Advogado disse que empresa não tem relação com investigações.
Lobista e ex-conselheiro do Carf foram presos preventivamente.
Uma ação conjunta da Polícia Federal, Ministério
Público e Corregedoria do Ministério
da Fazenda deflagrou nesta segunda-feira (26) uma nova fase da
Operação Zelotes, com cinco pessoas presas preventivamente. Além disso, foram
realizadas buscas e apreensões em uma empresa de um filho do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, Luís Cláudio Lula da Silva.
A Zelotes investiga fraudes em julgamentos no Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), ligado ao Ministério da Fazenda.
Segundo a PF, esta nova etapa da operação investiga um consórcio de empresas
que, além de manipular julgamentos dentro do Carf, negociava incentivos fiscais
a favor de empresas do setor de automóveis.
Segundo as investigações, a LFT, empresa de Luís
Cláudio, recebeu pagamentos do escritório Marcondes e Mautoni,
investigado na Zelotes por ter atuado de forma ilegal pela aprovação da MP 471,
que beneficiou o setor automotivo.
De acordo com nota do advogado Cristiano
Zanin, que representa as duas empresas do filho de Lula (LFT e Touchdown), as
empresas não têm "qualquer relação, direta ou indireta, com o Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais (CARF)".
Nesta etapa da Zelotes foram presos o lobista
Alexandre Paes dos Santos, o ex-conselheiro do Carf José Ricardo da Silva, o
sócio dele, Eduardo Valadão, e dois sócios de escritórios suspeitos de captar
clientes para o esquema, Cristina Mautoni e Mauro Marcondes, vice-presidente da
Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea). A associação não se
manifestou sobre a prisão.
Além dos mandados de prisão preventiva, esta etapa da
operação tem 8 mandados de busca e apreensão e 9 de condução coercitiva (quando
a pessoa é levada para a polícia para prestar depoimento e depois é liberada).
Agentes executaram os mandados nos estados de São Paulo, Piauí, Maranhão e no Distrito Federal.
Setor
automotivo.
De acordo com a PF, as provas indicam que houve
corrupção de agentes públicos para que uma lei que beneficiasse o setor automotivo
fosse elaborada e, depois, aprovada.
Investigadores dizem que se trata da MP 471, que
prorrogou incentivos tributários por cinco anos. A MP foi aprovada pelo senado
em março de 2010, sancionada pela presidência e virou lei no mês seguinte.
Fases da
Zelote.
A Operação
Zelotes começou em 26 de março de 2015. O esquema investigado, de acordo com a
PF, consistia em pagamento de propina para integrantes do Carf com o objetivo
de anular ou reduzir débitos tributários de empresas com a Receita Federal.
Segundo as investigações da PF, o esquema teria
fraudado até R$ 19 bilhões da Receita. Na primeira fase da operação, agentes da
PF apreenderam
R$ 1 milhão em espécie, além de carros de luxo, em duas casas de Brasília.
Em setembro, agentes da PF fizeram buscas em
escritórios de contabilidade de São Paulo, do Rio Grande do Sul e do DF.
No dia 8 de outubro a PF fez a 3ª fase da
Zelotes e cumpriram sete mandados de busca e apreensão em
Brasília e no Rio de Janeiro.
As investigações apontam que conselheiros suspeitos de
integrar o esquema criminoso passavam informações privilegiadas de dentro do
Carf para escritórios de assessoria, consultoria ou advocacia.
Esses escritórios, de acordo com os investigadores,
procuravam empresas multadas pela Receita Federal e prometiam
controlar o resultado dos julgamentos de recursos.
A Polícia Federal aponta que, para isso, além de
promover tráfico de influência, o grupo corrompia conselheiros envolvidos com o
julgamento dessas multas e manipulava o andamento dos processos com a venda de
pedidos de vista ou alteração da pauta de julgamentos.
Muitas dessas consultorias, ainda conforme as
investigações tinham como sócios conselheiros e ex-conselheiros do Carf.
A PF
suspeita que, em troca dessas facilidades, empresas multadas pagavam propina.
Segundo os investigadores, boa parte dos supostos honorários pagos pelas
empresas a título de consultoria era, na verdade, repasse de propina.
Fonte: G1 – BR.
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