COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
FISIOLOGISMO CLÁSSICO.
Nobres:
Reproduz em torno das
articulações visando ter acertos políticos definidos genericamente como
pragmáticos, mas na verdade marcados pelo fisiologismo. É um fato reentrante,
que apenas se intensifica com a proximidade das eleições e a reforma
ministerial para a liberação de ministros e altos funcionários que pretendem se
candidatar. Congresso e Executivo participam abertamente das trocas, que se
caracterizam por conchavos, ataques e chantagens. Não são apenas as
circunstâncias, mas a própria estrutura do governo, que acolheu desde o início
os mais variados interesses, que favorecem e inspiram os movimentos.
Consolida-se, a poucos meses do pleito, a ideia de que somente assim é que se
viabiliza a governabilidade. É um argumento incorporado à política brasileira,
incansável no esforço para potencializar seus defeitos. É claro que a atividade
pública depende de entendimentos, de concessões e de alianças programáticas
pontuais ou duradouras. O que não é natural, em qualquer democracia, é a
exacerbação de acordos que se transformam em alianças espúrias. Agora mesmo,
persiste o conflito entre importante contingente da base aliada e o Planalto.
Configura-se um racha no maior partido de apoio ao governo, a partir dos
movimentos de setores que pretendem ampliar a participação do PMDB no
Executivo. Os cinco ministérios que a agremiação detém seriam poucos para que
os peemedebistas continuem assegurando respaldo incondicional às iniciativas
governamentais no Congresso. Além dos ministérios, entram em disputa cargos do
segundo escalão, invariavelmente os que envolvem visibilidade ou farta
distribuição de recursos. Tudo em nome do que publicamente pode ser anunciado
como adesão às ideias e aos projetos do Executivo, mas que nos bastidores é uma
batalha feroz por cadeiras que assegurem poder, verbas e, mais adiante, votos.
O resultado desse embate, ainda sem um desfecho, é a obstrução da pauta do
Congresso. Projetos como os que tratam do marco civil da Internet e da renegociação
das dívidas dos Estados passam a ser vistos pelos aliados rebeldes como
pretextos para barganhas. Os reais interesses do país submergem em meio a essas
disputas. O rebaixamento da política chegou a um estágio preocupante, captado até mesmo
pelos marqueteiros do Planalto. Segundo os especialistas em avaliar os humores
do eleitor, quanto mais enfrentar os políticos, expondo suas manobras, mais a
presidente se fortalece junto à população. Isso quer dizer que pode ser
inclusive pela desqualificação de parte da representação parlamentar que o
próprio Executivo conseguirá se fortalecer. É uma situação que talvez explique
a desconexão entre fatos comprovadamente desfavoráveis ao governo, de um lado,
e as pesquisas de opinião que respaldam a popularidade da Presidência. Ou
estamos no alto estágio da cultura do eleitor que passa a empreender razões de
conscientização, ou estamos navegando na base do desconhecimento da subserviência
natural do eleitor sendo protegidos de programas que visem conciliar “os eternos
currais eleitorais que hoje estão modernizados através dos programas sociais do
poder executivo que engordam essa premissa”
Essas amostragens, tem amplo significado de forma indispensável e que
continue para não fazer às escolhas baseadas na competência e na ética e para desprezar
a moralização das relações entre os dois poderes. Tem que ser julgo coerente.
Antônio Scarcela Jorge.
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