26 de março de 2014

MATÉRIA DO PROFESSOR ANTONIO ROBERTO

 DR. ANTONIO ROBERTO.

...BOTAR ÁGUA COM UM CESTO...


            A minha geração de novarussenses conviveu com vários personagens folclóricos aqui da terrinha. Muitos ainda povoam nossa mente com recordações que nos melhora o humor. Uma destas pessoas era a Tenêga. Tida como louca, era de certo modo o que hoje chamamos de “morador de rua”.

             Muitos adultos lhe faltavam com o respeito, notadamente os que trabalhavam no “Mercado Velho”, a meninada “amolecada” atentava com ela sempre que sempre. Naquela sociedade quem não era louco acabava ficando. Aconteceu num certo tempo que a embarcaram no trem para um hospício em Fortaleza. Imaginem como seria um sanatório naqueles anos...

             Aconteceu que passado pouco tempo, a Tenêga desceu do trem livre e desimpedida conforme os dizeres da época. De imediato pessoas foram interroga-la para saber como ela tinha fugido e voltado para Nova-Russas. - Fugi não meu fi, taqui o papel, me butaram no trem e mandaram simbora. Mas o que aconteceu que te mandaram embora?

               Contou então a velha sofrida: - Quando eu cheguei lá me deram um cesto mode eu ir butar água. Ai eu disse, eu num sou doida não prá mode butar agua cum cesto, daí me mandaram prá casa. Naquele tempo as pessoas “botavam” água das cacimbas do Rio Curtume em latas ou em canecos, mas em cestos, nem a louca.

                - Eu não sou médico, mas tenho convivido toda minha vida com eles e acho que conheço o problema que a classe atravessa. Em minha opinião resolver tal problema trazendo médicos de Cuba é a mesma coisa que “botar” água com um cesto.

 *Antônio Roberto Mendes Martins - novarrussense - Mestre em Física – Professor Universitário (UFC)– residente em Nova-Russas.


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