terça-feira, 25 de março de 2014

SUCESSÃO ELEITORAL NO CEARÁ

 SUCESSÃO ESTADUAL (CE)

GOVERNO E SENADO

Para aliados, Cid sai e indica nomes do PROS.

O secretário da Saúde, Ciro Gomes, lamenta uma possível interrupção do mandato do irmão Cid Gomes, mas não descarta candidatura ao Senado.
 
Diante da possibilidade de o governador Cid Gomes renunciar ao mandato até o dia 5 de abril para garantir uma candidatura do irmão Ciro Gomes ao Senado, dirigentes partidários aliados ao chefe do Executivo cearense minimizam o impacto de uma possível saída e ponderam que o cenário não está totalmente desenhado. Já Ciro Gomes se mostra resistente em disputar vaga no Legislativo, mas não descarta a chance. Apoiadores da gestão também não cogitam a chance de Cid chancelar a candidatura de outro partido que não o PROS ao Governo do Estado.
Em entrevistas à imprensa, o governador cearense tem afirmado que vai consultar sua base sobre a decisão de deixar o cargo no Palácio da Abolição antes do previsto. O secretário estadual da Saúde, Ciro Gomes, lamentou ontem, na reunião do Monitoramento de Ações e Programas Prioritários (MAPP), a interrupção do mandato do irmão. "Cid é uma pessoa extraordinária e, mais do que ir ao Senado, o que vejo com muita pena é um jovem talentoso ter que interromper sua carreira política",

O presidente estadual do PDT, deputado André Figueiredo, afirma que a sigla já vinha trabalhando com a hipótese de Cid renunciar ao cargo, acrescentando que a saída do governador não deve trazer impactos ao núcleo pedetista no Ceará. "Para a gente não muda nada. Queremos participar do processo de construção do projeto para os próximos anos", declara.

Afinidade

"Até porque creio que vai continuar a mesma equipe de secretários, com a mesma pegada", completa. Ele acredita que o nome a disputar o Governo, com o carimbo da atual gestão, vai passar por processo de discussão interna no partido. "Se forem só os nomes que se colocam, como o do (secretário das Cidades) Camilo Santana (do PT), temos uma boa afinidade", aponta.

Mesmo enfatizando que a saída de Cid do Governo antes do dia 31 de dezembro já era esperada, Figueiredo garante que o governador não havia verbalizado a possibilidade aos aliados. "Em nenhum momento ele chegou a falar. Nas vezes que nos reunimos, ele falou que estava pensando em continuar até o fim do governo, a não ser que o Ciro quisesse se candidatar", pontua.

O presidente do PMDB no Ceará, senador Eunício Oliveira, pretenso postulante a governador, demonstra incômodo com o questionamento sobre a provável ruptura com Cid. "Acho engraçado que nunca me perguntam da possibilidade de eu ter apoio da aliança. Sempre é o candidato do PT, o nome do PROS. Pelo menos que eu saiba, ele não confirmou nada ainda", critica, ao repetir que não discutirá sucessão estadual via imprensa.

Para o peemedebista, é normal e legítima a saída antes do fim do mandato, já que o governador teria "pretensões políticas futuras". Informa também que já sinalizou a Cid que gostaria de se reunir com ele até o fim da semana para discutir o cenário político cearense. Porém, não há data marcada para a reunião. "Ele não sinalizou nada para nenhum partido. É normal que ele adie o máximo, porque tem outras pretensões que vão além da política", destaca o senador.

O deputado federal Genecias Noronha, que lidera o Partido Solidariedade no Ceará, informa que só vai reavaliar a aliança estadual se Cid decidir apoiar um nome de outro partido ao Governo. Porém, considera improvável que isso ocorra. "Acho muito difícil, não faz sentido, acho que é especulação", responde, acrescentando que o PT deve ser acomodado como vice na chapa majoritária. Em nível nacional, a legenda recém-criada se opõe à reeleição da presidente petista Dilma Rousseff.

Previsões

O dirigente faz questão de ressaltar que a decisão sobre a sucessão no Estado é coletiva, embora Cid ainda não tenha procurado os aliados. "O governador não vai apoiar ninguém sem conversar com os partidos. Nunca foi discutido isso. Não vejo ainda como uma coisa fechada. Há hipótese de ele se afastar. Eu me afastaria", opina.

O presidente estadual do PHS, deputado Tin Gomes, acredita que Cid poderá permanecer à frente do Governo, mas evita fazer previsões. "Eu acho que ele não deixaria o Governo, mas, caso pense em deixar, deverá reunir os partidos aliados", diz, destacando que a intenção é agradar as siglas aliadas que fiquem de fora do pleito majoritário com cargos na gestão.

Caso Ciro Gomes confirme a postulação ao Senado, Inácio Arruda ficará sem espaço para a reeleição, pela falta de apoio que viabilize sua eleição. Para Tin Gomes, a única opção seria oferecer ao partido mais espaço nas secretarias estaduais. "O PROS tem Governo, Prefeitura de Fortaleza, a maioria das prefeituras cearenses, 11 deputados e o governador politicamente é muito forte no Estado, então não tem sentido não eleger candidato do PROS", sentencia.

Tin Gomes avalia que a renúncia de Cid não traz mudanças ao PHS. Ele lembra que a investida de Ciro Gomes como senador é uma projeção para a candidatura dela à Presidência da República pelo PROS em 2018.

A respeito das investidas de Eunício Oliveira ao Governo, o parlamentar questiona: "Se o PMDB tivesse todo esse poder do PROS no Ceará, ele abriria mão de lançar candidato no Estado? Eu acho que não. Ninguém deve nada a ninguém. Só quem não se beneficiou (do Governo) foram os partidos pequenos".

Renúncia amplia divisão no PT

A notícia de que Cid Gomes poderá deixar o Governo Estadual em prol da candidatura de Ciro Gomes ao Senado repercutiu, ontem, entre as lideranças do PT. Antes da reunião do governador com o secretariado, um grupo petista esteve com Cid e lá mesmo ficou exposta a divergência petista quanto à participação na chapa majoritária que disputará o Governo e a vaga no Senado.

O grupo do deputado José Guimarães diz que o PT decidiu pela vaga de senador na chapa. Os grupos dos deputados Artur Bruno e Professor Pinheiro e do vereador Acrísio Sena diz que não. O partido quer participar da chapa majoritária, mas não necessariamente para disputar a vaga de senador.

No fim da tarde de ontem, o deputado Artur Bruno enviou uma nota retificando a informação, ao esclarecer que a legenda ainda não fechou posição sobre o assunto.

Assinam a nota, além de Bruno, que é da corrente Reencantando, o deputado Professor Pinheiro, da tendência Esquerda Popular e Socialista, e o vereador Acrísio Sena, da Militância Socialista. "No próximo sábado, participaremos do Encontro do PT para discutir os rumos do nosso partido no processo eleitoral de 2014. Levaremos ao evento uma resolução defendendo a unificação da base aliada no Ceará", ressalta o texto.

Definição

Enfatizando a defesa pela participação do PT na chapa majoritária, as lideranças fazem a ressalva de que essa não será a única opção cogitada pelo partido. "Diferentemente do que foi divulgado nos veículos de comunicação (...) ainda não há definição se essa participação será na disputa ao Senado Federal".

Ontem à noite, o governador tinha programado prestigiar o deputado José Guimarães, o seu principal interlocutor dentro do PT, na solenidade em que ele recebeu o título de cidadão fortalezense, na Câmara Municipal.

A divergência expõe ainda mais a divisão por que passa o PT no Estado. Em fevereiro, lideranças ligadas à Luizianne Lins fizeram um ato na Assembleia Legislativa defendendo a candidatura da ex-prefeita ao Governo do Estado. Poucos dias depois, petistas próximos ao deputado Guimarães foram ao mesmo espaço defender o contrário. O assunto será discutido no encontro da legenda que ocorre sábado.

Fonte: DN.






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