NÃO À DITADURA DA VIOLÊNCIA
João Batista Pontes
Alguns pontos de ônibus de Brasília amanheceram esta
semana pichados com a expressão: “não vai ter copa – RECC”. Ato inconsequente?
Ou campanha organizada? Que gente é esta, que mais parece uma organização
criminosa? Penso que se trata aqui de decisão de uma minoria, inteiramente
desvinculada da vontade do povo brasileiro, senão vejamos: 1) a nossa índole é,
foi e sempre será pacífica e hospitaleira. Temos enorme prazer em receber bem
os “de fora”; 2) o futebol é uma “instituição” nacional de primeira mão, do
povo brasileiro, que nos confere identidade e já contribuiu para a nossa
projeção internacional. Portanto, nada há de estranho no fato de sermos sede de
uma competição internacional de futebol; 3) elevados recursos, públicos e
privados, já foram investidos na preparação do evento, estando tudo preparado
para a “colheita” dos resultados; 5) o evento pode e vai contribuir para
consolidar a nossa vocação natural para o turismo, setor que tem participado
significativa e crescentemente da nossa economia; 6) o direito de manifestação,
ínsito a uma sociedade democrática e pluralista, não pode obstar a que os
outros exercitem o seu direito de escolha. E, sem dúvida, a maioria do povo
brasileiro escolheu participar da copa. Neste
contexto, a oposição à realização da copa por meio da violência, como quer essa
minoria inconsciente e inconsequente, só servirá para nos causar danos
irreparáveis, tanto à nossa liberdade de ir e vir, como à economia do País e à
paz social. Sob todos os ângulos de análise, tais manifestações minoritárias
somente podem nos trazer prejuízos, no curto, médio e longo prazo, funcionando,
de forma marcante, como elemento inibidor do turismo, uma atividade que nos tem
trazido e tem potencial para continuar a nos possibilitar enormes ganhos
socioeconômicos.
Evidente que não se pode deixar de valorizar as manifestações contrárias à forma como foram organizados e realizados os preparativos para a copa; o dispêndio de vultosos recursos na preparação da infraestrutura, em detrimento dos investimentos no atendimento das necessidades básicas da sociedade brasileira; a má gestão e os eventuais desvios de recursos etc.
Aliás, temos que reconhecer que um dos grandes legados que o evento poderá nos deixar será o de ter despertado o povo brasileiro para a necessidade de maior participação nas decisões que envolvem os seus interesses e que isto exige um esforço de todos para melhor entender a complexa realidade política, econômica e social na qual estamos inseridos.
É fundamental que a sociedade continue a luta contra a corrupção; que persista nas reivindicações pela priorização dos investimentos governamentais na concretização de políticas públicas, adequadamente planejadas e executadas, voltadas ao atendimento das demandas sociais; que exija a apuração de irregularidades na gestão pública e responsabilização dos gestores corruptos. Mas tudo isto de forma pacífica, como quer a maioria do povo brasileiro. Não vamos nós, maioria, mais uma vez nos omitir e deixar que uma minoria inconsciente e inconsequente domine pela violência e venha nos causar danos irreparáveis. Unamos as nossas vozes contra a violência, de toda desnecessária no contexto democrático em que procuramos viver, no qual existem possibilidades de construirmos mais e mais canais de interlocução entre os diversos segmentos da sociedade e os governantes.
Também precisamos deixar claro que não aceitaremos que interesses politiqueiros, vinculados à luta do poder pelo poder, venham a se sobrepor aos interesses maiores do nossa sociedade.
*João Batista Pontes, novarrussense – Escritor - Geólogo – sociólogo - matemático – Consultor Legislativo inativo do Senado Federal - área Orçamento Público.
– bacharelando em direito.
– residente em Brasília DF.
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