Convencida de que o momento é grave, de que a ameaça
de abertura de um processo de impeachment está colocada e de que só conseguirá
garantir a governabilidade se abrir cargos também no segundo e terceiro
escalões, a presidente Dilma Rousseff determinou aos ministros responsáveis
pela articulação política que entreguem os postos aos partidos aliados, ainda
que isso implique em mais sacrifício ao PT, que já perdeu espaço nos
ministérios. As negociações serão conduzidas pelo ministro Jaques Wagner, novo
titular da Casa Civil.
"O PT vai ter de entender o momento grave e a
necessidade de governar em parceria, repartindo espaço com os demais partidos
da base aliada", disse ao Estado um dos interlocutores da presidente. Esse
mesmo interlocutor lembrou que Dilma foi clara e incisiva ao defender a
necessidade de abertura do diálogo com os partidos e avisou que todos os
ministros têm de reservar horários em suas agendas para atender os
parlamentares. "Esta tem de ser uma regra", insistiu o interlocutor.
O governo tem pressa nesta sinalização, para que todos
os aliados tenham certeza de que os compromissos assumidos durante a negociação
da reforma ministerial serão cumpridos. Por isso, a coordenação política está
agilizando para que, no início da próxima semana, já tenha dados concretos para
serem apresentados, criando um clima de mais tranqüilidade. A liberação de
emendas também é outra exigência dos partidos, que o Planalto sabe que terá de
atender.
O PDT, por exemplo, que assumiu o Ministério das
Comunicações, já avisou que vai trocar o presidente dos Correios, Wagner
Pinheiro de Oliveira, e obteve o aval do Palácio do Planalto para tirar o cargo
do petista. O mesmo se repetirá no Ministério da Saúde, que também saiu das
mãos do PT, e foi para o PMDB. "Na Saúde, nem a secretária executiva do
ministro Chioro atendia os parlamentes, fosse recomendado por quem fosse",
lembrou um interlocutor do Planalto, ao se referir a um dos casos mais
clássicos de problemas com a base aliada.
A Saúde, com bilionário orçamento, saiu das mãos do
petista Arthur Chioro e foi para as mãos do peemedebista Marcelo Castro. Apesar
da blindagem que o PT fez na pasta e da resistência em entregar os cargos, o
PMDB já colocou seus "tanques" nos corredores para abrir passagem e
vários secretários já começaram a ser trocados e estão desocupando suas salas.
Entraves. Neste
momento, a promessa é que muitos outros entraves sejam solucionados para
resolver problemas com outros partidos também. O PTB, por exemplo, reclama que
não conseguiu receber os cargos do Incra e da Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab) prometidos, e cujas nomeações estavam embarreiradas.
Aguardam ainda a liberação da Superintendência de Seguros Privados (Susep), da
Casa da Moeda e do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). O PRB, partido que
ocupa o Ministério dos Esportes, com George Hilton, ameaça se rebelar se o PC
do B não abrir espaço nos segundo e terceiros escalões para o seu partido ocupe
o espaço. A promessa é de o Planalto arbitrar a favor de Hilton.
Da mesma forma, o PP se queixa que não conseguiu
assumir, de fato, ainda o Ministério da Integração. E o PSD, por sua vez,
reclama que as Cida des não foram entregues a eles, de fato, apesar de Gilberto
Kassab estar no posto desde janeiro. Nem mesmo nomeações para as quais havia
acordo político, como do Banco da Amazônia (Basa) e Superintendência da Zona
Franca de Manaus (Suframa), estão paradas, assim como algumas vice-presidências
da Caixa Econômica Federal.
Um problema que o Planalto vai ter de enfrentar e já
foi avisado, é em relação ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), que
a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, resiste em entregar nas mãos
dos partidos políticos, apesar de acertos políticos para isso.
A ordem agora é destravar as nomeações de segundo e
terceiros escalões e acabar o que muitos atribuem ao "passivo
Mercadante", sugerindo que o ex-ministro da Casa Civil Aloizio Mercadante,
agora na pasta da Educação, por ser muito minucioso, acabava travando todas as
indicações.
As informações são do jornal O
Estado de S. Paulo.
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