VICE-PRESIDENTE DA CÂMARA TAMBÉM
É ALVO DE PEDIDO DE CASSAÇÃO.
Requerimento foi enviado à
corregedoria e aguarda aval da Mesa Diretora. Waldir Maranhão é citado por
Alberto Youssef como beneficiário de propina.
Assim
como o presidente da Câmara, Eduardo
Cunha
(PMDB-RJ), o vice-presidente da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), é alvo de pedido
de abertura de processo por quebra de decoro parlamentar por suposta
participação no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.
O G1 procurou a assessoria de Waldir
Maranhão durante a tarde desta quinta-feira (22). Às 17h, a assessoria disse
que o deputado foi informado da demanda, mas estava em reuniões e não poderia
responder. A reportagem também telefonou para o celular do parlamentar, que não
atendeu.
A representação foi protocolada por um cidadão na
Corregedoria da Câmara, em 14 de outubro, e aguarda despacho da Mesa Diretora,
para que as investigações possam ser iniciadas.
Pelo regimento interno, qualquer pessoa pode
representar contra um deputado, desde que fundamente a denúncia e cumpra os
requisitos formais, como anexar cópia do título de eleitor e identidade. O
processo por quebra de decoro pode resultar em censura, suspensão ou cassação
do mandato.
Autor do requerimento contra Maranhão, Victor Augusto
Fonseca de Paula cita depoimento de Alberto Youssef ao
Ministério Público Federal em que o doleiro afirma que o deputado integrava o
rol de parlamentares do PP beneficiados por propinas de contratos da Petrobras.
Posteriormente, em depoimento à CPI da Petrobras, Youssef
voltou a dizer que Maranhão recebeu propina. As declarações do doleiro ao MPF e
à comissão parlamentar de inquérito foram anexadas ao pedido de abertura de
processo por quebra de decoro.
"De acordo com o afirmado ao MPF e à CPI da
Petrobras, é óbvio que o requerido quebrou o decoro parlamentar, recebendo
vantagens indevidas vindas da lavagem de dinheiro de Alberto Youssef, com
recursos oriundos do superfaturamento da Refinaria Premium I, no
Maranhão", diz o requerimento que pede a cassação do mandato do
vice-presidente da Câmara.
A representação está na Mesa Diretora, que deve
analisar requisitos formais e despachar o documento para a corregedoria, o que,
segundo técnicos da Casa, em regra, leva de dois a três dias. O documento está
há oito dias à espera do despacho.
Assim que a representação for encaminhada ao
corregedor, ele deverá analisar novamente se foram cumpridos requisitos
essenciais para a abertura de processo, como cópia de documentos de
identificação do autor. Se entender que foram cumpridas as regras, deve
instaurar a investigação e abrir prazo de cinco dias para que o deputado
acusado apresente defesa.
Em 45 dias prorrogáveis por igual período, o
corregedor deverá investigar a denúncia e apresentar um parecer sugerindo
punição ou absolvição do parlamentar. Nesse período, ele poderá ouvir
testemunhas e requisitar documentos ao Ministério
Público Federal.
O parecer do relator é votado, então, pela Mesa
Diretora da Casa e depois encaminhado para o Conselho de Ética. Pelo fato de
ter havido investigação prévia da corregedoria, o conselho não precisa fazer um
relatório preliminar – pode abrir de imediato processo por quebra de decoro.
Cúpula
investigada.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
também é alvo de pedido de abertura de processo por quebra de decoro pelo
suposto envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras.
Há um pedido de investigação protocolado na
Corregedoria da Casa e uma representação contra o peemedebista no Conselho de
Ética. Segundo depoimento de delatores do esquema, entre os quais Youssef e o
consultor Júlio Camargo, o peemedebista teria recebido US$ 5 milhões em propina
de um contrato da Petrobras com a Samsung Heavy Industry.
Além disso, a Procuradoria-Geral da República abriu
inquérito para investigar a existência de contas bancárias secretas na Suíça que
pertenceriam a Cunha. O presidente da Câmara nega ter recebido vantagem
indevida, diz não possuir contas no exterior e afirma que não se afastará do
comando da Câmara.
Os dois requerimentos contra Cunha se encontram na
Mesa Diretora, que ainda não despachou os documentos para a corregedoria nem
para o Conselho de Ética da Casa.
Fonte: G1. – DF.
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