RENAN DÁ ATÉ 45 DIAS PARA GOVERNO SE DEFENDER DE PARECER DO TCU.
Parecer do tribunal recomenda
rejeição das contas de 2014 de Dilma.
Decisão retarda análise do parecer pela Comissão Mista de Orçamento.
O presidente do Congresso Nacional, senador Renan
Calheiros (PMDB-AL), concedeu nesta quarta-feira (21) prazo de até 45 dias para
o governo se defender em relação ao parecer do Tribunal de Contas da União
(TCU) que recomenda a
rejeição das contas do governo de 2014.
Com isso, a tramitação do processo no Congresso levará
mais tempo, já que o parecer do Tribunal de Contas da União (TCU) que recomenda
a rejeição das contas só será encaminhado à Comissão Mista de Orçamento (CMO)
depois de o governo apresentar a defesa. Antes de ir para votação no plenário,
o parecer tem de passar pela comissão.
Há duas semanas, o TCU apontou no parecer supostas
irregularidades nas contas do governo, entre os quais as chamadas "pedaladas
fiscais". Com isso, os ministros entenderam que as
contas não estão em condições de serem aprovadas.
Renan
Calheiros assinou o despacho que dá ao governo um prazo de 30
dias, prorrogável por mais 15 dias, para a apresentação de uma defesa ao
Congresso.
^(CÉLULA MALUF)
O documento tem data de terça-feira (20). No texto, o
presidente do Congresso argumenta que o objetivo da decisão é “garantir o
devido processo legal e o direito ao exercício do contraditório”, previsto na
Constituição.
Ele argumenta que o governo pode fazer nova defesa
devido ao fato de, no Congresso, o exame das contas ser "político",
diferente do TCU, onde se tratava de um julgamento técnico.
"Embora tenha sido estabelecido o contraditório
no âmbito do Tribunal de Contas da União, naquela ocasião se tratava de um
julgamento técnico, enquanto agora, perante o Congresso nacional, far-se-á
outro tipo de exame, de natureza política, no qual o entendimento do TCU será
elemento de formação da convicção dos senhores parlamentares".
Nesta terça (20), o parecer do
TCU foi lido no plenário do Senado. A leitura é um procedimento
prévio à análise pela Comissão Mista de Orçamento.
No despacho, Renan Calheiros argumenta que a
tramitação da matéria não contempla abertura de prazo para “estabelecimento do
contraditório”.
Em seguida, diz que o Supremo
Tribunal Federal (STF) tem “entendimento consolidado” sobre a
necessidade de o Legislativo realizar “prévio contraditório” para apreciação
das contas em uma circunstância na qual é cogitada a rejeição.
Ao deixar o plenário do Senado, Renan
Calheiros afirmou que o processo de avaliar contas com parecer do TCU pela
rejeição é novidade para o Congresso.
"Desde 1946, esta é a primeira vez que vamos
apreciar no Congresso contas com parecer prévio pela rejeição. Então, tudo é
novo nesse processo", argumentou.
Senadora
contesta.
Após a publicação do despacho, a senadora Rose de
Freitas (PMDB-ES), presidente da Comissão Mista de Orçamento,
pediu a palavra no plenário e perguntou a Renan Calheiros se o governo havia
pedido tempo para se defender.
"O governo não se manifestou. Certamente o
governo se manifestará, porque esse prazo só ocorrerá se o governo o desejar.
Se o governo não desejar, esse prazo não existirá", respondeu o
presidente. Depois do questionamento, Renan leu o despacho no plenário do
Senado.
Antes da publicação da decisão de Renan, Rose de
Freitas já havia se posicionado de forma contrária à concessão de prazo para a
defesa do governo e disse que se tratava de "procrastinar o
processo".
“Ele é o presidente do Congresso Nacional, ele entende
que tem que dar 45 dias de prazo ao governo para que faça uma defesa no
Congresso. No meu entendimento, não é essa a tramitação.
Mas, como ele é
presidente, ele pode arbitrar da maneira que ele entende. E eu também posso
entender que isso não é cabível e que a comissão pode amanhã também querer
arbitrar um tempo de defesa, o que, no final das contas, falando a pura e santa
verdade, é procrastinar o processo”, disse a senadora.
A presidente da comissão defendia que a defesa do
governo fosse feita dentro do prazo de 77 dias de tramitação do processo na
CMO, o que não atrasaria a apreciação das contas do ano passado da presidente.
“Outros prazos que venham cumulativamente a serem
colocados nesse processo, me parece que é procrastinar o processo”, reforçou.
Relator.
A senadora afirmou que anunciará o nome do relator assim que o processo for enviado à comissão. Ela garantiu, entretanto, que não escolherá a si mesma, conforme cogitaram alguns senadores.
“Não posso eu ser presidente da comissão e ser ao
mesmo tempo a relatora de um processo tão importante para o Brasil. Nunca
pensei nisso”, disse.
Ela disse que o relator será escolhido de acordo com
"a sobriedade das posições". "É a sobriedade das posições, não
ser um que seja ‘impeachment já’, 'fica Dilma', 'fora Dilma', 'mata Dilma',
'salva Dilma', nada disso. O que eu achei que é importante é encontrar alguém
com maturidade, experiência, conhecimento básico de economia, sabedoria
suficiente para discernir que o papel dele não é de julgamento político, é de
critério técnico", disse.
Prazos.
A partir do momento em que a CMO receber o documento, começa
a valer o prazo de 77 dias que a comissão terá para votar um parecer. Nos
primeiros 40 dias do prazo, a comissão tem de designar um relator, e o
parlamentar escolhido terá que, dentro desse período, apresentar seu texto
preliminar à comissão.
Após a apresentação do relatório, o regimento prevê
que os parlamentares têm até 15 dias para apresentar emendas ao texto. Depois,
há um prazo de até 15 dias para que o relator apresente um parecer considerando
as emendas. Após esse prazo, a comissão tem sete dias para votar o relatório a
ser encaminhado ao plenário. Somados, esses prazos totalizam os 77 dias.
Em seguida, a presidente da comissão terá cinco dias
para enviar a matéria ao plenário, ela adiantou, entretanto, que não usará esse
prazo e fará o encaminhamento assim que o texto for apreciado pela CMO.
Divergência.
Depois de passar pela comissão, as contas do governo
devem ser analisadas em plenário.
De um lado, a presidente da CMO defende que as contas
sejam analisadas em sessão conjunta do Congresso. O presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), por outro lado, defende que os plenários das duas casas
analisem o assunto separadamente.
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal
Federal, deu a orientação para que, a partir de agora, as contas presidenciais
anuais sejam julgadas em sessão conjunta.
Fonte G1 - DF.
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