EM LIVRO INÉDITO,
FHC FALA EM 'CHANTAGEM DO CONGRESSO'.
Diário do ex-presidente entre 95
e 96 vai virar livro de quase mil páginas.
Publicação reproduz áudios de FHC e será lançada esta semana.
Um "diário" escrito pelo ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso sobre seus primeiros anos no poder será revelado em
forma de livro de quase mil páginas. Nele, FHC fala em "chantagem no
Congresso", e deixa ausente seu oponente, o ex-presidente Luis Inácio Lula
da Silva.
Em entrevista o
sociólogo e político conta que gravou o diário em áudio, por sugestão de uma
amiga. A transcrição dessas gravações virou o livro. "Essa altura da vida,
revelação é o quê? É o que aconteceu. Pelo menos como eu percebi o que
aconteceu", diz ao programa.
No prefácio, FHC logo avisa que "amenizou alguns
qualificativos" porque, segundo ele, no momento usou palavras que não são
as mais adequadas. Mas o ex-presidente afirmou em entrevista que nunca tirou o
sentido do que eu queria dizer.
Em um trecho gravado em agosto de 1995, o
ex-presidente menciona a palavra "chantagem" e diz que se espanta com
a força do Congresso. "Embora o poder do Executivo seja imenso, o poder de
chantagem do Congresso é muito grande".
Em outro trecho, do mesmo período, FHC reclama dos
pedidos de partidos políticos por cargos e se diz cansado dessa questão de "nomeia,
não nomeia". "Se o presidente não dá escuta os outros não falam. Você
tem que provocar. Eu sempre escutei. Todo mundo.
Os deputados, mesmo aqueles
que eram considerados perigosíssimos, venha, desde que fale", comenta.
As dificuldades em consolidar o Plano Real e muitos
personagens da história política, entre aliados e adversários, também aparecem
no livro. Mas seu principal oponente nas urnas, Lula, não é mencionado no
livro, segundo FHC, porque "ele estava ausente da vida no Congresso".
"Ele tinha perdido a eleição, não é? Eu até
calculei erradamente que o PT não ia se expandir, não é? Nesse momento
eles estão nessa fase de grande irritação porque perderam a eleição, e
isolados.
Mudou no sentido de
entender de uma maneira mais objetiva qual é o jogo do poder, e não
simplesmente aquele negócio "são todos farinha do mesmo saco, então eu não
falo com eles". Aí você não sai do lugar", comenta.
No livro, FHC diz que não existe outra saída para
crise que não seja o diálogo com os partidos e a sociedade e sugere que a
presidente Dilma Rousseff siga este caminho. "Chamei a sociedade civil, os
empresários, as associações de classe, os sindicatos, os competentes, e digo:
olha, a situação é essa, é muito ruim, ou nós temos uma saída coletiva ou não
saímos do impasse".
FHC disse que, hoje, a sociedade está
funcionando a partir do ritmo que é "Não são os políticos que estão dando
as cartas. Eles estão dançando a música dos outros".
Fernando Henrique Cardoso planeja lançar mais três
volumes de seus longos relatos cobrindo todo o período da presidência.
Fonte: G1. BR.
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