terça-feira, 20 de outubro de 2015

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - TERÇA-FEIRA, 20 DE OUTUBRO DE 2015

COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge

O MOLDE DO DELITO.

Nobres:
Embora um grupo formado por parlamentares de seis partidos tenha encaminhado à Corregedoria da Câmara uma representação contra o presidente da Casa, a maioria do parlamento ainda se omite em relação às irregularidades denunciadas. O senhor Eduardo Cunha está sob investigação, como suspeito de corrupção na Operação Lava-Jato, e tem seu nome citado por autoridades suíças como dono de contas secretas que guardam US$ 5 milhões. Mesmo assim, continua no cargo e anunciou nesta quarta-feira que não irá renunciar, sob hipótese alguma. A forma categórica com que defende seu posto, apesar de fragilizado politicamente, só é possível porque conta com o apoio, explícito ou velado, de seus próprios pares. Mas não há mais por que esperar o surgimento de novos fatos em torno de figura tão controversa. Está na hora de a Câmara dar um ultimato ao seu presidente. O suspeito deve esclarecer as denúncias formalizadas pelo Ministério Público suíço, se é que dispõe de argumentos para tanto, ou estará irremediavelmente desabilitado a continuar no cargo, o segundo na linha da sucessão presidencial. Em caso recente, ao ser apontado como dono de conta secreta, o senador Romário Faria conseguiu a prova de que não dispõe de nada em seu nome na Suíça. Eduardo Cunha não tem dado demonstrações de que dispõe dos mesmos elementos para se defender, desde o momento em que assegurou aos colegas que não detinha dinheiro no Exterior. Se mentir, cometeu delito grave. Tem a mesma gravidade o fato que está na origem da controvérsia. Ninguém pode manter no Exterior depósito não declarado ao Fisco. Governo, Executivo e Legislativo desmoralizado, respectivamente do segmento do Judiciário é deveras protetor dos poderes constituídos mencionados, nos faz rogar, dentro da perspectiva de um Brasil mais corrupto a não ser que a sociedade não suporte o rombo.
Antônio Scarcela Jorge.

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