PT DEFENDE AFASTAR RELATOR DO TCU; OPOSIÇÃO DIZ QUE DECISÃO É
'PATÉTICA'.
AGU informou que pedirá saída do
relator de processo sobre ‘pedaladas’.
Para oposição, governo tenta ganhar tempo; PT pede julgamento 'técnico’.
Líderes de partidos da oposição reagiram nesta
segunda-feira (5) à decisão do governo de pedir o
afastamento do ministro Augusto Nardes da relatoria e do
julgamento do processo que analisa, no Tribunal de Contas da União (TCU), as
contas do ano passado da presidente Dilma Rousseff.
Enquanto parlamentares do
PSDB e do DEM defendem a atuação de Nardes e acusam o governo de querer
"ganhar tempo", classificando de "patética" a iniciativa do
Palácio do Planalto, líderes governistas defendem que declarações recentes do
ministro do TCU impossibilitam a permanência dele como relator do caso.
Em entrevista coletiva no último domingo (4), os
ministros Luís Inácio Adams (Advocacia-Geral da União), José Eduardo Cardozo
(Justiça), e Nelson Barbosa (Planejamento) disseram que
Nardes cometeu uma irregularidade ao manifestar opinião e antecipar
publicamente o voto que deverá apresentar na sessão desta quarta-feira
(7) do tribunal de contas.
O ministro-chefe da AGU afirmou, na entrevista, que o
regimento interno do TCU e a lei orgânica da magistratura, as quais os
ministros do tribunal de contas estão submetidos, proíbem os magistrados de
emitir opinião sobre processos que eles estão conduzindo.
Augusto Nardes divulgou nota após as falas dos
ministros, em que diz
"repudiar" as críticas do governo e explicou que disponibilizou seu
relatório para os demais ministros do TCU, como manda o regimento interno.
Para o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional
do PSDB, o governo tenta "desqualificar" o Tribunal de Contas da
União.
"O governo age como um time que, vendo que está
perdendo de goleada a partida, pede para mudar o juiz. Chega a ser patética
essa tentativa extrema de buscar desqualificar o Tribunal de Contas da União e
os pareceres técnicos elaborados com rigor e isenção", disse o tucano.
"Eu acho um equívoco. Acho que não é um caminho correto
para tentar questionar politicamente uma decisão de cunho técnico",
criticou Neto ao G1.
Ele ponderou ainda que Augusto Nardes é
um dos ministros com menos relação política no tribunal. "Vários outros
vieram da política. Ele, não", disse.
O
posicionamento do ministro Nardes ao longo desse processo é lamentável. “Nunca
se politizou tanto o julgamento das contas de um presidente da República quanto
agora”
"Parece que o governo receia que o relatório do
TCU mostre com números que o valor gasto ilegalmente pela presidente para se
eleger é o que ela está querendo agora, cobrar em impostos novos da sociedade
brasileira", disse Agripino, em nota divulgada à imprensa.
Já o deputado Silvio Costa (PSC-CE), um dos
vice-líderes do governo na Câmara, afirma que Augusto Nardes age "a
serviço da oposição" e deve ser afastado do caso.
"O posicionamento do ministro Nardes ao longo
desse processo é lamentável. Nunca se politizou tanto o julgamento das contas
de um presidente da República quanto agora. Ele feriu a Lei da Mistratura,
porque nenhum ministro pode antecipar o seu voto", disse ao G1.
"Desde que assumiu a relatoria, ele tem aparecido
na mídia nacional dizendo que vai rejeitar essas contas. Quem primeiro fez
‘pedalada fiscal’ foi o PSDB, no governo FHC, e Nardes não está seguindo a
jurisprudência do tribunal, que aprovou esse procedimento", completou
Costa.
Discursos.
Parlamentares da oposição e do governo usaram o
plenário do Senado nesta segunda para falar do assunto.
A senadora petista Gleisi Hoffmann (PR) defendeu a
posição do governo de pedir o afastamento do ministro Augusto Nardes do
julgamento das contas do governo de 2014. Ela disse que “o governo até demorou
a fazer esse questionamento”.
O senador tucano Aloysio Nunes Ferreira (SP) usou a
tribuna do plenário da Casa para criticar a decisão do governo de pedir a substituição
de Nardes na relatoria do processo. Segundo ele, a intenção do Executivo é
"tentar tumultuar o processo levantando acusação de arguição de suspeição
quando não há nada que justifique". De acordo com o senador, essa ação do
governo está "fadada ao fracasso".
A chamada argüição de suspeição é o processo para
afastar de um caso um magistrado que se desconfie de ser parcial em um caso.
Fonte: Agência Brasil.
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