PROPINA DA PETROBRAS QUITOU CAMPANHA DE LULA, DIZ DELATOR.
São Paulo - Um contrato de US$ 1,6 bilhão assinado
pelo Grupo Schahin com a Petrobras, entre 2006 e 2007, para operação do navio-sonda
Vitoria 10000 fez parte da quitação de uma dívida de campanha do PT com a
empresa referente à campanha eleitoral de reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
É o que afirmou Eduardo Musa, ex-gerente-geral da
Diretoria Internacional, em delação premiada à força-tarefa da Operação Lava
Jato.
"Foi explicado que havia uma dívida de campanha
presidencial do PT de R$ 60 milhões junto ao Banco Schahin e que para quitá-la
o governo utilizaria do contato de operacionalização da sonda Vitoria
10.000", contou Musa, em depoimento prestado no dia 21 de agosto.
Musa, que não chegou a ser preso pela Lava Jato, atuou
na Diretoria Internacional da Petrobras de 2006 a 2009, sob o comando de dois
ex-diretores que estão detidos em Curitiba - sede das investigações de
corrupção na estatal -, Nestor Cerveró e Jorge Zelada.
De acordo com as investigações, a área era uma cota do
PMDB no esquema de fatiamento político das diretorias da estatal para arrecadação
de propina sistematizada a partir de 2004.
"Foi explicado por Cerveró e Moreira para o
declarante que esta nova sonda (Vitoria 10000) deveria ser operada pela Schahin
Engenharia", explicou o delator.
"Em relação ao motivo de contratação da Schahin,
foi explicado por Cerveró e Moreira que havia sido recebida uma ordem 'de cima'
para que se procedesse desta forma", registrou a força-tarefa da Lava
Jato.
"(Musa) não perguntou quem era a pessoa de cima
mas, do contexto, imaginou que esta pessoa seria Sergio Gabrielli, então
presidente da Petrobras." Gabrielli foi citado na Lava Jato.
Foi na gestão de Gabrielli como presidente que saíram
os dois projetos dos navios-sonda Petrobras 10000 e Vitoria 10000, feitos pela
Diretoria de Internacional, que teriam envolvido propina de US$ 35 milhões
pagos pelo estaleiro Samsung Heavy Industries, em sua fase de construção.
Foi desse montante que saíram os US$ 5 milhões
dirigidos ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Bumlai.
Musa relata que em janeiro de 2007, Cerveró assinou
uma carta de intenção com o estaleiro Samsung Heavey Industries, da Coréia, que
construiria o navio-sonda, no mesmo modelo usada para construção do navio-sonda
Petrobras 10000.
A diferença é que o projeto da segunda sonda foi feito
para exploração de poços na África, onde já se sabia que não havia petróleo.
Foi a partir dessa carta, que deu-se inicio "a
negociação com Schahin para operação" do equipamento Vitoria 10000, conta
Musa.
"Dede a primeira apresentação realizada em 18 de
janeiro de 2007, já foi apresentada à Diretoria Executiva a Schahin como
operadora da sonda", revelou o ex-gerente.
"O contrato (de construção da sonda) com a
Samsung Heavy Industries foi assinado em março de 2007, mesma época em que foi
assinado o memorando de entendimento com a Schahin", explica. "O
contrato com a Schahin (para operação do equipamento) foi assinado em dezembro
de 2007."
Houve um acerto de pagamento de US$ 5 milhões em
propina pela Schahin para ex-executivos da Petrobras.
Esse negócio, segundo delatores, envolveu o pecuarista
José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, e o operador de propinas
ligado ao PMDB Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano.
Os beneficiários foram Cerveró, Musa e o ex-gerente
executivo da área Internacional Luis Carlos Moreira. O acerto foi fechado no
escritório de Fernando Baiano, no Rio.
De acordo com as investigações, o pagamento dos US$ 5
milhões teria sido tratado diretamente por Fernando Schahin, filho de um dos
fundadores do grupo, e dividido entre os ex-executivos da Petrobras. Cerveró e
Moreira indicaram contas no Uruguai para receber suas partes e Musa, na Suíça.
Citado como "o pecuarista" em conversas de
executivos investigados em Curitiba, Bumlai seria uma espécie de avalista dos
negócios com a Schahin, suspeita a Polícia Federal. Seu nome, ainda não havia
sido citado diretamente nos negócios de propina alvos da Lava Jato.
Defesa.
Rui Falcão, presidente nacional do PT: "Esta é
uma história totalmente falsa, pois a suposta dívida mencionada na delação
nunca existiu. É mais uma mentira divulgada de maneira irresponsável, sem base
em provas, na tentativa de comprometer o PT. Nas campanhas eleitorais, o PT
jamais delegou a terceiros a responsabilidade de arrecadar fundos. A
arrecadação do partido sempre foi feita em obediência à lei, através de
transações bancarias, todas elas declaradas à justiça eleitoral."
Fonte: Agência Brasil.
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