COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
PRESIDENCIALISMO SISTEMÁTICO.
Nobres:
Jamais na história deste país, a República foi tão
humilhada. O momento é absolutamente extraordinário. A situação política saiu
do controle do Planalto. Os graves e insistentes erros do governo minaram sua
capacidade de atrair apoio parlamentar, isolando a Presidência da República. E,
quando o presidente está só, a nação fica abandonada no vazio da orfandade
governamental. Instaura-se, então, um acintoso clima de canibalismo político, que
pode ser tudo, menos favorável ao desenvolvimento do Brasil. Estamos chegando a
um ponto de saturação. Algo precisará ser feito para evitar o derretimento
institucional do país. Diante do brete político, as condições econômicas perdem
vitalidade a cada dia; o tempo passa e as oportunidades vão se tornando
impossíveis. Enquanto isso, o câmbio se bate em alta volatilidade, bem
refletindo a absoluta insegurança jurídica que transpira da realidade interna.
Paralelamente, a pressão inflacionária força a elevação dos juros oficiais,
agravando substancialmente os custos da dívida pública. Enfim, o quadro é
complexo e desafiador, exigindo uma decisão política urgente e inadiável. As
opções são duas: manter sabe-se lá como, o que aí está ou impulsar os atos de
remoção institucional. Sim, apesar de problemático, o impeachment é o remédio
final para crises de governabilidade do regime presidencial. Objetivamente, um
país não pode ser refém de um mau governo. E não existe pior governo do que um
desgoverno corrupto. Se o regime fosse parlamentarista, a moção de desconfiança
já teria sido aprovada e o governo substituído sem maiores traumas ou fraturas.
A diferença é clara; só não vê quem não quer.
Antônio
Scarcela Jorge.
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