...BOTAR
ÁGUA COM UM CESTO...
A minha geração de novarussenses conviveu com
vários personagens folclóricos aqui da terrinha. Muitos ainda povoam nossa
mente com recordações que nos melhora o humor. Uma destas pessoas era a Tenêga.
Tida como louca, era de certo modo o que hoje chamamos de “morador de rua”.
Muitos adultos lhe faltavam com o respeito, notadamente os que trabalhavam no
“Mercado Velho”, a meninada “amolecada” atentava com ela sempre que sempre.
Naquela sociedade quem não era louco acabava ficando. Aconteceu num certo
tempo que a embarcaram no trem para um hospício em Fortaleza. Imaginem como
seria um sanatório naqueles anos...
Aconteceu
que passado pouco tempo, a Tenêga desceu do trem livre e desimpedida conforme
os dizeres da época. De imediato pessoas foram interroga-la para saber como ela
tinha fugido e voltado para Nova-Russas. - Fugi não meu fi, taqui o papel, me
butaram no trem e mandaram simbora. Mas o que aconteceu que te mandaram embora?
Contou então a velha sofrida: Quando eu cheguei lá me deram um cesto mode eu ir
butar água. Ai eu disse, eu num sou doida não prá mode butar agua cum cesto,
daí me mandaram prá casa. Naquele tempo as pessoas “botavam” água das cacimbas
do Rio Curtume em latas ou em canecos, mas em cestos, nem a louca.
Eu não sou médico, mas tenho convivido toda minha vida com eles e acho que
conheço o problema que a classe atravessa. Em minha opinião resolver tal
problema trazendo médicos de Cuba é a mesma coisa que “botar” água com um
cesto.
*Antônio Roberto
Mendes Martins - novarrussense - Mestre em Física – Professor
Universitário (UFC)– residente em Nova-Russas.
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