COMENTÁRIO
Scarcela JorgeO MOLDE DO DELITO.
Nobres:
Embora um grupo formado por parlamentares de seis
partidos tenha encaminhado à Corregedoria da Câmara uma representação contra o
presidente da Casa, a maioria do parlamento ainda se omite em relação às
irregularidades denunciadas. O senhor Eduardo Cunha está sob investigação, como
suspeito de corrupção na Operação Lava-Jato, e tem seu nome citado por
autoridades suíças como dono de contas secretas que guardam US$ 5 milhões.
Mesmo assim, continua no cargo e anunciou nesta quarta-feira que não irá
renunciar, sob hipótese alguma. A forma categórica com que defende seu posto,
apesar de fragilizado politicamente, só é possível porque conta com o apoio,
explícito ou velado, de seus próprios pares. Mas não há mais por que esperar o surgimento de novos fatos em torno
de figura tão controversa. Está na hora de a Câmara dar um ultimato ao seu
presidente. O suspeito deve esclarecer as denúncias formalizadas pelo
Ministério Público suíço, se é que dispõe de argumentos para tanto, ou estará
irremediavelmente desabilitado a continuar no cargo, o segundo na linha da
sucessão presidencial. Em caso recente, ao ser apontado como dono de conta
secreta, o senador Romário Faria conseguiu a prova de que não dispõe de nada em
seu nome na Suíça. Eduardo Cunha não tem dado demonstrações de que dispõe dos
mesmos elementos para se defender, desde o momento em que assegurou aos colegas
que não detinha dinheiro no Exterior. Se mentir, cometeu delito grave. Tem a
mesma gravidade o fato que está na origem da controvérsia. Ninguém pode manter
no Exterior depósito não declarado ao Fisco. Governo, Executivo e Legislativo
desmoralizado, respectivamente do segmento do Judiciário é deveras protetor dos
poderes constituídos mencionados, nos faz rogar, dentro da perspectiva de um
Brasil mais corrupto a não ser que a sociedade não suporte o rombo.
Antônio
Scarcela Jorge.
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