PT APROVA RESOLUÇÃO
EM QUE INSISTE NA MUDANÇA DA POLÍTICA ECONÔMICA.
Partido defende redução dos juros básicos e taxação dos mais ricos. Mais cedo, Lula disse que ‘mudança de discurso’ após eleição gerou crise.
Em meio aos esforços do governo Dilma Rousseff para
cortar gastos e equilibrar o Orçamento de 2016, o PT aprovou nesta quinta-feira
(29) resolução partidária na qual cobra mudanças na política econômica do
governo, com foco na expansão do mercado interno e no aumento da renda do
trabalhador.
O documento, que também se opõe a cortes em programas
sociais, foi aprovado em reunião do Diretório Nacional do PT, em Brasília que
contou com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No último dia
18, na Suécia, presidente Dilma Rousseff afirmou que a opinião do PT não é a
opinião do governo. Nesta quinta, o PMDB, principal partido aliado do
governo, divulgou documento que contraria as teses do PT e defende um "ajuste de
caráter permanente".
“O Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores
considera que o principal objetivo tático é derrotar a escalada golpista,
isolar a oposição de direita e recuperar as condições plenas de
governabilidade. Este movimento tem mais chances de êxito se acompanhado por
mudanças na política econômica que o PT vem sugerindo desde a realização do 5º
Congresso, em Salvador”, afirma a resolução.
Entre as propostas do partido está o aumento da
tributação sobre a renda e a propriedade dos mais ricos e a redução da taxa de
juros. A legenda também critica propostas de cortes na área social. O relator
do Orçamento de 2016, deputado Ricardo Barros (PP-PR), já anunciou que pretende
cortar R$ 10 bilhões dos R$ 28 bi previstos para o programa Bolsa Família, como
forma reduzir o rombo de mais de R$ 30,5 bilhões previsto para o ano que vem.
“Cortes nos gastos sociais ou nos investimentos
públicos, posição defendida pelos porta-vozes do capital financeiro, são
incapazes de enfrentar o problema central dos cofres estatais e expressam
interesses de setores rentistas em preservar margens de lucratividade, às
custas de enormes transferências de recursos fiscais para os fundos privados de
capital”, afirma o texto do Diretório Nacional do PT.
Lula.
Mais cedo, em discurso durante a reunião da cúpula do
PT, Lula atribuiu parte da crise política atual à “mudança de
discurso” do governo da presidente Dilma Rousseff em relação
às promessas feitas na campanha eleitoral do ano passado. Na avaliação de Lula,
a presidente está fazendo exatamente o que afirmou que não faria enquanto
tentava conquistar mais um mandato.
Ele defendeu que o ajuste fiscal se encerre "o
mais rápido possível" para que o país volte a crescer. Para ele, o Brasil
não pode passar mais seis meses discutindo ajuste fiscal, mas isentou de
responsabilidade o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
“A prioridade zero neste pais é a gente criar
condições para aprovar as medidas que a presidenta Dilma mandou para o
Congresso Nacional, para que ela encerre definitivamente a idéia do ajuste e
que a gente possa ver a economia voltar a crescer, gerar emprego e para que a
renda continue chegando no bolso do trabalhador”, destacou Lula.
“O Estado tem baixa capacidade de arrecadação e jogam
a culpa em cima da Dilma. Ela vai jogar em cima de quem? De Deus? Não pode
jogar em cima do Levy. Temos que jogar em cima de nós mesmos”, afirmou.
Eduardo
Cunha e impeachment.
Na resolução aprovada nesta quinta, o PT também faz
críticas ao presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), por, segundo o partido, “capitanear a ala reacionária” do
Congresso Nacional. A legenda acusa ainda o peemedebista de “flertar” com o
impeachment da presidente Dilma Rousseff.
“A situação congressual agravou- se também pela
preponderância, dentro da bancada do PMDB na Câmara dos Deputados, de sua ala
mais reacionária, capitaneada pelo deputado Eduardo Cunha. Depois de
conquistada a presidência da casa, o parlamentar rapidamente pactuou com o
bloco PSDB-DEM-PPS e
assumiu a liderança de uma agenda para contrarreformas, além de flertar com o
impeachment presidencial”, diz o documento.
Mais cedo, em entrevista coletiva, o presidente do PT,
Rui Falcão, negou que
o partido tenha firmado qualquer tipo de “acordo” com o presidente d a Câmara.
Nos bastidores, deputados defensores da abertura de
processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff afirmam que o
peemedebista ensaia uma aproximação com o governo para evitar a perda de seu
mandato. Em troca, estaria retardando a decisão sobre os requerimentos de
impeachment e poderia, inclusive, negar a abertura de investigações.
“Nós não defendemos o Eduardo Cunha. Consideramos
desnecessário fazer nova representação. Isso não significa que tenha qualquer
tipo de acordo”, afirmou.
Eleições.
O Diretório Nacional também aprovou documento
específico sobre as eleições do ano que vem, com orientações e regras para os
candidatos a prefeito pelo partido em 2016.
Nessa resolução, a legenda cita o “ódio e
intolerância” que deverão ser enfrentados pelos candidatos em razão de a
“oposição conservadora” não reconhecer a derrota nas urnas na eleição
presidencial do ano passado – setores oposicionistas ao governo da presidente
Dilma Rousseff têm defendido o impeachment dela.
“É imprescindível imprimir às campanhas um sentido de
militância e mobilização. Inclusive porque urge fazer recuar a ofensiva de ódio
e intolerância desfechada contra nós pela direita, pela mídia monopolizada,
pelo poder econômico. É fundamental garantir autossustentação às campanhas, o
que implicará contribuição financeira de militantes e simpatizantes, trabalho
voluntário, enraizamento social e mobilizações coletivas”, diz o documento.
O PT também avalia ser necessário construir as
condições políticas para garantir “elevado grau de unidade interna”, além da
capacitação da militância. Para o partido, esses pontos são
"fundamentais" para a defesa do legado dos governos Lula e Dilma.
Em uma das orientações, a legenda recomenda aos
candidatos que sejam capazes de “travar a disputa político-eleitoral” e de
responder aos “ataques insidiosos” que adversários fazem contra o partido.
“Mais que tudo, a campanha deve mobilizar os setores
sociais beneficiados pelas políticas públicas de inclusão, que não devem ser
sacrificados, a despeito das restrições fiscais hoje existentes”, acrescenta o
partido na resolução sobre as eleições.
Fonte: G1 – DF.
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