COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
UM PAÍS QUE NÃO É SÉRIO.
Nobres:
Mais evidente ficou quando o deputado “tal” Luis
Sérgio, relator da CPI da Petrobras, petista, em se tratando de anarquia não
poderia deixar de ser um canalha sem precedente, que certamente será preso, se
consolidar o aspecto ético que a sociedade reclama e certamente não suportará
tanta safadeza. Estamos no limite da imoralidade. Deve ser brincadeira. Não é
de outra maneira que se pode encarar o resultado final da CPI da Petrobras
instaurada pela Câmara dos Deputados. Ela funcionou durante oito meses, custaram
quase R$ 400 mil para o bolso do contribuinte, ouviu inúmeros depoentes, viajou
para Londres e veio a Curitiba (sede da Operação Lava Jato) para incomodar o
juiz Sérgio Moro com pedidos de colaboração. E no que deu? Não acharam culpados,
a não ser uns poucos bagrinhos, quase todos eles já arrolados como réus,
julgados e presos. O relatório da CPI, escrito e lido pelo deputado Luiz Sérgio
(PT-RJ), mostra que a comissão não viu nada de errado nas gestões de Sérgio
Gabrielli e de Graça Foster no comando da estatal, muito menos enxergou
qualquer participação, ainda que indireta, do ex-presidente Lula e da
presidente Dilma Rousseff (que chefiou o Conselho de Administração da Petrobras
quando ministra das Minas e Energia, justamente o período em que mais prosperou
o esquema de corrupção na petrolífera) na situação atual da empresa. O relator
quer acabar justamente com o mecanismo legal que propicia o êxito com que se
desenrola a Operação Lava Jato. Para a CPI, o presidente da Câmara, deputado
Eduardo Cunha, é igualmente inocente, já que, apesar do amplo noticiário e dos
documentos incriminadores fornecidos pelas autoridades da Suíça sobre as contas
secretas e suspeitas que mantenha em bancos daquele país, nenhuma prova aportou
espontaneamente na comissão, nem ela as buscou nos lugares devidos. Portanto,
nada a declarar sobre a idoneidade de quem ameaça a presidente da República, do
mesmo partido a que pertence o relator Luiz Sérgio. Acordão? As anedotas
contadas pela CPI fazem fila. A mais risível está no item do relatório que
propõe mudanças na delação premiada avanço institucional que a presidente Dilma
transformou em lei. Para o relator, a réus presos não se deve oferecer o
benefício de redução de pena em troca de revelações incriminadoras. Ou seja, o
deputado quer acabar justamente com o mecanismo legal que propicia o êxito com
que se desenrola a Operação Lava Jato. Sem a delação, certamente permaneceriam
nas sombras e impunes os grandes empresários, operadores e políticos que
atualmente já estão julgados, condenados e presos; e outros tantos que, por
privilégio de foro caso, por exemplo, de Eduardo Cunha mantêm-se no aguardo de
pronunciamento do Supremo Tribunal Federal (STF). Logo, ao recomendar a
alteração na lei da colaboração, restringindo-a, a CPI busca recursos de
proteção a criminosos. Outra boa anedota foi à tentativa de desvincular as
doações a partidos e campanhas eleitorais da origem delituosa dos recursos. De
acordo com o relatório, “são superficiais” as ilações de que foi o petrolão que
abasteceu candidatos, mas, se o foi, não apenas o PT gozou das prebendas
ilegais, mas também o PSDB e outros partidos. Faz jus ao lema cínico criado por
Stanislaw Ponte Preta, autor do “Febeapá” (abreviatura de Festival de Besteiras
que Assola o País), segundo o qual “restaure-se a moralidade, ou locupletemo-nos
todos”. Luiz Sérgio parece defender a segunda parte da oração. A CPI da
Petrobras não é filha única da percepção popular de que tais comissões costumam
terminar em pizza. Mas não há dúvidas de que ela conseguiu se superar, tentando
com o maior despudor entregar à opinião pública conclusões absolutamente falsas
e irreais, abusando da inteligência média do cidadão, do seu grau de informação
e contrariando todas as evidências. Assim agindo, apenas aprofundou o
descrédito que a população devota aos políticos e que, infelizmente, se estende
à instituição que conduziu a CPI, isto é, o Poder Legislativo, que foi
conduzido por um parlamentar irresponsável.
Antônio
Scarcela Jorge.
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