TCU ABRE PROCESSO
PARA APURAR SE ‘PEDALADAS’ CONTINUARAM EM 2015.
Irregularidades haviam sido
apontadas pelo Ministério Público junto à corte.
Prática está entre as razões que fizeram TCU aprovar rejeição das contas.
< O Tribunal de Contas da União (TCU) abriu um processo
para investigar se a prática de atrasar repasses a bancos públicos, conhecida
como “pedalada fiscal”, continuou sendo adotada pelo Executivo em 2015. A
denúncia consta em representação
do Ministério Público junto ao TCU, protocolada na semana passada.
Devido a procedimentos como esse, o TCU aprovou, no
dia 7 de outubro, um parecer que
recomenda ao Congresso Nacional a rejeição das contas do governo federal de
2014.
A relatoria do novo processo está a cargo do ministro
Raimundo Carreiro, que poderá pedir esclarecimentos aos órgãos envolvidos nas
supostas irregularidades. Depois, as informações passarão por análise da área
técnica do TCU. Por fim, o assunto deve ser analisado em plenário, o que não
tem data para acontecer.
Irregularidades
em 2015.
A representação do MP informa que, em junho de 2015,
as “pedaladas fiscais” somavam R$ 40 bilhões. Trata-se do mesmo valor praticado
em todo o ano passado.
No cálculo deste ano, o maior valor devido pelo
governo federal foi para o BNDES (R$ 24,5 bilhões), seguido do Banco do
Brasil (R$ 13,5 bilhões) e da Caixa
Econômica Federal (R$ 2,2 bilhões).
Para o TCU, as “pedaladas” funcionam como uma espécie
de “empréstimo” à União, o que é proibido pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
O mecanismo consiste no atraso dos repasses para
bancos públicos do dinheiro de benefícios sociais e previdenciários, o que
acaba obrigando as instituições financeiras a usar recursos próprios para
honrar os compromissos.
Decretos
que ampliam gastos.
Outro ponto questionado pelo TCU nas contas de 2014
foi a edição irregular de decretos que abriram créditos suplementares, o que
também seguiria ocorrendo em 2015. A suspeita é alvo de uma segunda
representação.
De acordo com o MP, a presidente Dilma Rousseff editou
em 2015 seis decretos, que ampliam gastos em R$ 2,5 bilhões, “sem a comprovação
de que haja compatibilidade com a meta fiscal”.
Neste caso, o Ministério Público propõe a realização
de inspeção junto à Presidência da República e ao Ministério
do Planejamento, Orçamento e Gestão, “podendo se estender a outros
órgãos, se for o caso”, a fim de identificar e ouvir os responsáveis pela
edição dos decretos, para a consequente responsabilização deles. A sugestão
poderá ou não ser acatada pelo TCU.
Rejeição das contas.
No julgamento da semana passada, o TCU entendeu que,
devido a irregularidades, como as chamadas “pedaladas fiscais”, as contas de
2014 não estavam em condições de serem aprovadas.
O relatório do órgão de fiscalização será avaliado
agora pela Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso e, depois, pelo
plenário da Câmara e do Senado – ou em sessão conjunta do Congresso Nacional,
caso haja um acordo entre as Casas.
Conforme o relator do caso, ministro Augusto Nardes,
as irregularidades cometidas no ano passado somaram R$ 106 bilhões, sendo R$ 40
bilhões referentes às “pedaladas fiscais”.
Para o relator, ao adotar manobras para aliviar,
momentaneamente, as contas públicas, o governo desrespeitou princípios
constitucionais e legais que regem a administração pública federal.
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